A sensação de insegurança que tomou o brasileiro desde que o primeiro de coronavírus foi confirmado no país, em 25 de fevereiro, tem resultado no esvaziamento histérico de produtos específicos nas prateleiras de supermercados. Junto do papel higiênico, o álcool gel é, sem dúvida, o mais procurado da temporada. E é na falta do produto — ou no choque diante de preços abusivos — que a população tem recorrido a receitas caseiras achadas na web para higienizar as mãos. O problema é que elas não têm eficiência alguma.
“O álcool gel caseiro não funciona”, é o que explica Raquel Muarrek, infectologista da Rede D’or. “Como você não tem todas as concentrações ideais para fabirar o produto em casa, ele não tem efeito. Muitas dos produtos são acessados apenas pelos farmacêuticos.”
Os perigos do “álcool gel fake” vão além da ineficácia. Além da possibilidade de causar acidentes domésticos durante sua produção, a receita também pode ajudar a disseminar o vírus ao invés de combatê-lo, alerta Heloísa Olivan, farmacêutica e cosmetóloga do Instituto Olivan.
“Dependendo do que se utiliza como espessante (para obter a consistência de gel), pode-se potencializar a proliferação de microrganismos, ao invés de eliminá-los. O uso de água não purificada para diluição, estocagem em locais de umidade e temperatura elevadas, embalagens que não protegem de extravasamentos, contaminações química ou biológica por contato com o ambiente ou com as mãos são outros fatores que fazem da receita caseira uma opção totalmente inviável.”
especialista ainda explica o motivo pelo qual a concentração de álcool no produto deve ser exatamente 70%, isoté, 70 mL de álcool a cada 100 mL de água.
“Uma porcentagem menor de álcool pode não ser efetiva no extermínio do vírus. Por outro lado, uma concentração maior dessa substância pode causar irritações na pele.”
Uma das higienizações mais eficientes no combate ao coronaavírus ainda é, no entanto, lavar as mãos com frequência para reduzir as chances de contágio.
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