As eleições municipais seguem mobilizando a atenção dos partidos em Alagoas. No entanto, a última semana demonstrou que a sucessão do prefeito Rui Palmeira (PSDB) em Maceió é um xadrez que precisa ser bem jogado, mesmo com o distanciamento de pouco mais de um ano do pleito de 2020.
Reconduzido ao cargo de presidente estadual do PP, o ex-senador Benedito Lira mostra que a legenda pretende se manter no holofote da gestão municipal. O vice-prefeito Marcelo Palmeira já disse que topa o desafio de sair em campanha, porém existe a necessidade de fortalecer a pré-candidatura e saber o quanto o partido pode crescer daqui para a convenção.
Dentro do PSDB, partido do atual prefeito de Maceió, o nome mais forte que se apresenta é do presidente da Câmara de Maceió, Kelmann Vieira (PSDB), que, em algumas ocasiões, mostra que pode enfrentar a disputa para prefeito, porém a conjuntura partidária ainda é o grande entrave. O vereador já deixou claro que tem divergências com o PSDB.
Presidente estadual do PSDB, o senador Rodrigo Cunha disse à Tribuna que, internamente, a eleição municipal ainda não tem sido pauta de debate.
“Ainda é cedo para cogitarmos nomes. Nesse primeiro momento vamos cuidar de fortalecer o partido. Certamente estarei atuante nas eleições municipais do ano que vem, e farei um trabalho para atrair novas lideranças”, limitou-se a comentar o senador mais votado no último pleito.
GOVERNO
Do grupo do governador Renan Filho (MDB), ainda não se tem um nome. Os comentários dos bastidores são de que o chefe do Executivo pode apostar na candidatura de Maurício Quintella (PR), atualmente secretário de Estado da Infraestrutura. Outro nome que pode sair do grupo do governador é o do deputado Davi Davino, apesar de ele ser do PP, partido da base de Rui Palmeira.
Na última semana, o secretário Maurício Quintella ressaltou que não tem pensado em candidatura. Porém, há um desejo do ex-deputado federal em se lançar candidato a prefeito. Quintella e o PR apoiaram as duas eleições do prefeito Rui Palmeira.
Terceiro lugar nas eleições de 2016, o deputado federal JHC (PSB) surge como um dos nomes fortes para a disputa e de acordo com algumas pesquisas eleitorais estaria liderando a disputa. Na última eleição ele se aproximou de Rodrigo Cunha (PSDB.
À Tribuna, JHC disse que a prioridade, no momento, é enfrentar pautas nacionais como a Reforma da Previdência e a retomada da economia.
Podemos mantém convite para Alfredo Gaspar
Numa recente pesquisa eleitoral divulgada em maio pelo Instituto Ibrape, em Maceió, nome do procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Estado (MPE), Alfredo Gaspar de Mendonça Neto é considerado o segundo nas intenções populares para administrar a capital. Gaspar perde apenas para o deputado federal JHC (PSB).
Uma fonte informou à Tribuna que se Alfredo Gaspar decidir se candidatar, a probabilidade é de que ele dispute a eleição pelo Pros, partido hoje presidido pelo senador Fernando Collor de Mello. O pai do procurador é um dos conselheiros das Organizações Arnon de Mello (OAM).
Ronaldo Lessa tenta superar a perda de dois prefeitos e lembra que o PDT ainda vai tratar sobre candidaturas (Foto: Sandro Lima)
Nas eleições de 2018, Alfredo Gaspar chegou a ter seu nome alçado ao Senado e um dos partidos que fez o convite foi o Podemos, que tem como um dos líderes no estado o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Alagoas (OAB-AL), Omar Coelho.
De acordo com o dirigente partidário do Podemos, para as eleições do ano que vem em Maceió, o partido vai reavaliar todos os diretórios municipais para integrar novos conceitos que regem o partido. Omar ressalta que na capital, a legenda deverá ter candidatura própria e destaca que as portas continuam abertas para o procurador Alfredo Gaspar.
“Em Maceió, devemos ter candidatura própria e vamos começar a montagem de chapa forte, com perfil ético e representativo. Alfredo Gaspar já foi convidado por mim para ser senador e as portas continuam abertas, mesmo sabendo das dificuldades que tem, em face do cargo que ocupa. Mas, também temos o próprio Rafael Tenório [empresário e presidente do CSA], atual suplente de Senador, e vários outros nomes representativos da sociedade alagoana, que se movimentam para integrarem o Podemos”, avalia o presidente do partido à reportagem da Tribuna.
