Após ocupar a quarta posição no número de votos na última eleição presidencial, ter nomes de caciques da legenda envolvidos em casos de corrupção e ver suas bancadas reduzidas na Câmara dos Deputados e no Senado, o PSDB tenta retomar o protagonismo na política nacional com a ascensão na legenda do governador de São Paulo, João Dória, já apresentado como o nome que deve disputar a presidência da República. Os dirigentes ainda aprovaram em convenção um novo Código de Ética, em busca da recuperação diante da opinião pública. Em Alagoas, o comando do tucanato passará para o senador em primeiro mandato, Rodrigo Cunha, eleito para a função.

Em convenção nacional na sexta-feira da semana passada, os filiados elegeram o ex-deputado federal por Pernambuco, Bruno Araújo, para a presidência nacional, numa prova da força do governador de São Paulo, responsável pela indicação do nome do dirigente, que tem como missão “renovar o partido”. Para a vice-presidência foi eleita a senadora paulista Mara Gabrilli. Apesar de terem almejado uma renovação mais ampla, o grupo de Dória e o PSDB mantêm em sua cúpula nomes como o do ex-governador Geraldo Alckmin, os senadores José Serra (SP) e Tasso Jereissati (CE), o ex-senador José Aníbal e também o ex-governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho, que já presidiu o partido nacionalmente.

Outro representante emblemático que deve permanecer influenciando as decisões dos tucanos é o ex-senador e agora deputado federal Aécio Neves (MG), que responde a processos por corrupção, mas que, eleito parlamentar no último pleito, conseguiu manter o foro privilegiado.

O desafio para voltar a ser uma legenda de destaque no cenário nacional, quando chegou a comandar o País por duas gestões com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o PSDB terá de correr atrás do prejuízo junto aos eleitores, que deixaram claro na última eleição a preferência por nomes de outras legendas. Na Câmara dos Deputados, a sigla havia conquistado 54 cadeiras, mas durante o mandato foi perdendo representantes e terminou a legislatura com 49 parlamentares. No pleito de 2018, a queda foi ainda maior, reduzindo para 29, fazendo com que a legenda deixasse de ter a 3ª maior bancada para se tornar a 9ª entre os 30 partidos atualmente representados na Casa. No Senado, o quadro foi semelhante com a redução de 12 para oito representantes.

“O PSDB não tem medo do voto. O PSDB vota e acredita na democracia. Por isso, acredito no Brasil, no novo PSDB, sem desvincular do PSDB ao qual estou filiado dede 2001”, declarou João Dória na ocasião da convenção.

Rodrigo Cunha disse preferir não comentar mudanças de comando e Código de Ética
FOTO: Reprodução/Instagram
Rodrigo Cunha ainda se mantém calado em Alagoas

O senador de primeiro mandato, Rodrigo Cunha, foi escolhido como novo presidente estadual do partido. Ele substitui na função o prefeito de Maceió, Rui Palmeira. Ao ser questionado sobre o atual panorama e as mudanças de comando e o novo Código de Ética no âmbito local, ele disse preferir não comentar, em respeito à Palmeira, até que assuma oficialmente o comando da legenda no Estado, ainda sem data definida, embora já seja de direito o novo dirigente.

A assessoria do senador em Brasília (DF), entretanto, destacou que “o PSDB passa por um momento de reformulação, no qual procura se recapitalizar politicamente após o mau desempenho eleitoral, quando o candidato Geraldo Alckmin ficou em quarto lugar, obtendo apenas 5% dos votos. O partido passou, no último fim de semana, por uma mudança no comando nacional, quando o governador de São Paulo, João Dória, numa demonstração de força, emplacou seu aliado Bruno Araújo na presidência nacional da sigla”.

Ainda de acordo com a assessoria, o partido passa por uma revisão de postura em relação ao tratamento destinado a irregularidades praticadas por filiados, além de buscar melhorar a imagem junto ao eleitorado.

“Nesse sentido, o PSDB montou uma comissão para elaborar normas de compliance e um Código de Ética. O senador Rodrigo Cunha participou dessa comissão e teve voz ativa na elaboração das novas normas. O Código de Ética foi aprovado na convenção do partido, realizada no último dia 31 de maio, e prevê a expulsão dos filiados que tenham sido condenados criminalmente com sentença transitada em julgado e quem comete infidelidade partidária. Os filiados que se tornarem réus sofrerão advertência verbal ou por escrito e serão suspensos do cargo partidário que ocupam por um ano”, asseguram os dirigentes tucanos.

No Estado, o PSDB comanda a prefeitura das duas principais cidades, Maceió e Arapiraca, esta última com Rogério Teófilo e na Assembleia Legislativa Estadual (ALE) conta com uma bancada formada pelos deputados Dudu Ronalsa e Cibele Moura. A legenda ainda tem representação de Alagoas na Câmara dos Deputados com Tereza Nelma. E quer avançar a partir das próximas eleições.

“Espero que o partido tenha candidatos para as principais prefeituras. Creio que o partido deve seguir com Rodrigo Cunha na mesma linha que era com Rui Palmeira. Espero que o partido cresça mais ainda”, ressaltou Dudu Ronalsa. Na ocasião da convenção nacional, Rodrigo Cunha comemorou as mudanças e disse acreditar que as alterações devem contribuir para o fortalecimento da credibilidade.

“As regras de compliance vão permitir que haja um órgão de controle e dará transparência para que o que acontece internamente não seja uma caixa-preta. É uma coisa de vanguarda, que eu espero que puxe todos nessa tendência de ter cada vez mais transparência. O Código de Ética também é algo muito positivo, não é um Código Penal, mas cria regras para o partido num momento em que os partidos não têm muita credibilidade. O PSDB tem causas, e não vai permitir que as pessoas fiquem no escuro em relação ao partido”, declarou.

Deputada estadual Cibele Moura destaca que conjuntura política brasileira está em momento dinâmico
FOTO: Arquivo Gazetaweb
Para a deputada estadual Cibele Moura, a atual conjuntura política brasileira está em momento muito dinâmico, “passando por diversas movimentações que motivaram a sociedade a ficar cada vez mais ativa perante aos desafios políticos, que trouxeram uma busca, cada vez maior, por renovação, participação, verdadeira representatividade e outros fatores que revelaram vários novos quadros”.

“Rui Palmeira é um dos grandes quadros tucanos do Estado e sempre representou o PSDB Alagoas muito bem como líder político. O PSDB, com a presidência do senador Rodrigo Cunha, continuará em boas mãos, pois ele também representa essa renovação política, a participação e a transformação que a sociedade e o cenário político atual tanto precisa. O PSDB continuará forte, como sempre esteve em Alagoas”, afirma a deputada.

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