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Mesmo afetando somente a população masculina, o câncer de próstata é o tumor com o maior número de novos casos no Brasil, mesmo considerando diagnósticos em ambos sexos. Apesar de a maior parte dos casos ocorrerem a partir dos 60 anos, a mutação no gene BRCA, que é responsável por cerca de 10 a 20% dos casos, faz com que homens mais jovens desenvolvam a doença.

“Falar a respeito das questões genéticas que podem influenciar o desenvolvimento de tumores é importante, contudo, existe uma questão mais básica e fundamental relacionada à doença que é a educação e o tabu relacionado aos exames. É preciso que os homens, mesmo que jovens, abandonem esses tabus e cuidem de sua saúde, em especial aqueles que têm ou tiveram algum familiar com a doença ou a partir de 40 anos”, comenta Ariel Kann, o coordenador de oncologia clínica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Em um organismo saudável, os genes BRCA desempenham a função de reparar moléculas de DNA danificadas, assim impedindo o surgimento de tumores malignos. Por isso, é importante que o paciente realize exames que facilitem o diagnóstico precoce, uma vez que, de acordo com uma pesquisa do Centro de Investigação Translacional em Oncologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), 30% dos casos são descobertos em estágios avançados, em que não estão mais passíveis de tratamento curativo.

“Antes de mais nada, é necessário que o homem crie o hábito de cuidar da saúde e de fazer seus exames periódicos, independentemente de quais forem. Diagnosticar um tumor maligno ainda em fase inicial é fundamental para a efetividade do tratamento, o que resulta em mais qualidade de vida após o diagnóstico”, conclui o especialista.

No caso do câncer de próstata, a mutação BRCA pode causar um tumor mais agressivo em relação ao não mutado, além de fazer com que a doença se manifeste mais precocemente. Por isso, o especialista defende que a disseminação de informações sobre o tema é fundamental para que mais pessoas conheçam a importância dos testes genéticos.

“Hoje já existem exames capazes de avaliar a predisposição genética através da mutação do BRCA, realizado por meio da análise do sangue ou saliva, e é um grande aliado para identificar as mutações BRCA, permitindo traçarmos a melhor estratégia de prevenção e tratamento para o paciente”, informa o especialista. “Contudo, não são todas as pessoas que precisam fazer o teste. O importante é que os homens com casos de câncer na família notifiquem seus médicos, para que eles possam avaliar a necessidade de fazer o teste genético”, completa.

Mutação BRCA

A mutação nos genes BRCA chamou a atenção de todo o mundo quando a atriz Angelina Jolie realizou o teste genético e revelou ser portadora da condição, e retirou suas mamas e ovários de forma preventiva, em 2013. Devido à repercussão desse acontecimento, o tema ficou fortemente associado aos cânceres femininos e poucos sabem que pode ser causador de outros tipos da doença. “Tanto homens como mulheres podem herda mutações nos genes BRCA1 e 2, o que causa um aumento na incidência de tumores na próstata, mama, ovários e pâncreas. É preciso que o paciente realize acompanhamento médico regularmente, para assim seguir medidas que possibilitem prevenção e diagnóstico precoce”, explica o médico oncologista, Ariel Kann.

Informação faz diferença

O momento da descoberta de um câncer, ou até mesmo de uma mutação genética que aumente a chances de desenvolver algum tipo de tumor, é extremamente impactante. Nesse momento, é necessário empoderar o paciente com informação de qualidade que a auxilie nas decisões.

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