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Depois dos 50 anos, o risco de câncer de próstata começa a aumentar. Mais de 80% dos homens diagnosticados têm acima de 65 anos. Há poucos anos, os pacientes com câncer de próstata tinham opções limitadas, mas agora isso mudou.

Com as tecnologias mais recentes, métodos que já foram experimentais podem ser vantajosos em alguns casos. Novos medicamentos foram aprovados, e estudos constataram que algumas combinações de fármacos aumentam a expectativa de vida de pacientes com tumor agressivo. Estudos mostraram bom resultado no tratamento do câncer de próstata com vacinas imunes.

Essas opções trazem mais esperança e menos sofrimento, e apresentam aos pacientes mais escolhas do que nunca. Até mesmo a rotina fazer os exames de prevenção do câncer de próstata agora é questionada. E, ainda que você receba o diagnóstico, isso não significa que precise ser tratado, porque muitos cânceres de próstata têm crescimento tão lento que o paciente morrerá de outras casas antes.

“É muito improvável morrer de um câncer de próstata de baixo risco nos dez anos seguintes ao diagnóstico”, diz o Dr. Henk van der Poel, urologista do Instituto do Câncer dos Países Baixos.

Embora o debate continue, eis o que os pacientes deveriam saber.
O enigma dos exames de prevenção

Antes, quando o nível de PSA (antígeno específico da próstata) era elevado no exame de sangue anual recomendado para homens com mais de 50 anos, os médicos pediam uma biópsia. Se a biópsia mostrasse um escore de Gleason (medida da malignidade e da agressividade do tumor) elevado, os médicos sugeriam o tratamento intervencionista.

Mas algumas pessoas podem ter nível elevado de PSA por causa do aumento benigno da próstata ou outras razões, e as biópsias recolhem amostras aleatórias de tecido e, às vezes, encontram tumores de baixo risco mas deixam de perceber os agressivos. Estudos mostraram que os exames de PSA não estavam salvando vidas suficientes e, na verdade, aumentavam o risco de excessos no diagnóstico e no tratamento.

Um estudo constatou que os médicos teriam de examinar 1.400 homens e tratar quase 50 para prevenir uma morte. Mas as biópsias e os tratamentos causavam dor e sofrimento. E assim os médicos questionaram se isso era ético.

Um estudo publicado na British Journal of Cancer verificou que, em 2014, o câncer de próstata se tornou o mais comum em homens no Reino Unido, e calcula-se que continuará assim até 2035, com as mortes aumentando cerca de 2,38% ao ano. No Brasil, é o segundo mais comum entre os homens, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma.

Os cânceres de próstata agressivos que não se espalharam são tratados com prostatectomia – a remoção cirúrgica da glândula. Para cânceres bem pequenos e localizados, os cirurgiões podem fazer uma prostatectomia parcial: eles removem o tumor e uma margem circundante para assegurar que nenhuma célula cancerosa seja deixada para trás e mantêm intacta a parte não afetada para preservar os nervos.

Antes a prostatectomia era feita como cirurgia “aberta”, por incisão abdominal. Hoje, muitos hospitais realizam a prostatectomia robótica, na qual os cirurgiões fazem pequenas perfurações na parede abdominal e operam manipulando minúsculos braços robóticos e uma câmera 3D em uma tela de computador.

Os métodos são comparáveis em eficácia e efeitos colaterais, incluindo incontinência urinária e disfunção erétil, mas a opção robótica reduz a perda de sangue e o tempo de recuperação.
Radiação

A radiação é muito eficaz para extirpar o câncer e pode ser usada de duas maneiras. A braquiterapia, em que sementes radioativas são implantadas na próstata, emite menos radiação e é mais adequada para cânceres menores, segundo o professor Van der Poel.

Para ele, o método do feixe externo de radiação é usado em tumores maiores ou mais agressivos porque pode irradiar uma área circundante maior. Comparada à cirurgia, a radiação tem taxa de sobrevivência semelhante e pode causar menos incontinência, porém disfunção sexual mais prolongada. Van der Poel acrescenta que a idade é um fator relevante porque os mais jovens se recuperam mais depressa. “Eu faria a cirurgia, mas para meu pai eu escolheria a radioterapia.”
Medicamentos

A enzalutamida e o acetato de abiraterona, recentemente aprovados, prolongam a vida nos casos de câncer em estágio avançado. Em estudos recentes, o segundo se mostrou mais eficaz quando combinado à terapia hormonal de privação de andrógeno.

A combinação foi aprovada para cânceres avançados com metástase óssea ou em outros órgãos que não possam ser removidos cirurgicamente. Esses medicamentos suprimem no organismo a produção de testosterona, que os tumores usam para crescer, mas os efeitos colaterais incluem perda de libido, dor muscular ou articular e fraqueza.

Ainda assim, os pacientes com prognóstico muito ruim vivem mais, diz o Dr. Karim Fizazi, chefe do Departamento de Medicina do Câncer do Instituto Gustave Roussy, em Paris, que vem estudando a combinação com abiraterona. “É uma redução de quase 40% do risco de morte.”
Terapia focal

A terapia focal é a abordagem mais debatida e oferece uma variedade de métodos aprovados para eliminar o câncer. No ultrassom focalizado de alta intensidade (HIFU, na sigla em inglês), os médicos aquecem o tumor; na crioterapia, congelam-no com nitrogênio líquido ou gás argônio. Além disso, também é possível eletrocutar o câncer com uma nanofaca ou injetar substâncias tóxicas dentro dele. A braquiterapia também é uma técnica focal.

Os tratamentos focais destroem o tumor e poupam os tecidos saudáveis, provocando menos disfunção sexual e incontinência. Mas os médicos são cautelosos ao recomendá-los porque é difícil dizer se todas as células can- cerosas foram mortas.

O professor Emberton acha que esse paradigma também está mudando – porque a RM-MP pode delinear o tumor com precisão antes da terapia e verificar depois se foi tudo embora. “Os homens consideram importantíssimo preservar as funções geniturinárias”, diz o professor Emberton. E, se metade da glândula for preservada, eles têm 95% de probabilidade de ter ereção suficiente para a relação sexual.

Outro método de terapia focal com pouquíssimos efeitos colaterais foi aprovado em 2017. É a injeção intravenosa de um fármaco chamado Tookad, que mata o câncer e é ativado no tumor por meio da luz.

Muitos especialistas ainda são cautelosos ao recomendar tratamentos focais – pelo menos até que mais estudos confirmem sua eficácia. Mas todos concordam que os homens deveriam pesquisar a variedade crescente de opções e escolher a melhor para o seu caso.

“Estamos nos afastando da abordagem tamanho único”, diz o professor Emberton, “e chegando a um mundo em que o tratamento é montado sob medida para o indivíduo.” E ele acrescenta que isso “é muito empolgante”.

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