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A Defesa Civil de Maceió informou que irá enviar uma equipe para identificar os danos sofridos na estrutura da Balança de Peixe, do bairro de Garça Torta, no litoral norte de Maceió e tomar as medidas cabíveis para a resolução do problema.

No último domingo, moradores, pescadores, donos de barracas e turistas ficaram assustados com a destruição que a força da maré provocou no muro da Balança de Peixe. Por sorte não aconteceu uma tragédia maior, já que o local estava bastante frequentado por ser um domingo.

Na tarde de ontem, a reportagem da Tribuna Independente esteve no local. A equipe teve dificuldades para fazer a reportagem. A maré marcava algo em torno de dois metros, de acordo com a tabela da que registra as marés mínimas e máximas.

Sem acesso pelas ruas, o jeito se equilibrar nas barreiras de contenção feitas pelos populares para pode chegar ao outro lado da Balança de Peixe e verificar a dimensão da destruição. O que restou da balança e as casas ao lado estavam trancadas, fechadas a cadeado. Como se os moradores tivessem saído do local temendo algo mais grave.

Ao longo de toda praia é possível ver sacos de areia, tijolos, barricadas, paredões construídos pela população em uma tentativa de conter o avanço do mar. As inciativas têm se mostrado inócuas.

O cenário habitual das praias, com as jangadas em alto-mar, está totalmente descaracterizado. As embarcações estão estacionadas nas ruas do bairro, em pleno asfalto.

Vizinho à balança, fica o Bar da Marival. O estabelecimento existe há 45 anos e é a garantia do sustento da simpática senhora Marival Nascimento. Ou pelo menos era o sustento.

Sem familiares e com apenas uma neta, Marival disse que em mais de meio século de vida nunca viu a maré tão brava como nos últimos anos, em especial, nos últimos meses.

“Aqui é meu ponto comercial e minha casa. Tudo o que eu tenho na vida está nessa construção. Estou aqui porque não tenho para onde ir. Mas já sei que meu fim será triste. Vou ver cada tijolinho ser destruído e ser levado pelas ondas do mar. Ninguém faz nada pela gente”.

Marival Nascimento contou que perdeu a noção de quanto gastou com sacos de areia em uma tentativa de continuar vendendo seus petiscos e continuar a ganhar seu dinheirinho.
“A situação é preocupante. Eu não consigo vender nada, não ganho dinheiro. O pescador também não ganha nada porque não consegue entrar no mar. Se entrar, não sabe se volta, vai depender da raiva da maré”, lamentou.

O casal de São Paulo, Raul Marceral e Patrícia Souza, está morando na Graça Torta há cerca de três anos. Vieram para um passeio, se apaixonaram por Maceió e em “cinco minutos” compraram a casa.

“Nos últimos três anos, o avanço do mar é algo inacreditável. Diria até assustador. Se nós não estivéssemos aqui em cada um dos dias desses últimos três anos e alguém nos contasse, seria impossível acreditar. Mas gostamos muito daqui, não vamos abandonar essa praia, aqui instalamos nossas vidas, mas precisamos ser olhados pelo poder público”, desabafou.

O Ministério Público Federal informou que não houve, ainda, nenhuma representação em relação ao desabamento de parte da estrutura da Balança de Peixe.

Por Valdete Calheiros – colaboradora / Tribuna Independente

Foto: Edilson Omena