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O governador Renan Filho (MDB), participou na quarta-feira (17), de uma reunião virtual com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello e os demais governadores estaduais, para debater sobre a entrega de novos lotes de vacina e definir o calendário de imunização, além de prioridades para o enfrentamento à pandemia do novo coronavírus em Alagoas.

Nos últimos dias, Pazuello tem sido pressionado por prefeitos de todo o país para que deixe o cargo por conta de sua baixa produtividade no enfrentamento à pandemia da Covid-19. O ministro da Saúde também enfrenta resistências no Congresso Nacional, bem como de alguns governadores.

Em coletiva à imprensa, Renan Filho disse que, na reunião, ficou definido que o Ministério da Saúde (MS) deve enviar, na próxima quarta-feira (24), uma nova remessa de doses da CoronaVac para Alagoas. A quantidade de doses, porém, não foi confirmada. No entanto, o governador pontuou que até o final do dia, o MS vai disponibilizar o cronograma de distribuição para os próximos dois meses. Serão 53 milhões de doses para todo o país, nos meses de fevereiro e março.

Ainda segundo o governador, o ministro Eduardo Pazuello garantiu também que, até dezembro, o governo federal deve entregar um pouco mais de 450 milhões de doses de vacinas de vários laboratórios que estão produzindo o imunizante.

“O que está na planilha que o ministro apresentou são 51 milhões de doses para os meses de fevereiro e março. É algo significativo, pois em janeiro recebemos 10 milhões. A gente espera que os fluxos das vacinas cresçam nos próximos meses para que a gente intensifique a vacinação no país. Até o final do dia ele [Pazuello] vai encaminhar a confirmação com a data correta para as doses de fevereiro e março. E o ministro fez uma observação, a Fiocruz e o Butantan precisam cumprir os contratos com o Plano Nacional de Imunização. Precisam entregar as vacinas. E o que vou perguntar é se o Butantan vai cumprir a entrega das 8,2 milhões doses para serem entregues ainda no mês de fevereiro. Nós solicitamos ao governo federal que abrisse possibilidade para os estados que demandam comprar vacina poder comprar. Inclusive, solicitamos ao governo federal que abrisse a possibilidade de eventualmente se a iniciativa privada quiser comprar para o plano nacional, abrir também essa possibilidade. Não a iniciativa comprar para vender ou comprar para vacinar quem eles desejam, comprar para acelerar a velocidade do plano nacional imunização”, contextualizou o governador.

O cronograma do primeiro semestre apresentado pelo ministro também leva em conta as negociações com os laboratórios União Química/Gamaleya e Precisa/Bharat Biotech, que garantirão ao Brasil a chegada da vacina russa Sputnik V e da indiana Covaxin, respectivamente. A previsão é de que o contrato com os dois laboratórios seja assinado ainda nesta semana.

Imunização ainda é baixa, diz governador

O Brasil completou na quarta-feira (17) um mês de vacinação, mas o número de imunizados ainda é considerado baixo para as autoridades de saúde. Apenas 2,29% da população foi vacinada até o momento em Alagoas.

Para aumentar a imunização, entende o governador Renan Filho, as novas vacinas que devem chegar ao Brasil são importantes, porém existe a necessidade de os imunizantes serem aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“A vacina da União Química que é a vacina russa foi apresentada pelo ministro [Eduardo Pazuello], já no Plano Nacional de Imunização. Eles não têm produção para o curto prazo, mas será incorporada em médio prazo ao plano nacional de imunização e se tiverem condições de produzir mais, isso facilitará a vacinação no Brasil. Nós governadores solicitamos na verdade ao ministro Ramos que agilize os procedimentos para sanção da legislação que determina que a Anvisa reconheça outros organismos internacionais que estão aprovando vacinas como forma também de agilizar o procedimento. A vacina russa, por exemplo, que é considerada a que tem maior eficácia no mercado, entraria nessa leva, mas ela também foi incluída no plano. E outra coisa também que eu achei importante do plano nacional é que ele está levando em consideração todas as possibilidades de adquirir vacina. Eu solicitei ao ministro em outra oportunidade que o Brasil comprasse todas as vacinas que têm eficácia comprovada, o ministério garantiu isso”, argumentou o governador.

Até o final da tarde e início da noite, o governador Renan Filho e o secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, seguiram em reunião com os demais governadores, e com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

Municípios defendem saída de ministro da Saúde

A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) pediu a troca de comando do Ministério da Saúde. Em nota publicada na página oficial, a organização afirmou que o ministro Eduardo Pazuello “não acreditou na vacinação como saída para a crise e não realizou o planejamento necessário para a aquisição de vacinas”.

A Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), está em conformidade com a CNM por essa decisão municipalista. “A gente acompanha a decisão colegiada. Os municípios sentem essa distância e a falta de diálogo entre o ente federal e os municípios e nós estamos prontos e a postos aqui para que se aumentar o fluxo da vacina a gente possa ampliar com mais intensidade, mas que é preocupante a falta de foco e de coordenação durante um processo delicado como esse que estamos passando”, disse o presidente da AMA, Hugo Wanderley.

À Tribuna Independente, o governador Renan Filho (MDB) ressaltou que não cabe a ele decidir sobre saída ou permanência de ministro.

“Isso cabe ao presidente da República. O que eu sou a favor é que o Ministério da Saúde crie as condições para que, o mais rapidamente possível, a gente consiga vacinar a nossa população. Esse é o anseio de todos. E o ministro erra quando não deixa claro duas coisas: primeiro, o cronograma da vacinação; segundo, quando não deixa claro que o Brasil está focado em vacinar as pessoas o quanto antes. Esse é o principal objetivo do país no momento e coincide também com a vontade do cidadão, o que é muito importante. Então, temos de trabalhar juntos, caminhar juntos nessa direção: o poder público viabilizar as condições e as pessoas se vacinarem para a gente imunizar o nosso povo”.

Com a recente sinalização de Eduardo Pazuello aos estados sobre mais doses da vacina contra a Covid-19, a expectativa é que a pressão em cima do ministro diminua, no entanto ele ainda deve prestar contas da gestão frente à pandemia do novo Coronavírus no Congresso Nacional.

Fonte: Tribuna Independente / Texto: Carlos Victor Costa
Foto: Edilson Omena