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Há anos, o avanço do mar na Orla de Maceió vem causando estragos e afetando a passagem de pedestres e ciclistas no calçadão. Em áreas como o Pontal da Barra, a erosão atinge inclusive a Avenida Assis Chateubriand. Na Jatiúca o mar já atinge de forma severa a ciclovia. Segundo a Prefeitura de Maceió, as obras devem se estender por pelo menos quatro meses.

Desde 2017 a Tribuna Independente vem noticiando os problemas e a falta de ações a longo prazo que minimizem os danos da erosão costeira que já afeta onze pontos da orla da capital.

De acordo com a Prefeitura de Maceió, as obras foram iniciadas em abril. Entretanto dependem das condições climáticas e da maré para evolução. A região da Praia de Jatiúca foi escolhida para início dos trabalhos.

Segundo a Secretarial Municipal de Infraestrutura (Seminfra), o município vai adotar a técnica denominada ‘sandbag’, que consiste na implantação de uma estrutura que diminui o impacto das ondas. A proteção serve para dissipar a energia do mar.

“A Secretaria Municipal de Infraestrutura informa que iniciou em abril a instalação dos sandbags para conter o avanço do mar, começando pela Jatiúca. O serviço é minucioso, depende das condições climáticas e que a maré esteja baixa para que as máquinas possam operar. Desta forma, a execução neste primeiro ponto tem previsão de quatro meses desde a data de início. Após a finalização do sandbag, será realizada a revitalização total e definitiva da ciclovia e calçadão dos pontos danificados pelo mar”, diz.

Conforme explica a Seminfra, o “sandbag” é uma estrutura formada por sacos de areia que são enterrados impedindo o avanço das ondas. “Naturalmente, esses sacos vão trabalhando e gerando um volume capaz de dissipar a energia desse mar que vem batendo na orla. Após isso, a Seminfra vai refazer toda a estrutura de passeio, calçadão, ciclovia e entregar à população”, explica.

PROBLEMA ANTIGO

Como explica o ambientalista Alder Flores, diversos fatores explicam o avanço.

“Isso acontece devido à ocupação indevida da faixa de praia. Além disso, a velocidade que a maré avança para costa é basicamente relacionada a própria questão do degelo. Há aumento do nível da maré. O mar sem poder se expandir, sem poder dissipar. É preciso que os governos adotem uma solução conjunta, planejada, com especialista da área pra que façam esses estudos e que se implantem essas obras de engenharia porque você retirar algumas construções que estão lá é muito difícil, porque já estão aí há muitos anos. Mas tem que coibir as novas. Não permitir novas invasões da faixa de praia e adotar esse planejamento estratégico através de obra de engenharia compatíveis com cada caso”, diz Alder Flores.

O ecologista Geraldo Marques detalha que as mudanças costeiras na capital alagoana vêm ocorrendo ao longo do processo de desenvolvimento da cidade.

“A linha de costa de Alagoas vem sendo perturbada há muito tempo. Para se ter ideia, o mar quebrava atrás da Associação Comercial, nos fundos. Aquilo não foi aterro, foi assoreamento a partir da construção do cais do porto. Se passar em frente à Salgema [Braskem], você vai ver na área dos pilotis que de um lado há uma larga faixa de areia e do outro há uma faixa estreita, aquilo ali foi assoreamento de um lado e erosão de outro”, avalia.

TRIBUNA HOJE

Foto: Edilson Omena