A corretagem de imóveis – compra, venda e avaliação – está entre as atividades que mais abriram negócios no primeiro semestre deste ano em meio às micro e pequenas empresas (MPEs) no Brasil. A pesquisa do Sebrae mostrou que o setor aparece com o maior número de inscrições de CNPJ, passando de 2.613 negócios abertos, no primeiro semestre de 2020, para 5.378 no mesmo período deste ano; um aumento de quase 106%.
Em segunda posição no levantamento apontou a atividade odontológica com 75%, seguida da consultoria empresarial 70%; serviços de engenharia 69% e mediação de negócios 66%.
De acordo com o Conselho Regional de Corretores de Imóveis, 22ª Região/Alagoas (Creci/AL), o mercado de corretagem de imóveis cresceu cerca de 30% em março de 2020 e até o momento se mantém na mesma proporção.
Duas facilidades trazem à tona o aumento da atividade, a procura de imóveis por atendimento online que tem sido uma tendência por conta da pandemia e a formação para o curso de Técnico de Transações Imobiliárias (TTI), que se exige apenas o ensino médio.
“Por ano, três turmas se formam entre 70 pessoas, mas agora está dando uma média de 90 podendo ser maior o quantitativo”, frisou o Conselho por meio da assessoria de comunicação.
“Muita gente ficou desempregada e procurou na corretagem uma forma de conseguir uma renda. A procura por imóveis online também aumentou, e por isso, o campo criou novas oportunidades para quem tinha interesse”, reforçou.
Segundo o corretor Robson Pessoa, que atua na More Imóveis, o crescimento do mercado de imóveis e a procura dos clientes fizeram a empresa surgir no mercado. “Não sou o proprietário, mas estou próximo a ele, e acreditamos ter relação com a permanência das pessoas em suas residências em função da pandemia. Muitos verificaram que precisavam mudar algo com relação a ter mais espaço e conforto”, disse.
“Esse ramo é um mercado bastante competitivo, onde existem vários segmentos que podem ser trabalhados como, imóveis de lançamento, imóveis usados, imóveis para investidores, incorporação, loteamentos, entre outros. É preciso se especializar num segmento e estudar diariamente para obter sucesso”, salientou Robson.
O corretor também destacou que a pandemia gerou recessão e desemprego, e que as pessoas que não tinham disponibilidade de tempo recorreram ao curso de corretor de imóveis online.
Para o também corretor de imóveis, Helder Pita, o crescimento da corretagem sem dúvidas tem relação com o mercado de imóveis, mas ponderou que dentro da atividade sai muita gente, porque a adaptação ao trabalho necessita de um constante aprendizado e muitos acham que o ramo é fácil.
“Não foi desemprego, mas procura por propriedades”
Vicente Lopes, presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis de Alagoas (Sindimóveis/AL), não acredita que o desemprego fez crescer a atividade de corretagem, mas sim a procura por imóveis. “Para ser corretor já existe uma vontade, desejo ou a pessoa já trabalhou no setor e resolveu fazer o curso que tem duração de seis meses e após o período passar por uma imobiliária para estagiar”.
O sindicalista reforçou que na pandemia as pessoas optaram por sair de locais mais apertados para casas e houve consequentemente o aumento da procura por imóveis, bem como aqueles que estavam com dinheiro guardado que passaram a investir.
“Mesmo na pandemia houve lançamentos de construtoras e estas já puderam vender para a clientela certa. A profissão de corretor de imóveis aumentou por este motivo”, concluiu.
EMPREGOS
A pesquisa do Sebrae indicou ainda que o crescimento das micro e pequenas empresas puxaram a oferta de empregos no país. De janeiro a junho de 2021 foram criados 1,1 milhão de postos de trabalho.
Somente em fevereiro de 2021, as micro e pequenas empresas foram responsáveis pela geração de 68,5% dos empregos criados no Brasil, o que corresponde a um pouco mais de 275 mil vagas, mais do que o dobro dos postos de trabalho gerados pelas empresas de médio e grande porte, que foi de 101,8 mil.
O presidente do Sebrae, Carlos Melles, destacou que esse resultado positivo vem ocorrendo há oito meses seguidos, e que, é mais uma prova de que os pequenos negócios são essenciais para a retomada do crescimento da economia do país e para a geração de empregos.
“São os pequenos negócios que sustentam a geração de empregos nos país e, por isso, é tão importante que sejam realizadas políticas públicas que amparem esse segmento”, afirmou.
Melles observou que as atividades que apresentaram um forte aquecimento estão entre as menos impactadas pela pandemia do coronavírus. “Percebemos que a diferença do perfil do empreendedor e os recursos que ele tem disponíveis, sejam de capital humano ou financeiro, acabaram refletindo também no tipo de negócio que eles mais abrem”, disse.
Fonte: Tribuna Independente / Ana Paula Omena
(Foto: Edilson Omena)