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Tempo de espera longo por parte dos pacientes com sintomas gripais, profissionais sobrecarregados e casos graves de covid-19 chegando à Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O que parecia ter amenizado com a queda do número de casos em Alagoas voltou com tudo, segundo os profissionais de saúde ouvidos nesta reportagem.

Os profissionais pediram para que não fossem identificados, mas trouxeram um panorama geral de dentro dos hospitais. Passado o período de eleições, os casos voltaram a crescer em Alagoas. Eles afirmaram que estão assustados como os casos estão crescendo rapidamente e pedem à população que se cuide.

Segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SESAU) ontem (6), 332 novos casos de covid-19 em Alagoas foram confirmados em Alagoas. Foram registradas mais três mortes em território alagoano. Ao todo, o estado tem 96.632 casos confirmados de infecção do novo coronavírus e 2.354 óbitos.

E quem está dentro dos hospitais tem sentido na pele esse aumento. A fisioterapeuta Amanda*, de 29 anos, trabalha em um hospital particular de Maceió e disse que a chamada segunda onda, veio maior do que ela imaginava.

“Não é à toa que as cirurgias eletivas voltaram e agora precisamos fechar novamente o centro cirúrgico”, disse.

Ela disse que os profissionais continuam tensos e apreensivos. Mas também, por outro lado, eles estão mais seguros. “Pois já sabemos como cuidar desse doente”, afirmou.

Amanda disse que ela e a equipe estavam mais tranquilos nos últimos meses, já que a demanda estava baixa. Mas foi só passar a eleição que a correria voltou.

“Tem sido muito corrido. Temos que lutar contra o tempo para cuidar dos pacientes graves. Acreditamos que essa semana agora será pior. Estamos nos preparando para isso”, ressaltou.

A enfermeira Júlia*, de 35 anos, contou que trabalha na UTI de um hospital particular e que as vagas estão poucas.

“Nos ligaram pedindo por mais vaga porque quem estava na enfermaria piorou e precisava ir pra UTI. É muito triste perceber que tudo está voltando e que as pessoas continuam agindo de maneira irresponsável”, comentou.

Na Unidade de Pronto Atendimento do Benedito Bentes, a situação não é diferente. A enfermeira Lúcia*, de 40 anos, reforçou que a demanda de pacientes com sintomas da covid aumentou 70% nas últimas semanas.

O que chama atenção, de acordo com ela, é que os pacientes são jovens e sem comorbidades. “Ou seja: muitos jovens estão se contaminando porque estão na rua, nos bares, nas festas. E aí eles chegam com sintomas, mas quantas pessoas eles não contaminaram antes? E os idosos? E as pessoas do grupo de risco?”, questiona.

Ela pede para que as pessoas tomem os cuidados necessários, usem máscara, álcool em gel e se possível, não saiam.

“Não temos certeza de nada. Não sabemos quando vamos ser vacinados e o que pode acontecer amanhã. Então, eu faço um apelo: se cuidem”, pediu.

Na última semana, a estudante de jornalismo Ingrid Silva contou que foi à urgência de um hospital particular no bairro do Farol duas vezes porque não conseguiu ser atendida. “Cheguei lá e a urgência estava lotada. No primeiro dia eu fiquei quatro horas esperando e acabei desistindo”.

Ela voltou no segundo dia e esperou umas duas horas para ser atendida. “Muitas pessoas gripadas, com febre. Quando entrei no consultório, a médica disse que eu não estava com sintomas da covid, mas que como passei muito tempo exposta e com pessoas que possivelmente estavam, ia passar o PCR para mim. O problema é que estou esperando há 10 dias o resultado. Ou seja: não adiantou nada”, finalizou.

CADA MINUTO

Foto; Assessoria