Pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Universidade Federal da Bahia (UFBA) constataram, em estudo publicado no Anuário do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que o delta do Rio São Francisco vem afundando gradativamente, uma vez que a planície está perdendo a sustentação.
De acordo com o levantamento, dois trechos chamaram a atenção dos pesquisadores. Um com rebaixamento de 5,4 metros e outro com afundamento de solo da ordem de 2,9 metros.
A pesquisa mostra que as principais causas desse rebaixamento do solo estão ligadas à erosão, à extração de água e petróleo/gás e ao aumento do nível do mar. Como resultado disso, está aumentando a incidência de inundações em terras férteis e comunidades tradicionais até a destruição de ecossistemas litorâneos. A linha da costa litorânea em questão tem 75 quilômetros e uma área com mais de 800 km2.
Para os pesquisadores, o que ocorre nos últimos anos, na foz do São Francisco serve de alerta para as autoridades locais e nacionais, para que sejam realizados projetos de proteção dos estuários, manguezais e deltas, que, além de abrigarem uma biodiversidade única, são essenciais no combate às mudanças climáticas no Brasil e em todo o planeta.
Histórico
O Rio São Francisco é um dos mais importantes cursos d’água do Brasil e um dos maiores da América do Sul.
Conhecido nacionalmente como Velho Chico, o rio percorre por cinco estados e 521 municípios, com a nascente na Serra da Canastra, em São Roque de Minas, e termina desaguando no Oceano Atlântico, na divisa dos estados de Alagoas e Sergipe.
As águas do São Francisco servem para abastecimento e consumo humano, turismo, pesca e navegação. Mas, ao longo das últimas décadas, o manancial tem sofrido degradação ambiental com o desmatamento para dar espaços à atividade minerária, agrícola, exploração de usinas hidrelétricas e outras ações produzidas pelo homem.
Isso tem comprometido o rio e os seus afluentes, provocando o fenômeno do assoreamento e outros impactos ambientais.
Recentemente, uma fiscalização técnica visitou 62 pontos de extração de minérios nas cidades sergipanas de Neópolis, Propriá, Pirambu, Pacatuba, Santana do São Francisco, Telha, Amparo do São Francisco e Japaratuba.
Na época, foram emitidos vários autos de infração e um de interdição nas mineradoras da região que extraem, principalmente, areia e argila.
Além disso, o enfraquecimento do Rio São Francisco também está resultando em forte avanço do mar contra a costa na região da sua foz, mais precisamente nas cidades ala-goanas de Piaçabuçu e Feliz Deserto.
Como prova desse impacto ambiental, no povoado de Cabeço, entre os estados de Alagoas e Sergipe, e que ficava ao lado da foz, acabou encoberto pelo avanço do mar.
TRIBUNA HOJE \ Por Davi Salsa / Sucursal Arapiraca
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