Os Estados Unidos e a China oficializaram um acordo comercial fechado no mês passado, em Genebra, que prevê a retomada das exportações chinesas de minerais de terras raras, anunciou o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick.
Segundo ele, o pacto foi assinado dois dias atrás e consolida os termos discutidos ao longo do ano entre Washington e Pequim, após uma série de acusações mútuas de descumprimento de acordos anteriores. “Eles vão nos entregar terras raras e, quando isso acontecer, suspenderemos nossas contramedidas”, afirmou Lutnick, em entrevista à Bloomberg.
Como parte do entendimento, a Siemens AG – uma das maiores fornecedoras globais de software para design de semicondutores – foi dispensada pelo Departamento de Comércio dos EUA da exigência de licenças para atuar no mercado chinês. As restrições haviam sido impostas em maio, em resposta às barreiras da China à exportação de minerais estratégicos.
A empresa alemã confirmou, em nota, que restabeleceu completamente o acesso ao seu software e tecnologias para clientes chineses. As outras líderes mundiais no setor, Cadence Design Systems Inc. e Synopsys Inc., não comentaram se também receberam liberação semelhante, segundo a Bloomberg. O Departamento de Comércio dos EUA tampouco se manifestou.
As terras raras são matérias-primas essenciais na fabricação de turbinas eólicas, aviões, semicondutores e diversas tecnologias de ponta. Pelo novo acordo, os EUA autorizarão o envio à China de software para design de chips, etano e motores a jato – desde que Pequim agilize a liberação das exportações de minerais críticos.
Um porta-voz da Casa Branca confirmou que os dois países acertaram os termos para aplicar o tratado negociado em Genebra. A embaixada chinesa em Washington se recusou a comentar, e o Ministério das Relações Exteriores da China não respondeu até o momento.
A assinatura do acordo teve reflexos imediatos nos mercados: bolsas asiáticas e futuros europeus registraram alta, e um índice global de ações atingiu novo recorde histórico.
Lutnick também afirmou que o presidente Donald Trump pretende concluir até 9 de julho uma série de dez acordos comerciais com os principais parceiros dos EUA. “Vamos fechar os dez principais, organizá-los por categorias, e os demais países seguirão depois”, disse.
Embora não tenha detalhado os países envolvidos, Trump declarou que um acordo com a Índia está próximo. Já o principal negociador do Japão, Ryosei Akazawa, está em Washington para reuniões e reiterou que seu país “não pode aceitar” tarifas de 25% sobre automóveis.
Trump ameaçou que, caso não haja acordos até o prazo estipulado, enviará cartas a cada país com os termos propostos, aplicando tarifas unilaterais – as chamadas “tarifas recíprocas”, que podem chegar a 50%. As medidas haviam sido anunciadas em 2 de abril, mas foram suspensas por 90 dias para negociação.
Ainda há incertezas sobre o alcance real dos acordos, já que tratados comerciais costumam levar anos para serem finalizados. Um exemplo é o pacto com o Reino Unido, que segue com pendências, como tarifas sobre metais.
O atual acordo com a China, por ora, não aborda questões mais delicadas, como o combate ao tráfico de fentanil ou o acesso integral de empresas americanas ao mercado chinês.
A primeira rodada de negociações, em Genebra, levou à redução de tarifas dos dois lados, mas rapidamente foi seguida por acusações de descumprimento. Após nova rodada em Londres, os negociadores chegaram a um entendimento, que agora conta com o aval de Trump e do presidente Xi Jinping.
Lutnick ressaltou que o fim das contramedidas dos EUA está condicionado à entrega efetiva dos minerais. Nesta semana, o Departamento de Comércio já autorizou o embarque de etano rumo à China, embora o desembarque ainda dependa de autorização especial.
Por Notícias ao Minuto
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