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Cozido, assado, ou servindo de matéria prima para outros pratos da cozinha brasileira, principalmente a nordestina, o milho é consumido durante todo o ano, mas é durante o mês de junho que ele ganha ainda mais destaque. Por isso, vendedores de milho e de seus derivados já comemoram aumento das vendas do alimento.

Josefa da Silva é vendedora de milho verde há cerca de 35 anos, na Feirinha do Tabuleiro. “Estou bem animada. O ano passado estávamos convivendo com a pandemia, e eu passava três dias para vender dez mãos de milho. Agora estou vendendo 30 mãos em um dia”, disse ela.

A mão de milho corresponde a 50 espigas e está sendo vendida na feirinha do bairro a R$ 50. “Apesar do preço do milho estar mais alto, a procura está maior. Ano passado, conseguíamos vender um milho desse tipo a R$ 30 a mão, hoje não conseguimos mais. Estamos vendendo a R$ 50, mas mesmo assim as vendas estão bem melhores. Creio que o pessoal está mais animado. Vai ter fogueira e tem que ter o milho para assar”, afirmou Josefa.

A vendedora disse que tem recebido milho de Arapiraca e do estado de Pernambuco. “Os fornecedores dizem que o preço do combustível e, agora, as fortes chuvas vêm afetando no aumento de preço. Semana passada mesmo, eu não trabalhei. Não teve milho, o caminhão atolou”, reclamou.

Francisco José da Silva comprava milho no local e reclamava do alto preço. “Está meio salgado, mas não deixo de levar. Compro menos, mas compro. Faço pamonha, canjica, asso. Tudo é muito bom”, afirmou.

Josélia Ferreira vende, também na Feirinha do Tabuleiro, alimentos derivados do milho. Tem pamonha, canjica, bolo e mungunzá. Os preços dos produtos variam de R$ 3 a R$ 6. “Sou pernambucana, de Garanhuns, mas já vendo neste local há uns doze ou treze anos. Estou feliz com as vendas. Elas vêm aumentando esses dias”, ressaltou.
Iracema Tenório comprava os produtos de Josélia e era só elogios. “Amo a comida de milho e a dela é especial. Muito saborosa, recomendo a todos. Sem contar a praticidade. Na minha casa são somente três pessoas, não vale a pena a trabalheira de fazer”, comentou.

TRADIÇÃO

O milho é originário das Américas e base da alimentação dos povos indígenas. No entanto, as tradições juninas foram herdadas dos europeus, que realizavam as festas para celebrar as colheitas. No período colonial, Portugal comemorava a colheita do trigo entre os meses de junho e setembro. Entretanto, o Brasil não era um grande produtor de trigo na época, por isso as festas começaram a ser celebradas com o milho, que tem o período de colheita na mesma época.

“Pessoas com hábitos saudáveis não vão sofrer prejuízos”

Por ser rico em carboidratos complexos, muitas pessoas associam o consumo de milho ao ganho de peso. No entanto, o nutricionista Dayvison Souza afirma que o importante é uma dieta equilibrada e constante, além da prática regular de exercício físico.

“É necessário uma boa alimentação e hábitos de exercício ao longo de todo ano, para que durante esses períodos de festas os danos ao organismo não sejam relevantes. Uma pessoa que tem hábitos saudáveis não vai sofrer os mesmos prejuízos dos que não têm essa regularidade. Outro ponto importante é o segmento de um plano alimentar pós festa. Quando prescrevemos um plano alimentar, primeiro buscamos saúde. E saúde só se consegue de forma regular, constante”, afirmou Dayvison.

A forma de preparação dos pratos é outro ponto, que, segundo o nutricionista, merece atenção. “É preciso tomar cuidado com o uso exagerado de sal, leite de coco, leite condensado e manteiga, comumente utilizados no preparo desses pratos. São esses tipos de preparações que vão aumentar o teor calórico do milho. A função do alimento é nutrir. O que faz engordar não é o alimento, o que faz engordar é o exagero. O milho tem excelente quantidade de fibras, ajuda no funcionamento do intestino. É antioxidante, possui vitaminas e minerais, como zinco e magnésio, contribuindo para a melhora do sistema imunológico”, destacou.

SEMENTES

Com o objetivo de fomentar o plantio de milho entre os pequenos produtores agrícolas, o Governo do Estado desenvolve o Programa Plante Alagoas, que este ano distribuiu cerca de 400 toneladas de sementes de milho, atendendo cerca de 70 mil famílias nos 102 municípios alagoanos.

Segundo o superintendente de Inclusão Produtiva, da Secretaria da Agricultura do Estado (Seagri), Luciano Barros, além da distribuição de sementes para o incentivo ao plantio, os pequenos produtores, por meio do Plante Alagoas, também contam com o apoio técnico do Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas (Emater).

TRIBUNA HOJE

Foto: Edilson Omena