Numa área de 14 mil metros quadrados com 1.478 boxes que geram mais de 10 mil empregos diretos e indiretos, o Mercado da Produção ao completar 40 anos quer voltar a ser referência de comércio popular de carnes, pescados, hortifrutigranjeiros, de gêneros alimentícios, produtos típicos do Nordeste e atrair turistas. Hoje, o local é um somatório de problemas que afastam até os consumidores locais. A metade da área construída esta afundando, as galerias de água estão entupidas e causam enormes prejuízos em época de chuva forte.

Atacadistas usam, indevidamente, boxes para guardar mercadorias e os estacionamentos onde atuam como varejistas. O tráfico de droga é forte. Os espaços externos foram invadidos por ambulantes que instalaram barracões de madeiras velhas ou de lona e promovem uma concorrência irregular com os permissionários que pagam tributos municipais.

Além desses problemas, o novo titular da Secretaria Municipal do Trabalho, Abastecimento e Economia Solidária (Sematabes), Flávio Saraiva, há duas semanas no cargo, tem que resolver problemas semelhantes em mais oito mercados públicos e em seis feiras livres dos bairros.

Os problemas mais graves e emergências ocorrem no Mercado da Produção e no Mercado do Jacintinho, onde foi detectado problemas na parte superior do teto e precisa de obras urgentemente. A gestão anterior havia identificada o problema, fez o projeto, e o novo secretário já ganhou autorização da prefeitura para executar a ordem de serviço, que vai custar R$ 300 mil. O galpão anexo também precisa de obras que devem acontecer no segundo semestre.

Produção

Flávio Saraiva não anunciou nenhum projeto novo. Anunciou, porém, que vai continuar ações da prefeitura e pretende viabilizar ou dar andamento aos projetos da gestão passada. Para o Mercado da Produção revelou a intenção da prefeitura em revitalizar o primeiro e maior mercado público varejista da cidade.

Antes disso, fará novo recadastramento, implantará cinco mil novas barracas padronizadas, vai gradear o entorno para evitar novas invasões e com ajuda de outras pastas da prefeitura pretender fazer um levantamento geral da situação do prédio que apresenta problemas na estrutura física, na rede elétrica, hidráulica, precisa de obras de recuperação e até treinamento de pessoal.

As obras só podem ser feitas depois do mapeamento técnico e de engenharia. O prédio do Mercado da Produção é do governo estadual que cedeu ao município através de um contrato de comodato. O contrato foi renovado.

Reclamações

Ao saber que o Mercado da Produção será revitalizado e que a prefeitura pretende acabar com aquela desordem funcional, a maioria dos comerciantes comemorou. Uma delas foi a marisqueira mais antiga da banca interna de peixe. Vera Lúcia dos Santos, de 66 anos. dos quais 58 anos trabalhando no antigo Mercado (que era onde hoje é o mercado do Artesanato) e no ponto que ocupa até hoje. “Isto aqui recebia até turistas. Hoje, quem é que vem para conhecer um lugar que cheira mau o tempo inteiro?”, questionou.

Ela paga R$ 60 de taxa permissão para comercializar camarão, mariscos e pescado. Por isso reclamou da concorrência desleal que ocorre. “A gente paga os impostos municipais. Os ambulantes montaram bancas de peixe ai do lado de fora do mercado, não pagam nenhuma taxa e trabalham com preços mais inferiores que o nosso. A concorrência, assim, nos causas enormes prejuízos”. Vera cobra ordenamento e organização do comércio, pediu também obras de recuperação e a manutenção do mercado.

Outra que reclamou foi a ambulante Vilma dos Santos, que montou uma banca de camarão na área externa. Desempregada trabalha com outras 30 mulheres em bancas improvisadas de pescados, mariscos, crustáceos e camarão. Em nome de mais de 100 mulheres e adolescentes, ela pediu a recuperação dos banheiros. “Não há como entrar no banheiro feminino. Está tudo entupido por lá e a gente tem que improvisar na rua”.

O comerciante José Correia Monteiro, de 60 anos é um dos mais antigos comerciantes no setor de hortifrutigranjeiros. Ele é um dos que inaugurou o funcionamento do Mercado da Produção no lugar que esteja hoje, em 1979. Chegou a ter cinco bancas. Atualmente tem duas. “Antes era tudo organizado. Do lado de fora era tudo estacionamento, depois aparecem algumas barracas que trabalhavam com laranjas, batata-doce, inhame, macaxeiras. É muito bom saber que o novo secretário da Semtabes, o delegado Flávio Saraiva, quer organizar essa bagunça”, comemorou. “Ele vai encontrar muita coisa errada aqui”, disse sem entrar em detalhes.

“Zé”, como é mais conhecido o comerciante é deficiente físico, disse que o mercado precisa de recuperação geral. Emergencialmente, pediu o desentupimento das galerias, recuperação dos banheiros e ordenamento do comércio. “Aqui é ponto de varejistas, não podem ser ponto de armazenamento dos atacadistas”, reclamou.

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