A agronomia alagoana encontra-se inserida aos estímulos dos milagres do progresso tecnológico, da produção e produtividade agrícolas, afinal de contas, estar inserida institucionalmente na modernização. É perspectiva comum do imaginário local alagoano pensar que essas tecnologias e os meios de obtê-las são destinadas aos grandes produtores que detêm volumosos recursos para investimentos, acesso a crédito e assistência técnica em seus empreendimentos. Nesta seara há algumas considerações a serem analisadas.
Segundo os estudos de Vieira dos Santos , dos 98.542 estabelecimentos agropecuários alagoanos, 82.369 pertencem à agricultura familiar, 84% dos estabelecimentos, ocupam 551 mil hectares (33,67%), dos 1,6 milhão de hectares da área total da agropecuária estadual. Os grandes produtores alagoanos são aqueles que são responsáveis por 95% da cana-de-açúcar e 56% da pecuária bovina, avançando, recentemente, em áreas como a soja e o eucalipto. Estes estão inseridos no grande mercado competitivo por deter de uma produção mecanizada e facilidade de crédito.
Enquanto, a produção agropecuária familiar no Estado de Alagoas, segundo apontam os estudos do IBGE (2022), foi responsável pela produção de 90% de arroz; 83% de feijão; 80% de mandioca; 63% de milho; 90% de abacaxi; 77% de banana; 86% laranja; 98% de maracujá; 63% de suínos; 74% de ovinos; 72% de caprinos; 89% de galinhas; 44% de bovinos; 50% de leite (vaca); 87% de queijos e 84% de farinha de mandioca (Vieira dos Santos, 2025, p. 13).
Nesse sentido, constataram que o restante da produção que (re-)abastecem a comida na mesa dos alagoanos advém da produção dos agricultores familiares, é responsável por maior parte da produção agrícola e pecuária dos alimentos que abastece o mercado alagoano e de parte considerável das matérias primas que atendem a agroindústria estadual, da produção de grãos, frutas, raízes e verduras, assim como de animais de pequeno porte.
Seminário sobre Tecnologia para Agricultura Familiar
Reconhecendo a importância do protagonismo da atividade agropecuária familiar em Alagoas e a importância da utilização tecnológica mecanizada nos meios de produção que a XV Turma do Curso de Agronomia da Universidade Federal de Alagoas – UFAL (Campus-Arapiraca) vem através do seu evento “Seminário sobre Tecnologia para Agricultura Familiar” que ocorrerá no dia 08 de Maio de 2025, demonstrar que a realidade da produção mecanizada não esta distante da produção agropecuária familiar alagoana, mais do que isso, trata-se de produção agropecuária ancorada nos princípios e pilares da sustentabilidade e produção e produtividade sustentáveis.
O evento contará com grandes referências na área de tecnologias voltadas para agricultura familiar. Nesse sentido, serão abordados temas como “Mecanização para Agricultura Familiar” com o Eng. Agrônomo Ricardo Ramalho e Van Giap Ramalho (Esp. em Tecnologias Agrícolas de Baixa Emissão de Carbono pelo Instituto Terra Viva; “Bioinsumos na Agricultura Familiar” com o Prof. Dr. Maurício Silva de Lima (Ufal – Campus Arapiraca) e Drª. Tâmara Cláudia Gomes (Pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros) e; um passeio de campo no Sistema Agroflorestal do Sr. Cícero Florentino em Igaci – AL.
“É importante está atento ao novo que vem, fala-se então de agricultura de precisão e de produção mecanizada, nós como estudantes do Curso de Agronomia da Ufal estudamos para levar conhecimento qualificado para nosso Estado, nosso olhar cientifico para a sociedade com esse evento enfatiza um olhar especial de atenção aos agricultores familiares que são responsáveis pela boa parte de produção de alimentos em Alagoas. O mercado está atento e mais exigente aos produtos alimentícios e exigem cada vez mais um alimento baseados no bem-estar animal e agricultura sustentável e saudável, e a agricultura familiar traz esses pré-requisitos. Nosso objetivo então consiste e fazer-se saber, quais são essas tecnologias e como os agricultores familiares podem utiliza-las para melhor produção e produtividade de seus empreendimentos agrícolas”. Reflete assim, Daniel Barboza, integrante da XV Turma do Curso de Agronomia UFAL – Campus Arapiraca.
Para o Prof. Cicero Adriano, docente da Disciplina de ACE Eventos, “Os agricultores familiares têm uma idade média segundo o Censo Agropecuário do IBGE (2017) de 55 anos, e a juventude rural está deixando o campo em busca de novas oportunidades nos centros urbanos. Dentre os fatores que contribuem para esse êxodo juvenil, destacam-se a baixa remuneração dos pais, o trabalho penoso, falta de infraestrutura no campo, acesso à terra e perspectivas no meio rural. Para superar esses desafios, é necessário a ampliação da agroecologia nas áreas de agricultura familiar, conectada a uma política de financiamento e agroindustrialização, alicerçada na cooperação, de modo a aproveitar o potencial da juventude rural. Além disso, é fundamental mecanizar a agricultura familiar com pequenas máquinas adaptadas e automatizadas para reduzir a penosidade do trabalho e aumentar a eficiência produtiva. É preciso uma reforma agrária que crie novos agricultores familiares para produzir alimentos mais baratos e saudáveis.”
POR: TRIBUNA HOJE
Foto: Divulgação