Único nome alagoano que circula em Brasília para a sucessão na presidência da Câmara dos Deputados, Isnaldo Bulhões (MDB/AL) não deve contar com o apoio do conterrâneo Arthur Lira (PP/AL), o atual dono da cadeira.
Lira tem sinalizado apoio a dois nomes para substituí-lo: Elmar Nascimento (União-BA) e Marcos Pereira (Republicanos-SP). Liderando o bloco do Centrão, Arthur Lira chegou à presidência da Câmara no período em que a Casa acumulou mais poder na história da República do Brasil, o governo Bolsonaro. Agora, a pouco mais de um ano do fim desse mandato, ele começa a se mexer para fazer o sucessor e se manter com o máximo de influência possível, planos que não incluem aliados dos Calheiros.
À reportagem da Tribuna Independente, em setembro deste ano, Bulhões disse que o foco do partido no momento é estruturar as eleições municipais de 2024, mas se mostrou bem aberto e empolgado com a possibilidade que tem sido levantada, chegando a apresentar resultados de sua gestão.
“Estou muito otimista com os resultados, como foi agora quando eu passei a liderar o MDB na câmara, estou liderando pelo terceiro ano consecutivo. Eu assumi uma bancada de 34 deputados, na janela da legislação crescemos para 37, tivemos um resultado de 42. Subimos agora para 43 e estamos prestes a chegar em 45 deputados. Isso é uma demonstração da crescente do MDB. Quanto à questão das eleições no Congresso Nacional do Senado e da Câmara é isso é uma discussão que virá mais adiante”.
Durante evento do MDB em Alagoas, o presidente nacional do partido, Baleia Rossi, destacou a atuação de Bulhões em Brasília. “Meu líder Isnaldo é um jovem brilhante que vocês emprestaram para o nosso MDB nacional. Isnaldo chegou lá em Brasília chegando, lidera e hoje, sem dúvida nenhuma, tem o respeito de todos. É uma das grandes figuras da política nacional e do nosso Congresso Nacional”.
Pelo visto, a rivalidade local deve se acirrar e se tornar nacional. Está sendo desenhada há meses uma aproximação do Centrão com o governo Lula (o que consequentemente colocaria Calheiros e Lira no mesmo lado), mas as negociações de cargos do planalto com Lira ainda seguem cheias de idas e vindas, e a queda de braço parece não estar perto de acabar.
Bastante alinhado com os Calheiros e com o presidente Lula (PT), seria difícil mesmo que Isnaldo Bulhões se tornasse uma indicação de Lira. No entanto, a improvável aliança nesse caso poderia ser benéfica para Alagoas, que permaneceria com destaque e possibilidade de receber mais recursos e pautas do Estado. Recentemente, uma decisão do Supremo Tribunal Federal determinou mudança no cálculo para as bancadas de deputados, com isso Alagoas deve sofrer uma redução no número de parlamentares passando de 9 para 8.
Por Emanuelle Vanderlei / Colaboradora com Tribuna Independente
Foto: Edilson Omena