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As declarações do presidente da Braskem, Fernando Musa, tiveram repercussão negativa entre os moradores dos bairros afetados. Para as lideranças comunitárias dos bairros do Pinheiro, Bebedouro e Mutange, as contestações da empresa ao relatório do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que aponta a mineração como causa do afundamento, são “mais uma forma de desrespeito” com a população.

Para o coordenador do movimento SOS Pinheiro, Geraldo Vasconcelos, há uma mudança no discurso da mineradora que inclusive assinou um acordo de cooperação técnica visando dar suporte aos bairros.

“A Braskem sequer honra suas declarações iniciais que assumiria os danos causados. Hoje [quinta-feira, 4], ao contrário do que disse ontem [quarta-feira, 3], para essa organização possivelmente o homem não foi à lua. Inconformidades foram as explorações irresponsáveis que fez nesses 40 anos embaixo dos nossos pés, em área urbana. O Estado precisa ter punhos de aço com essa causa”, critica o líder comunitário em alusão à declaração de Fernando Musa.

Para o também morador do Pinheiro, Joelinton Barbosa, há tensão entre os moradores e o clima de desconfiança tem aumentado em relação às intenções da empresa.

“Deveriam assumir a responsabilidade como prometido por diversas vezes. Isso só aumenta a desconfiança e a certeza de que não estão preocupados com a população. Querem a todo custo ganhar tempo… Sempre falaram das minas que estavam boas e não estão. Estavam cavando o poço 38 e agora estão aterrando, pois a região está afundando. Tem como confiar em uma empresa com várias atitudes e ações divergentes?”, pontua o líder comunitário.

Em maio, logo após a divulgação do relatório do CPRM, a Braskem afirmou que manteria “compromisso inegociável com a sociedade alagoana”.

“A Braskem tem compromisso com a segurança das pessoas, tanto de seus integrantes quanto das comunidades em que atua, e analisará juntamente com as autoridades a melhor orientação sobre suas operações locais. A empresa possui laços com Alagoas há mais de quatro décadas e mantém seu compromisso inegociável com a sociedade alagoana”.
“Tenta se eximir da culpa de todas as formas”

Para o líder comunitário de Bebedouro, Waliston Silva, a postura da empresa “já era esperada”, uma vez que há dificuldades de diálogo com a comunidade, desde o início da problemática.

“A Braskem está de todas as formas tentando se eximir da culpa, Naturalmente já esperávamos essa declarações, tendo em vista que em nenhum momento a empresa compareceu a reuniões ou mandou representantes. Os moradores do bairros têm a total certeza que única culpada pelos transtornos causados nos três bairros é a Braskem. Para os moradores não têm essa de inconsistências no laudo da CPRM. O que os moradores têm certeza é que a mineradora Braskem é única e principal culpada por tudo que está acontecendo nos três bairros”, criticou.

CONTESTAÇÃO

Na nota divulgada pela Braskem e assinada pelo presidente da empresa, Fernando Musa, a mineradora aponta “inconsistências relevantes” no relatório apresentado pelo CPRM e afirma que ingressou judicialmente no dia 14 de junho contestando as interpretações dos estudos, que teriam sido divulgados sob “pressões políticas”.

“A petroquímica afirma que há divergências de interpretação entre a Braskem e a CPRM em relação aos resultados dos sonares, além de outros pontos que não foram considerados pelo órgão. A contestação por parte da Braskem foi apresentada à Justiça no dia 14 de junho. Na ação, a Braskem defende que a CPRM não cumpriu o prazo original previsto para concluir os estudos e diz que o órgão público antecipou suas conclusões por causa da pressão política”, afirmou a Braskem.

A reportagem da Tribuna Independente entrou em contato com o Serviço Geológico do Brasil. Por meio de assessoria de comunicação, o órgão federal reafirmou as conclusões do relatório, ressaltando que os estudos foram conduzidos por mais de 50 profissionais.

“O serviço geológico não irá comentar as declarações do CEO da Braskem. Porém, reafirma as conclusões do relatório técnico elaborado por 53 pesquisadores”, disse o CPRM.

A reportagem também esteve em contato com o os Ministérios Público Estadual (MPE) e Federal (MPF). Ambos não irão se pronunciar a respeito das declarações do presidente da Braskem.

Fonte: Tribuna Independente / Evellyn Pimentel