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Em Maceió, como em todos os municípios alagoanos ao longo da costa, não existe um plano definitivo contra a erosão costeira, que já está afetando enormemente a economia do mar. A edição de março de 2024 do jornal do Clube de Engenharia apresentou o artigo “Engordamento de praias entrou na moda, mas critérios técnicos precisam ser seguidos”, escrito pelo geólogo e professor Eduardo Bulhões. Ele argumenta, por exemplo, que uma das ‘modas do momento’, é a engorda de praias. Mas por motivos diversos, as prefeituras de municípios brasileiros banhados pelo mar vêm optando por projetos de alargamento das faixas de areia, principalmente em áreas urbanizadas, medidas tomadas para reparar erosões causadas por fenômenos naturais ou por intervenções invasivas na orla.

Em seu texto, ele avalia que as prefeituras precisam tomar medidas de urgência e segurança, já que o avanço do mar sem a proteção da faixa de areia pode destruir calçadas, pistas de rolamento e imóveis. Segundo um levantamento do jornal Folha de São Paulo, nos últimos seis anos foram realizadas no país 24 intervenções de grande porte, movimentando uma quantidade de areia equivalente a 12 estádios do Maracanã.

Mas, segundo uma pesquisa recente, dos 279 municípios costeiros brasileiros, 87% têm algum segmento litorâneo em erosão, conforme dados do instituto holandês Deltares e do IBGE.

Para o engenheiro Marco Lyra, muitas praias alagoanas estão inseridas neste contexto, onde a economia do mar será seriamente afetada. “Alagoas tem muitas praias em perigo, como algumas de Maragogi, Porto de Pedras, Passo de Camaragibe, sobretudo, a praia do Marceneiro, alguns trechos da Ilha da Croa. No litoral Sul, alguns trechos da Barra Nova e praia do Saco, em Marechal Deodoro, em Coruripe e no Pontal do Peba, onde a situação já passou para um estado de gravidade”, diz o engenheiro.

Engenehrio Marco Lyra destaca urgência para elaboração de plano (Foto: Edilson Omena)

Especialista alerta que necessidade para realizar planejamento é urgente

A importância de um plano nacional contra a erosão costeira, já que ela está presente em quase toda a costa brasileira, é de fundamental importância. A avaliação é do engenheiro Marco Lyra, especialista em proteção costeira e recuperação de praias.

Segundo ele, com a degradação do litoral, intensificada constantemente e sem data para parar, tanto pelo aquecimento global, como pela potência dos eventos extremos, seria forçoso que existisse um plano nacional contra a erosão costeira. Para isto serve o estado, ou, em outras palavras, direcionar recursos e investimentos para melhorar a vida da população.

Esse plano, conforme o especialista, seria fundamental para salvar a economia do mar, já que o Censo 2022 do IBGE mostra que, apesar de menor, o litoral abriga 54,8% da população, ou 111 milhões de pessoas.

De acordo com o engenheiro, a economia do mar é a quantificação dos usos ofertados pelo mar. Ou seja, os usos que fazemos do turismo, da energia, do transporte marítimo, da construção naval, da pesca, e das muitas outras atividades tradicionais ou emergentes, direta ou indiretamente relacionadas ao mar. Independentemente de morarmos perto ou longe do mar, ao consumirmos, usufruirmos e apreciarmos quaisquer recursos que o mar ofereça, somos a engrenagem que move essa economia.

No conjunto das atividades econômicas relacionadas ao mar, concentram-se 19% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, sendo que destes, 3% são referentes às atividades diretamente relacionadas ao mar.

TRIBUNA HOJE \ Por Claudio Bulgarelli / Sucursal Região Norte

Foto: Edilson Omena