A ações contra carroceiros, registradas nas redes sociais pelo delegado Leonan Pinheiro, para inibir maus-tratos contra animais foram duramente criticadas pelo deputado estadual Francisco Tenório (PMN). Para o parlamentar, os carroceiros estão sendo submetidos a constrangimentos e a uma pressão sobre situações que nunca foram educados. O fato, que teria sido gravado em vídeo, ajudou a dar a “mídia” que o delegado queria ao caso.
“Hoje não podemos proibir o uso da carroça com tração humana. Tem pessoa aí carregando carroça, fazendo a limpeza da cidade. E ele agora quer proibir o uso do animal: do burro e do cavalo. E está levando esse seu pensamento bem adiante. Conforme vi na imprensa, [ele] protocolou um projeto de Lei Popular na Câmara Municipal de Maceió. Chamo a atenção para o fato de que, na capital, existem 5 mil carroceiros que vivem disso. Do seu animal. E vejam em mais de 101 municípios”, disse Tenório.
Segundo o parlamentar, há um problema social, antes da questão de proteção ao animal, que envolve os condutores de carroças e suas famílias, que já vivem em condições miseráveis, mas ainda conseguem tirar algum tipo de sustento. E, sem a atividade, não terão o que fazer, inclusive, com os próprios animais.
“O delegado, ele zela pelo ‘bom trato’ e proíbe o seu maus-tratos, mas, da forma que está agindo, vai provocar os maus-tratos. Primeiro do ser humano, que vai ficar desempregado e depois os maus-tratos do próprio animal. Como disse em meu pronunciamento anterior, quando criamos boi e porco, servem para a alimentação. É diferente de criar o burro e o jumento, que só servem para trabalhar. Quando o carroceiro usa o animal para tração, ele está trabalhando com o animal”, acrescentou o deputado.
Tenório defendeu ainda ações municipais que ajudem na conscientização dos carroceiros para o melhor cuidado com os animais, que possam contar com veterinários disponibilizados pelo Município, para acompanhar e garantir a vacinação. Ele acredita que esse seria o verdadeiro papel do Estado, ao invés de apenas reprimir.
“Esse sim seria o papel do Estado. É uma questão milenar. Parece que o delegado Leonan não conhece a história e não tem sensibilidade humana. Fica querendo usar essa questão dos carroceiros para ter mídia e ter holofotes, fazendo apreensões abusivas e praticamente oprimindo as pessoas e os carroceiros que estão trabalhando. Está tendo um medo, um terror dos carroceiros. E chamo a atenção do Governo do Estado no sentido de rever a atuação do delegado, que age em nome do Estado”, concluiu Tenório.
Outro lado
Usando as redes sociais, o delegado Leonan Pinheiro também se manifestou. Conforme explicou, ele desconhece o teor da proposta que foi apresentada na CMM. O texto faz menção tanto a proteção animal como também aos carroceiros.
“O deputado falou sem conhecer o teor do nosso projeto, que pensa tanto nos animais como nos carroceiros. Estamos adotando políticas preventivas de segurança pública, ao invés de buscar a repressão e a punição pura e simples. O que não podemos é fechar os olhos para condutas criminosas e prevaricar”, disse o delegado.
Marcos Rodrigues /GAZETAWEB
Ascom ALE
