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A preocupação da Sociedade Brasileira de Pediatria é com a multiplicação de desafios perigosos propostos em jogos na internet.

Na tela grande ou na tela menor, o perigo tem o mesmo tamanho para crianças e adolescentes. Além da pedofilia, os jogos virtuais são outro alvo de preocupação no mundo inteiro.

Em alguns aplicativos, a moda é lançar desafios. Alguns inocentes, mas, muitas vezes, as metas impostas por quem está do outro lado da tela são criminosas.

“Eles vão de desafios de dancinha, que a gente tem dentro das plataformas, até desafios que a gente chama de não oxigenação ou de agressão, e que podem trazer sequelas para as crianças e até acidentes fatais, como a gente já tem cerca de 52 casos no Brasil. O que acontece com a internet é que um desafio que antes poderia estar concentrado somente em grupo específico, ele agora aparece de forma disseminada na casa dos milhões”, explica Fabiana Vasconcelos, psicóloga do Instituto Dimicuida.

A Sociedade Brasileira de Pediatria alerta que é preciso conversar sobre limites na internet para usuários que ainda não chegaram à idade adulta. Segundo a nota, é necessário apontar perigos e cobrar responsabilidades para o que se apresenta como uma brincadeira, mas na verdade não é.

O alerta aponta quatro responsáveis e faz recomendações:

aos pais, para que saibam o que os filhos estão assistindo e para que não deixem crianças isoladas no quarto jogando um videogame sem saber como funciona
às escolas, para que trabalhem com os alunos regras de segurança e de privacidade
às grandes empresas de tecnologia, chamadas big techs, para que bloqueiem influenciadores negativos que ameacem a integridade física ou mental
ao governo, para que crie políticas públicas de regulamentação e de proteção social da criança e do adolescente

“Estamos vendo todo tipo de problema físicos, e também mentais e comportamentais. É um problema de saúde pública, sim. Temos atualmente mais de 26 milhões de crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos que usam a internet – dados do comitê gestor da internet”, conta Evelyn Eisenstein, coordenadora do grupo de trabalho Saúde na era digital.

Na casa da Luciana Walter, internet já é assunto de debate na família. A mãe de gêmeos de 11 anos leva para casa a discussão que começa na escola: ensinar a usar as redes sociais com responsabilidade.

“Você entende também o que acontece dentro da internet, o que as pessoas fazem, o prazer das pessoas ficarem xingando as outras pessoas”, diz Lucas, um dos filhos de Luciana.

Luciana também impôs regras ao uso da internet. Celular só duas horas por dia e supervisionado.

“Esse aplicativo que a gente baixou, que tem senha, os jogos só podem ser baixados com a idade deles. De 18h às 6h, o telefone deles é bloqueado. Bloqueia automaticamente”, afirma ela.

Sobrou tempo para um passatempo que os meninos adoram. “Agora estou desenhando para caramba”, comemora o outro filho dela.

“Temos que fazer o que chamamos de proteção social dessas crianças e adolescentes. O alerta: ter internet não é brinquedo de crianças e de saber como usar a internet de uma maneira segura”, ressalta Evelyn Eisenstein.

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