Defesa Civil de Maceió interditou quatro prédios situados no Conjunto Jardim Acácia, no bairro do Pinheiro, em Maceió na tarde desta terça-feira (11). De acordo com o órgão, a interdição aconteceu após moradores do bairro perceberem um significativo aumento nas fissuras.

A professora Cássia Cordeiro, proprietária de um apartamento, disse que toda a área já havia sido evacuada anteriormente e que os moradores estão recebendo a ajuda humanitária com o programa do aluguel social. “O condomínio foi interditado porque as rachaduras começaram a crescer. Então foi solicitado que a Defesa Civil fosse olhar a situação e hoje (terça, 11), as equipes interditaram o local”.

O esposo de Cássia, o microempresário Márcio da Rocha Cavalcante mostrou a reportagem que as fissuras no local estão aumentando gradativamente. Para ele, além das rachaduras no condomínio, as da rua ao lado do prédio também aumentaram. “Foi preciso solicitar que a Defesa Civil viesse olhar o local”.

Um morador vizinho do condomínio disse que para ele existe risco de desmoronamento. “O Márcio que é do Nudec [Núcleo Comunitário de Defesa Civil] do bairro Pinheiro também percebeu a evolução e chamou os engenheiros da Defesa Civil que devido ao risco optaram restringir o acesso, pois existe risco de desmoronamento’’, conta Joelinton Gois, do Movimento Pinheiro Alerta.

Com a interdição, a Defesa Civil Municipal recomenda que as pessoas se mantenham afastadas da área isolada. O órgão também afirma que todos os edifícios haviam sido evacuados há alguns meses.

Apesar dos edifícios do Condomínio terem sido evacuados, ainda existem moradores em quadras vizinhas. Em nota, a Defesa Civil Municipal explica que o isolamento foi necessário para evitar riscos à população que transita pela região.

“A Defesa Civil de Maceió informa que em trabalho de monitoramento foi constatada evolução das rachaduras nos blocos 7, 8, 9 e 15 do Conjunto Jardim Acácia, no bairro do Pinheiro, levando ao isolamento da área do entorno para evitar risco à população que transita pela região, uma vez que o conjunto habitacional está evacuado. O local foi identificado com fita de isolamento de área até que uma estrutura mais eficiente seja instalada no entorno dos prédios’’.

MOVIMENTO

Geraldo Vasconcelos, do Movimento SOS Pinheiro, lamenta as interdições e diz que área já deveria ter sido isolada há bastante tempo.

“Esses prédios deveriam ter sido isolados em fevereiro, quando foram evacuados, e não dessa forma, com fitas plásticas sem a menor resistência, em uma semana não teremos mais isolamento algum. Isso deveria ter sido efetuado com profissionalismo e responsabilidade, com algum tipo de tapume e informações à população, para que não se cause mais pânico ainda. Denota mais ainda a incapacidade de resposta da medíocre Defesa Civil que temos. E essa mediocridade tem nos custado muitas noites de insônia, doenças psíquicas e até agravamento de outras patologias’’, comenta.
Rachaduras no Pinheiro tiveram início em fevereiro de 2018

As rachaduras e fissuras em algumas ruas do bairro e residências começaram a surgir no dia 15 de fevereiro de 2018. A Alameda Cônego Cavalcante de Oliveira ou Alameda Acre, como é conhecida, foi a primeira a apresenta o fenômeno. Logo pela manhã, os moradores se assustaram com rachaduras e em seguida com uma cratera que se formou.

Na época, ainda não se sabia do que se tratava o fenômeno, e um estudo mineralógico foi elaborado. Atualmente, um estudo mais complexo feito com apoio da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) constatou que o fenômeno foi causado pela exploração de minérios pela Braskem.

Márcio Cavalcante afirma que fissuras estão aumentando gradativamente (Foto: Edilson Omena)

A empresa disse em nota que se solidariza com os moradores do Pinheiro e região e que a companhia segue empenhada na busca das causas dos eventos e na implementação de ações do Acordo de Cooperação Técnica assinado com o Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público Estadual (MPE), Ministério Público do Trabalho (MPT), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea/AL) e Prefeitura de Maceió.

RUI PALMEIRA

O prefeito Rui Palmeira comentou nesta terça, durante lançamento da programação de São João em Maceió, a situação dos bairros de Pinheiro, Mutange e Bebedouro. No evento, Palmeira disse que espera uma resposta da União quanto à liberação de 750 unidades do Minha Casa, Minha Vida. “Solicitamos ao Governo Federal uma série de questões, sobretudo referentes à barreira do Mutange. Solicitamos autorização para que eles possam ocupar unidades residenciais que ficarão prontas no final de julho”, acrescentando também que solicitou auxílio-moradia.

RECUPERAÇÃO

O plano de obras de recuperação do pavimento de ruas danificadas por conta de trincas no bairro do Pinheiro começou no dia 16 de maio pela petroquímica Braskem e deve ser concluído em seis meses. Ainda de acordo com a empresa, o plano prevê também a substituição da rede de drenagem pluvial nos locais onde o serviço será realizado. O objetivo da iniciativa conduzida pela Braskem é garantir a segurança e a trafegabilidade nas vias, além de reduzir o risco de infiltrações de água no solo do bairro através das trincas. Os trechos das vias públicas e as soluções construtivas para cada área foram definidos junto com o Município de Maceió com base no mapa de feições elaborado pelo Serviço Geológico do Brasil da CPRM.

Fonte: Tribuna Independente