O Cruzeiro vai suspender contratos de funcionários do administrativo com base na medida provisória do Governo Federal, que permite a redução de jornada de trabalho, salários e suspensão de contratos. O clube ainda está contabilizando a quantidade de funcionárias que será afetada por esta medida.

O clube pretende reduzir o número de contratos ativos em todas as áreas, deixando, por enquanto, o futebol sem modificações. A previsão é que, até a próxima segunda, o número de contratos que serão suspensos seja definido. Quem explicou a decisão foi André Argolo, executivo do Cruzeiro:

– A medida tem o objetivo de preservar, ao máximo, o emprego e a renda dos nossos colaboradores. Então, essas medidas visam a preservação do emprego, em primeiro lugar. Como você vem acompanhando, todo o mercado do futebol teve uma perda significativa das receitas por causa da falta de jogos, por conta da suspensão do contrato de alguns patrocínios, por conta da TV. Não nos resta outra ação para que a gente mitigue o efeito dessas perdas.

Argolo explicou que reuniões até segunda-feira irão definir a quantidade dos funcionários que terão o contrato suspenso. José Dalai Rocha, presidente do Cruzeiro em exercício, já assinou a suspensão de alguns acordos.

– A gente está aqui com os gestores de área, fazendo uma análise profunda, de quantos, nesse momento. Isso está passando por cada área. Cada gestor (de área) tem a responsabilidade de apresentar qual a equipe mínima necessária e que não comprometa as atividades. A gente não fechou esse numero, mas estamos tratando com muito cuidado e atenção.

A suspensão é válida por 60 dias, sendo que pode ser interrompida antes, caso aconteça a volta das atividades no clube mineiro.

– Se a gente tiver uma perspectiva de algum retorno próximo, obviamente a gente vai precisar reavaliar essa atitude nossa – explicou o executivo.

Por enquanto, o futebol não será afetado por esta medida, mas o clube já estuda o que fazer após a volta das férias dos jogadores.

– No futebol, a gente prorrogou por mais 10 dias as férias dos atletas (até o fim de abril). E a gente está estudando, mas não tem, no momento, nenhuma perspectiva para qualquer ação como essa, voltada para o futebol profissional.

O Cruzeiro enfrenta a maior crise financeira de sua história, que acabou potencializada pela pandemia do novo coronavírus. Na tentativa de manter as contas em dia, o clube deu férias aos jogadores até 20 de abril, prorrogando, posteriormente, até dia 30, em função do cenário de incerteza sobre a volta dos jogos no país.

Sem entrar em campo, as receitas foram comprometidas, por exemplo, com a suspensão do pagamento por parte dos patrocinadores. Além disso, a diretoria estima uma queda de 50% nos ganhos referentes aos clubes sociais (que estão fechados) e aos sócios-torcedores.

Em meio a este cenário, o Cruzeiro atrasou, pela primeira vez, o pagamento dos salários em 2020. O elenco ainda não recebeu os vencimentos de março, que deveriam ter sido pagos no último dia 7. Os funcionários do administrativo não receberam em dia, mas tiveram o débito quitado na última segunda-feira.

A Medida Provisória

No início de abril, o governo federal anunciou uma medida provisória que autoriza as empresas a reduzirem, proporcionalmente, a jornada de trabalho e os salários dos empregados. A MP faz parte das iniciativas para evitar com que as empresas demitam durante o período da crise provocada pelo coronavírus.

A medida foi chamada de Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda. O programa prevê a preservação do valor do salário-hora dos trabalhadores e estabelece que as reduções de jornada poderão ser de 25%, 50% ou de 70%. Porcentagens diferentes dessas terão que ser acordadas em negociação coletiva. Porém, a MP estabelece o limite máximo de 70%.

Pelo programa, os trabalhadores que tiverem jornada reduzida ou contrato suspenso receberão da União um auxílio emergencial. O programa ficará em vigor por 90 dias.

Por Globoesporte.com | Portal Gazetaweb.com

FOTO: Bruno Haddad/Cruzeiro