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O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, pediu autorização ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para convocar os 200 candidatos que integram o cadastro de reserva do último concurso público da instituição, realizado no ano passado.

Em ofício endereçado à ministra Esther Dweck (Gestão e Inovação), à que a Folha teve acesso, Galípolo solicita que as vagas extras para o cargo de auditor sejam preenchidas “em fins de 2025”. O impacto orçamentário estimado pelo BC é de R$ 5,8 milhões, considerando o custo para o ingresso de servidores adicionais em novembro deste ano.

No documento, o chefe da instituição argumenta que a medida é fundamental para a “preservação da capacidade operacional do BC e a continuidade das ações essenciais de sua responsabilidade, nos níveis de qualidade e agilidade requeridos pela sociedade”.

Galípolo ressalta que a força de trabalho do BC vem se reduzindo significativamente ao longo dos últimos anos, em consequência de aposentadorias e de outras razões, em meio ao aumento das atribuições da autarquia. Destaca também que a validade do atual concurso é de seis meses, o que reforçaria a urgência da convocação.

“A redução da força de trabalho do BC acarreta risco ao adequado funcionamento do Sistema Financeiro Nacional, na medida em que diminui a capacidade de manutenção de serviços essenciais a cargo desta autarquia.

Além disso, afeta o desenvolvimento das novas competências que vêm sendo atribuídas por leis e de ações estratégicas para os próximos anos”, afirma trecho do texto.

Hoje, o BC conta com 3.166 servidores em atividade -menos da metade do total dos 6.470 cargos previstos em lei para a autarquia. O quadro é composto por 2.611 auditores, 401 técnicos e 154 procuradores. O volume atual é resultado de uma sequência de perdas líquidas ocorridas na última década. Em 2014, eram 4.081 vagas ocupadas.

Como mostrou a Folha, o enxugamento do quadro de funcionários ativos é puxado sobretudo pela combinação de aposentadorias com a falta de reposição de mão de obra por meio de concursos públicos -no último, realizado em 2024, foram abertas apenas cem vagas depois de mais de dez anos sem novos concursos para o Banco Central.

O movimento de baixa também é explicado pelos servidores que decidiram deixar a autarquia para seguir carreira em outros órgãos públicos ou no setor privado.

O ofício data do dia 6 de maio, dois dias antes de reunião de Galípolo com Dweck na sede do BC. Participaram também do encontro o secretário-executivo adjunto do MGI, Adauto Modesto Junior, e o diretor de Administração do BC, Rodrigo Teixeira.

Na reunião, a demanda por reforços foi apresentada à ministra, que ficou de avaliar a solicitação do BC tendo em vista o quadro de restrição orçamentária do governo para aumento de pessoal e também as requisições e necessidades de outros órgãos.

Os pedidos de excedente só serão analisados pelo governo depois que todos os candidatos aprovados em diversos concursos públicos tomarem posse de seus cargos. Apesar de haver recurso para algumas convocações adicionais, o MGI ainda não tem uma avaliação fechada sobre o tema.

A redução expressiva do quadro de funcionários do BC foi usada como argumento pela gestão de Roberto Campos Neto, antecessor de Galípolo, para defender o avanço da PEC (proposta de emenda à Constituição) que dá autonomia financeira e orçamentária ao Banco Central. A mudança daria mais poder à instituição sobre a estruturação das carreiras.

Nome de confiança de Lula, Galípolo vem defendendo publicamente a necessidade de garantir condições para que os servidores possam continuar desempenhando suas atribuições. Nesta terça (20), o chefe do BC se reuniu com senadores para discutir ajustes no texto da PEC, que está travada na CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) do Senado desde o ano passado.

A ala dos servidores representada pelo Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central) rejeita a proposta em discussão. Já o grupo encabeçado pela ANBCB (Associação Nacional dos Analistas do Banco Central do Brasil) vê a PEC como uma saída para fortalecer a instituição.

Por Folhapress \ NOTÍCIAS AO MINUTO

FOTO: © Agência Brasil \ Economia Banco Central