Menos lembrado que outros, o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é responsável por mais de 40% dos casos de hospitalização de crianças por problemas respiratórios. Trata-se de um vírus comum, contagioso e com sintomas semelhantes a uma gripe simples, mas que exige atenção redobrada para crianças pequenas, prematuras, cardíacas ou com problemas respiratórios crônicos. Apesar de o vírus circular durante todo o ano, especialistas alertam que, no Nordeste, a temporada que mais favorece a proliferação do VSR será em fevereiro de 2020.

Entre os anos 2018 e 2019, nove casos da infecção pelo VSR foram reportados em Alagoas, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). O número pode ser maior, pois, segundo o presidente do Departamento de Imunizações da SBP, Renato Kfouri, muitas vezes os sintomas são confundidos com os de outras doenças ou não é feito um teste específico para identificar o vírus.

O VSR é a principal causa de doenças respiratórias no trato inferior de crianças nos primeiros anos de vida. Ele assume maior gravidade quando acomete o chamado grupo de risco, formado por bebês prematuros, cardiopatas e portadores de doença pulmonar crônica da prematuridade. Ainda segundo o médico Renato Kfouri, o vírus pode ser responsável por até 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias registradas durante os períodos de sazonalidade e pode deixar sequelas.

O alerta do profissional é para o fato de não existir vacina, mas de uma imunização estar disponível gratuitamente por meio do SUS ou por convênios particulares. Mães e pais devem ficar atentos para buscar informações e imunizar antes do início da circulação os filhos que pertencem aos grupos de risco.

“Os prematuros são os que mais morrem em decorrência do VSR. Eles são menores, têm vias aéreas mais estreitas, não costumam consumir leite materno, usam remédios que baixam a imunidade e podem ficar desnutridos. Em escala global, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, 60% dos casos em que o vírus foi identificado em crianças dos grupos de risco, as infecções foram consideradas graves”, avalia Renato Kfouri.

PROFILAXIA

Não há tratamento específico para o VSR e a recomendação médica é para medidas de suporte e controle da infecção. Já a profilaxia é feita com um anticorpo capaz de prevenir as formas graves da doença e é distribuída com o objetivo de reduzir as taxas de hospitalização.

Desde 2013, o Sistema Único de Saúde disponibiliza a imunização para crianças com menos de 1 ano, que nasceram prematuras, com idade gestacional menor ou igual a 28 semanas; e para crianças com até 2 anos de idade, com doença pulmonar crônica ou doença cardíaca congênita. Nos planos de saúde privados, desde o ano passado a imunização faz parte do rol de procedimentos obrigatórios.

“O ideal era que a gente vacinasse os bebês pequenos no início da vida, mas ainda não há vacina disponível. O que temos hoje é o anticorpo monoclonal, o palivizumabe, medicamento de última geração, que atua no sistema imune. São anticorpos artificiais, que protegem da forma mais grave por um período específico de tempo. É uma medida para que o bebê atravesse essas fases de risco com mais segurança”, explica o médico.

A imunização é feita por meio de uma injeção intramuscular, aplicada um mês antes do período da circulação do vírus. Se acordo com Renato Kfouri, trata-se de uma imunização passiva e a substância vai “saindo” do corpo aos poucos. Por essa razão, deve ser repetida conforme orientação médica. Mesmo não sendo uma vacina, a aplicação do palivizumabe fica registrada no cartão das crianças.

“Os pais devem procurar informações nas unidades de saúde e também na rede privada. Cada local tem um fluxo para essa prevenção”, conclui o especialista.

PREVENÇÃO

Estima-se que até os três anos de vida todos terão contato com o vírus. Em crianças que não pertencem ao grupo de risco, assim como em adultos, a infecção pode se apresentar como uma gripe comum, sem risco de maiores complicações. No entanto, algumas medidas preventivas podem ser adotadas para evitar espalhar o vírus. Entre elas estão lavar as mãos com frequência, manter a casa arejada e as superfícies dos objetos limpos, evitar ambientes fechados e aglomeração de pessoas, não fumar e criar um ambiente que proteja os bebês de infecções.

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