O debate que ocorre em Brasília sobre a possibilidade de adiamento das eleições municipais deste ano para 2022 já permeia a mente dos vereadores de Maceió. Dos ouvidos pela Tribuna, a maioria defende a suspensão do pleito de outubro e seu adiamento para daqui dois anos. O motivo: a crise gerada pela pandemia do coronavírus (Covid-19).

Samyr Malta (PTC), líder do prefeito Rui Palmeira na Câmara Municipal de Maceió (CMM), destaca que o prolongamento da crise do coronavírus não deixará alternativas senão o adiamento das eleições.

“Sou suspeito por estar em mandato, mas defendo a suspensão do processo eleitoral e sua realização em 2022, até para economizar recursos. Acho que se continuar essa situação não terá alternativa, pois os prazos já estão sendo comprometidos”, diz o parlamentar ao comentar os prazos de filiação e de registro de domicílio eleitoral, que encerram no início de abril. “Como isso vai acontecer, pois os cartórios eleitorais estão fechados e as pessoas estão sendo orientadas a não sair de casa? Com a definição agora de que não temos mais coligações em agosto, temos que definir o partido agora. E tem certas atitudes na vida que precisamos olhar olho no olho para saber se realmente é aquilo que queremos”, completa.

Já o vereador Galba Netto (MDB), entende que não sequer clima para se discutir outra questão senão o combate à pandemia.

“Não tem a mínima condição de se fazer uma eleição, de se pensar em gastos para bancar uma eleição agora. Não tem a mínima condição de ir à rua e buscar voto e conversar sobre outros temas que, logicamente, são importantes, mas neste momento se tornam secundários. Estamos numa guerra, lutando pela sobrevivência. Qualquer ser com o mínimo de racionalidade entenderia ser válida esta proposta porque ninguém tem cabeça para passar por uma disputa eleitoral e tudo que ela envolve”, diz o emedebista.

Os vereadores Cleber Costa (PP) e José Márcio Filho (PSDB) seguem na mesma linha. Médico, Cleber Costa destaca a necessidade de evitar aglomerações.

“O que todas as autoridades técnicas e científicas sérias defendem neste momento é a necessidade de que sejam evitadas aglomerações, e nas eleições, caso ocorressem, a população teria de se aglomerar ao mesmo tempo, em todo o Brasil, nos locais de votação”, diz. “A unificação das eleições para os cargos políticos numa só data geraria economia de recursos públicos, importante na crise que nosso país atravessa; o dinheiro que seria gasto nelas poderia ser remanejado para a educação, saúde e segurança pública”, completa Cleber Costa.

José Márcio Filho argumenta ser necessário centrar forças no combate ao vírus e destinar o máximo de recursos possível para este fim. “Acho que nesse momento é necessário unir forçar para podermos sair dessa crise, com a liberação do Fundão para saúde e do orçamento, previsto para eleição acima R$ 10 bilhões. Então, nesse momento, a meu ver, a ideia de unificação das eleições é a melhor coisa pra o país”, diz José Márcio Filho.
Proposta precisa passar por reestruturação

Já o vereador Francisco Sales (PPL) destaca a condição de empresário e viver os reflexos da pandemia por duas óticas. Para ele, o adiamento do pleito tem de ocorrer com destinação de recursos para a saúde pública.

“Estou vendo os reflexos dessa pandemia por pontos de vista bem distintos, como empresário e político. Nós estamos em situação sem precedente”, comenta. “Se essa proposta de unificação da eleição vier alinhada para realocação dos custos eleitorais para estruturação da saúde pública, sou totalmente favorável, não só a unificação, como a destinação da verba do fundo partidário e até a redução dos salários dos parlamentares na esfera municipal, estadual e federal”, completa Francisco Sales.

PONDERAÇÃO

Já o vereador Chico Filho (PP) adota um tom mais ponderado. Ele reconhece o prejuízo ao processo eleitoral, mas defende esperar um pouco o desenrolar da crise do coronavírus.

“Penso que o momento é de dedicação exclusiva aos cuidados com a pandemia e as problemáticas oriundas dela. Vamos aguardar como reagiremos até julho ou agosto para então decidirmos se há ou não condições de realizarmos a eleição. Lógico que o processo já está prejudicado. O prazo de filiação se encerra dia 04 de abril e sem a possibilidade de nos reunirmos está complicado para concluirmos as filiações nos partidos políticos. Aliás, nem clima nós temos para isso”, diz Chico Filho.

A reportagem também contatou Kelmann Vieira (PSDB), presidente da Câmara de Vereadores de Maceió, e as vereadoras Silvânia Barbosa (PRTB), Simone Andrade (DEM) e Aparecida Augusta (DEM), mas até o fechamento desta edição não houve resposta.

O debate sobre o adiamento das eleições tem continuidade em Brasília. Os integrantes do Tribunal Superior Eleitoral já repassaram a situação para que o Congresso Nacional mude as regras eleitorais.

Fonte: Tribuna Independente / Carlos Amaral