PDT sofre abalos antes das eleições
O PDT, do atual secretário de Estado de Agricultura, e ex-governador Ronaldo Lessa, está sempre cotado para lançar candidato à Prefeitura de Maceió. No entanto, a legenda tem sofrido alguns abalos com a saída de prefeitos para da sigla para se filiar ao MDB, do governador Renan Filho.
A probabilidade de o PDT voltar para a base do prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), aumentou após o entrevero político. Ronaldo Lessa falou com a reportagem da Tribuna e disse que o governador Renan Filho foi “antiético ao convidar os dois prefeitos para irem para o MDB sem nem ao menos ter conversado com ele”. Lessa confirmou ainda que há possibilidades de o PDT ter candidato próprio em Maceió.
“Foram dois prefeitos que saíram do PDT. Você acha que eu posso ter gostado? Não! Como é que eu sou do governo e o governador convida os prefeitos e leva? Se eu disser que eu gostei, é hipocrisia. Acho que é antiético a postura do governador [Renan Filho], mas acho que eles foram por alguma razão. Na política tem isso. Não é a primeira vez que isso ocorre. A cultura nossa ainda é muito atrasada. O governador quando assume e os prefeitos cedem. Eles [prefeitos] querem obras. Então, cedem aos convites”.
E completou: “Vamos fazer a convenção da estadual no dia 6 de julho e a partir daí a gente precisa correr o estado para trabalhar a organização do partido nos municípios. Maceió fica mais fácil. É só verificar a questão de chapa. O meu papel será no estado”.
Questionado se ele seria o nome do PDT para a disputa em Maceió, Ronaldo disse que numa oportunidade melhor será discutido. O secretário desmentiu, ainda, a história de que seria candidato em Penedo.
A relação entre Ronaldo Lessa e Renan Filho já passou por um desgaste em função de questões administrativas – especialmente redução no número de cargos comissionados na cota do PDT.
Em 2016, o PDT elegeu cinco prefeitos em Alagoas. Além dos dois prefeitos que perdeu para o MDB, o partido viu ainda o prefeito de Roteiro, Wladimir Brito se filiar ao PP, do ex-senador Benedito de Lira. Renan Filho mostrou as filiações dos prefeitos em sua conta pessoal no Instagram.
E se o caminho normal seria a disputa se polarizar entre o grupo do atual prefeito Rui Palmeira e o do governador Renan Filho, cujos grupos políticos se antagonizam na arena pública, ela pode acabar acontecendo sem qualquer um deles ou até sem ambos.
Davi Maia diz que o DEM dialoga com base de Rui
Liderado no estado pelo ex-deputado federal e atualmente secretário de Saúde de Maceió, Thomaz Nonô, o Democratas nas últimas eleições de Maceió esteve apoiando a candidatura de Rui Palmeira.
Para as eleições do ano que vem, o presidente do partido em Maceió, deputado estadual Davi Maia disse que nesse momento a legenda está conversando com partidos da base do prefeito Rui Palmeira, mas também partidos que não são da base, entretanto que flutuam no mesmo espectro político como o PSB de JHC.
“Nós temos grandes nomes no DEM, como das nossas vereadoras e o presidente estadual, que vêm desenvolvendo um grande trabalho à frente da Secretaria Municipal de Saúde. Queremos muito ampliar o nosso espaço na Câmara de Vereadores em 2020, com a vinda de parlamentares de mandato como o vereador Siderlane Mendonça e a conquista de novas cadeiras, novas lideranças. É hora de conversar e isso nós estamos fazendo muito”, argumenta o deputado Davi Maia.
Durante sessão na Assembleia Legislativa do Estado (ALE), o deputado Davi Maia chegou a convidar o ex-governador Ronaldo Lessa para voltar a fazer parte da base do prefeito de Maceió, Rui Palmeira.
Policial federal e tendo 142.757 votos em 2018 na disputa pelo Senado, Flávio Moreno (PSL) também vem se colocando no páreo, cacifado pelo bom desempenho da sigla em todo o país, no rastro do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Ele pode contar com o apoio do deputado estadual Cabo Bebeto, colega de partido.
ESQUERDA
O Partido dos Trabalhadores (PT) na eleição de 2016 tentou a prefeitura de Maceió apostando no nome do deputado federal Paulão, mas acabou ficando em 4º lugar, até mesmo atrás do candidato do PSOL. Para as eleições do ano que vem, a legenda já apresentou dois pré-candidatos. Ricardo Barbosa, atual presidente estadual da legenda, e Luciana Caetano, economista e professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
Ricardo Barbosa é da corrente interna Construindo um Novo Brasil (CNB), a mesma do deputado federal Paulão. Já Luciana Caetano teve seu nome proposto por militantes de outras correntes partidárias, apesar de não pertencer a nenhuma delas.
Fonte: Tribuna Independente
TRIBUNA HOJE