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Estudos mostram que a cada 15 horas, o Brasil registra um caso de intolerância religiosa, incluindo também outras violências de ordem física e verbal, contra religiões de matrizes africanas.

Por conta disso e como forma de mobilizar a sociedade local, o Coletivo Feminino Dandara de Palmares vai promover mais uma caminhada contra o racismo religioso em Arapiraca.

O evento está marcado para esta sexta-feira (21), a partir das 16h, com a concentração no Bosque das Arapiracas, na área central da cidade.

Este ano, a Caminhada Contra o Racismo Religioso entra em sua terceira edição. A primeira mobilização ocorreu no ano de 2016, depois de uma agressão praticada contra o Babalorixá Wellington de Oxum, conhecido como Pai Wellington.

Na época, Wellington de Oxum entrou em uma loja para compra de uma imagem sacra, a fim de presentear uma ex-professora, e o caso foi para na delegacia de polícia.

Ele disse que fora vítima de intolerância religiosa ao tentar adquirir a imagem em uma loja de produtos cristãos.

Para manter viva a luta contra o racismo religioso, os organizadores da caminhada voltam às ruas de Arapiraca para evocar sentimentos de paz, justiça, liberdade de crença e o fim das desigualdades sociais.

A coordenadora do Coletivo Feminino Dandara de Palmares, Lilia Ferreira, explica que a caminhada surge como necessidade de unir e apresentar forças de combate ao racismo, à intolerância religiosa e às variadas facetas da violência contra a população negra. “Desde a primeira edição, ocorrida em 2016, temos a participação de professores, grupos de afoxé e capoeira, católicos, ateus, espíritas, umbandistas e diversas nações de candomblé”, lembra.

Ainda de acordo com Lilia Ferreira, a Caminhada Contra o Racismo Religioso em Arapiraca clama pelo respeito e a liberdade de crenças. “Todos os anos, religiosos do candomblé e de outras religiões de matrizes africanas são vítimas de violências diversas, em razão de sua prática religiosa.  Essa violência contra as religiões negras é herança de um passado escravocrata, que explorou, matou e transformou tudo que é de origem africana em demoníaco”, acrescenta.

Ela destaca que a articulação inicial da caminhada começou no mês de novembro do ano de 2016, quando o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab) da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), realizava o 11º Seminário Negritude e Resistência com a participação de várias instituições e coletivos na celebração do Mês da Consciência Negra.

Lilia Ferreira salienta que, na ocasião, o sacerdote de candomblé Wellington Galdino procurou o professor Clébio Araújo, coordenador do Neab/Uneal, para denunciar e procurar orientações de como proceder, após ter sido assediado com orações, xingamentos, tentativas de exorcismo e até mesmo com a tentativa de arrancar de seu pescoço os objetos religiosos que o caracterizavam como religioso de candomblé.

O ato de violência ocorreu dentro de uma loja de artigos religiosos no centro da cidade.

“Seguimos até a Central de Polícia, onde foi lavrado o Boletim de Ocorrência, por conta da acusação de racismo religioso. Esse foi um dos diversos casos que ocorrem cotidianamente na cidade de Arapiraca e, infelizmente, das poucas ocorrências em que a vítima procura assistência e denuncia o caso à Central de Polícia”, lembra.

Fonte: Tribuna Independente