A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tem defendido a continuidade dos campeonatos estaduais em maio para evitar medidas jurídicas dos clubes menores e para manter a boa relação com as federações estaduais. Porém, a postura da entidade não agrada aos clubes do interior de Alagoas.

O Coruripe, por exemplo, enxerga a medida da Confederação Brasileira de Futebol como uma forma de favorecer a Federação Paulista de Futebol (FPF) e Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ).

“A CBF está sendo muito parcial com as federações de futebol de São Paulo e Rio de Janeiro. Isto acontece porque as duas entidades precisam receber as cotas milionárias de televisão que variam de R$ 6 à R$ 26 milhões e estão suspensas por causa da pandemia. Então, elas estão pressionando a CBF para abrir datas para conclusão dos Estaduais, mesmo de portões fechados. Isso é uma parcialidade gigantesca e uma desigualdade absurda com os demais estados”, disse Franciney Joaquim, vice-presidente de futebol do Hulk.

A retomada do Campeonato Alagoano é rechaçada por parte das equipes do interior alagoano devido a questão financeira dos clubes. As equipes de menor porte necessitam de patrocínios para manter a estrutura e participar das competições, mas, com o esporte paralisado devido a pandemia do Covid-19, as verbas e o apoio das Prefeituras Municipais foram suspensas.

Desta forma, o discurso é uniforme: “não temos dinheiro para disputar o campeonato em maio”. Isto se dá porque os clubes contam com planejamentos até março e estenderam até abril. O CSE, por exemplo, enxerga a volta da competição como ainda mais prejudicial.

“Não acredito na volta do Alagoano, mas, caso isso aconteça, nós teremos prejuízo ainda maior do que já estamos tendo. Conseguimos pagar os jogadores e a comissão técnica, mas estamos devendo os fornecedores e não temos orçamento para suprir essa despesa”, disse Barbosa, presidente do Tricolor de Palmeira dos Índios.

Tendo em vista as orientações dos órgãos de saúde, a CBF entende como solução retornar as competições, mas, de portões fechados. Apesar do Coruripe ter recebido o repasse financeiro enviado pelo órgão gestor do futebol brasileiro, já que irá disputar a Série D do Campeonato Brasileiro, o vice do Verdão do Litoral Sul enxerga a atitude como desumana com a vida financeira dos clubes.

“Entendo que essa imposição deles (CBF) para finalizar o Estadual de portão fechado e sem nenhum aporte financeiro é no mínimo desumano, incoerente e egoísta. Não se faz futebol sem dinheiro e o dinheiro vem de patrocinadores”, pontuou.

O valor repassado pela entidade é de R$ 120.000,00 para cada clube da quarta divisão nacional.

Seguindo a linha de raciocínio do colega dirigente, o mandatário do CSE também condena a volta dos Estaduais pois mesmo sem público as partidas levarão pessoas aos estádios para trabalhar. “Mesmo de portões fechados haverá o contato físico, dentro de campo estará arbitragem, jogadores, maqueiros, gandulas, representantes da FAF, imprensa e fora de campo estarão dirigentes dos dois clubes. Então, se alguém tiver infectado irá infectar outras pessoas. O CSE não concorda com a CBF e espera que a FAF dê o Alagoano por encerrado”, disse Barbosa.

Outro clube alagoano que recebeu o valor repassado pela confederação, o Jaciobá, mesmo com este valor sente dificuldades para a retomada da competição e sugere uma alternativa para resolução do Campeonato Estadual. A equipe sertaneja soma até o momento um prejuízo financeiro de R$16 mil além do projetado pelo clube.

“Nós somos favoráveis ao encerramento do campeonato nos moldes que estão. Sabemos que a pandemia não vai passar agora e os clubes do interior não tem como manter os seus plantéis e nem trazer os jogadores que já foram liberados. Para continuar a competição, precisaríamos de no mínimo de 30 dias para que os atletas recuperassem a forma. Então, vamos aguardar o posicionamento da FAF mas o Jaciobá defende o fim do Alagoano”, disse Giuseppe Gomes, vice presidente do Conselho Deliberativo.

Por Jean Nascimento | Portal Gazetaweb.com

FOTO: Ailton Cruz