Os moradores do entorno do aterro sanitário de Maceió reclamam do mau cheiro do chorume, que estaria provocando náuseas e outros problemas de saúde para a população da parte alta da cidade. “O odor é tão forte que, dependendo da posição do vento, torna-se insuportável”, reclamou um morador do Conjunto dos Caetés, que fica na região do Benedito Bentes. Segundo ele, várias reclamações já foram feitas, tanto à empresa que administra o aterro quanto à prefeitura, mas nenhuma providência teria sido tomada.
“Estamos apelando para a grande mídia, na esperança de uma solução para o problema. Afinal, ninguém aguenta mais esse mau cheiro. A gente falando parece até mentira, mas só sabe quem mora nessa parte alta de Maceió, subindo a Rota do Mar, nas imediações do aterro sanitário”, acrescentou o morador, que se identificou como João Soares, servidor público comissionado do Estado. “Espero que, com o assunto sendo abordado pela imprensa, esse problema seja resolvido”, completou.
Ele disse que tem dias que o cheiro está muito forte. “O mau cheiro vem com o vento, provavelmente, do centro de tratamento de resíduos, das piscinas de chorume do aterro sanitário”, relatou João. “Parece que eles [os administradores do aterro] colocam uma espécie de produto nas piscinas, que exala esse cheiro forte”, destacou. “Chegando no conjunto Caetés o povo sabe dizer na hora como é o mau cheiro”.
De acordo com o ambientalista Alder Flores, “o aterro sanitário de Maceió opera, rigidamente, dentro dos padrões ambientais e com procedimentos operacionais rotineiros, desde o acesso dos veículos a unidade, até a destinação final das mais variadas classes de resíduos nas células sanitárias, incluindo o reaproveitamento dos entulhos, gerando matéria-prima, a geração de adubo através do processo de compostagem a partir de restos de vegetais que são destinados para o aterro”.
Segundo Flores, “a unidade realiza ainda a disposição correta de animais mortos, e o chorume gerado a partir da decomposição da matéria orgânica presente no lixo, recebe o devido tratamento através de uma ETE [Estação de Tratamento de Efluentes], com eficiência acima de 80% de redução da DBO, entre outros parâmetros”.
O ambientalista explica ainda que “a unidade dispõe de um sistema de captação de todos os gases gerados no aterro, inclusive o gás metano, através do processo de destruição térmica, totalmente automatizada gerado o crédito de carbono, tendo sido certificada através da empresa internacional de certificação ‘Gold Standard’”.
“Os rígidos controles operacionais e ambientais, existentes na unidade não permitem a emissão de odores que possam vir a causar problemas com a comunidade, inclusive a região do entorno é monitorada pela equipe técnica da unidade”, acrescentou Flores.
Administração vai mostrar em evento como funciona o equipamento
O ambientalista Alder Flores informou que a administração do aterro está articulando a realização de um evento, voltado para a mídia local, para mostrar como funciona o equipamento de tratamento de resíduos sólidos, que substituiu o antigo lixão de Maceió, localizado no bairro de Cruz das Almas, na parte baixa da capital.
“Ressaltamos que o aterro se encontra à disposição para ser visitado pela comunidade no sentido de que mesma possa vir a conhecer as ações de controle operacional e ambiental, rotineiramente executadas pelos colaboradores da unidade”, enfatizou Flores.
“Outro fato a destacar, diz respeito a fiscalização diária que efetuada no aterro por fiscais ambientais do meio ambiente, visto que dentro aterro existe uma base do órgão ambiental, com poder de polícia para aplicar as sanções cabíveis caso se mostrem algumas desconformidades. Acho que o aterro de Maceió deve ser um dos poucos no Brasil, que tem uma base de fiscalização ambiental do órgão competente implantada e funcionando dentro de suas dependências”, acrescentou.
Questionado sobre se problema do cheiro estaria relacionado ao veneno ou pode ser o gás gerado pela morte das bactérias, o ambientalista disse que não é bem isso. “Não trabalhamos com veneno ou outro produto. Com relação a bactéria nosso sistema de tratamento não utiliza bactéria em seu processo”, explicou.
Segundo Flores, “todo gás do aterro é captado por drenos subterrâneos e posteriormente vão para uma unidade de destruição térmica, não gera nenhum tipo de odor”.
“Outra coisa, o sistema de tratamento do chorume é constituído de lagoas de estabilização do tipo lagoa de decantação, lagoa aerada e lagoa de polimento, finalizando com um sistema de nano filtração de última geração. Este tipo de sistema de tratamento é basicamente biológico, com aeração mecânica através de aeradores. A nano filtração é utilizada p remover o micro contaminantes, sendo considerada uma tecnologia entre a ultrafiltrarão e a osmose reversa, que serve para remover vários contaminantes por membranas”, completou.
Prefeitura diz que sistema utilizado é o mais moderno
Em resposta à denúncia de mau cheiro do aterro sanitário, que estaria afetando os moradores da parte alta da cidade, a Prefeitura de Maceió afirmou que o sistema utilizado é o mais moderno possível e que dificilmente exala odores fortes a ponto de prejudicar a população do entorno.
“A Autarquia Municipal de Desenvolvimento Sustentável e Limpeza Urbana (Alurb) informa que todo chorume gerado pelos resíduos dentro do Aterro Sanitário é canalizado e passa por um tratamento, eliminando todos os possíveis odores e se tornando água novamente, reutilizada pela Prefeitura para a irrigação de praças e canteiros da capital”, afirmou a prefeitura de Maceió, por meio de nota.
“Para fazer denúncias e solicitações, o cidadão deve ligar diretamente nos canais da Central de Monitoramento da Alurb, que atende pelo 0800 082 2600 ou pelo WhatsApp 98802-4834”, acrescentou.
A estação de tratamento de chorume do aterro sanitário do Benedito Bentes, parte alta da cidade, segundo a prefeitura, é referência nacional como uma das primeiras a transformar o líquido escuro em água de reúso. Com a técnica, 120 mil litros de água potável são poupados por dia em serviços de manutenção por toda Maceió, com uma avançada tecnologia de filtragem e a combinação de diversos processos de tratamento.
Por Ricardo Rodrigues – colaborador / Tribuna Independente
Foto: Edilson Omena