De acordo com Conceição Calhau, professora catedrática na NOVA Medical School e investigadora do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde de Portugal– determinadas bactérias que vivem no nosso intestino podem desempenhar um papel extremamente importante na prevenção e tratamento do excesso de peso e da obesidade. Duas condições que afetam milhões de pessoas em todo o mundo.

A investigadora, que é adicionalmente coordenadora da Licenciatura em Ciências da Nutrição da NOVA Medical School, refere que: “a microbiota intestinal é constituída por trilhões de micro-organismos, entre os quais bactérias, fungos, vírus, em número equivalente às células humanas, e que contribuem para o equilíbrio do organismo”.

Conceição Calhau, explicaque quando esta ampla comunidade de micro-organismos entra em desequilíbrio (disbiose), podem dar-se várias alterações metabólicas ligadas à obesidade, mas também a doenças neurodegenerativas, diabetes, câncer ou doenças cardíacas.

“A disbiose em doentes com excesso de peso e obesidade tem sido amplamente estudada nos últimos 15 anos. Está provado que a microbiota saudável é crucial na regulação de vários processos fisiológicos, entre eles os envolvidos no controle do apetite”, diz.

Segundo a pesquisadora, entre os múltiplos fatores que podem resultar neste desequilíbrio do ecossistema intestinal destacam-se o estilo de vida, a dieta, a atividade física, a toma de medicamentos (antibióticos, por exemplo), o estresse e a qualidade do sono.

Grandes esperanças: Bactéria Hafnia alvei HA4597 é promissora

Conceição Calhau salienta que a investigação biomédica está cada vez mais focada na microbiota.

Tendo recentemente sido publicados estudos que revelam que “a administração crónica de uma bactéria produtora de ClpB está associada à perda de peso, com diminuição da hiperfagia e ativação da lipogênese no tecido adiposo”, mesmo quando as pessoas seguem uma dieta obesogênica, que leva ao aumento de peso.

A proteína ClpB é produzida pelas enterobactérias Hafnia alvei, atuando no controle do apetite, suprimindo a fome, e tem ainda a capacidade de comunicar com os neurônios responsáveis pela sensação de saciedade, presentes no hipotálamo.

“Abactéria Hafnia alvei HA4597 apresenta-se como um probiótico promissor na gestão de peso, quer em pessoas com excesso de peso, quer em obesos”, conclui a professora.

Por NMBR \ NOTÍCIAS AO MINUTO

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