As imagens de estádios vazios nas cinco primeiras partidas da Copa América do Brasil abriram a primeira crise do torneio. Preocupados, os organizadores da competição agora discutem alternativas para resolver o problema.

Importante esclarecer: embora seja um torneio da Conmebol, entidade que manda no futebol sul-americano, a operação da Copa América fica a cargo do Comitê Organizador Local (COL), uma empresa formada no Brasil especialmente para este fim.

Há duas discussões especialmente delicadas em curso:

1) A disparidade entre renda e público no jogo de abertura do torneio, disputado entre Brasil e Bolívia no Morumbi

A renda de R$ 22.476.630,00 dividida pelo número de 46.342 pagantes (como foi anunciado nos telões do estádio) resultaria num tíquete médio de R$ 485.

Não faz sentido. Havia quatro faixas de preço para o jogo do Morumbi: R$ 190, R$ 290, R$ 390 e R$ 590. Esses valores se referem ao preço inteiro. Estudantes, idosos, professores e pessoas com deficiência podem pagar meia.

O Comitê Organizador Local (COL) da Copa América foi procurado desde sexta-feira à noite, mas não respondeu aos pedidos de informação feitos pelo GloboEsporte.com.

Outra ponto relativo ao jogo entre Brasil e Bolívia gera desconfiança: dias antes do jogo, a própria assessoria de comunicação do COL informou que os ingressos estavam esgotados.

Durante a partida, os telões do Morumbi informaram que havia no estádio 46.342 pagantes e 47.260 presentes – cerca de 20 mil pessoas a menos do que a capacidade do estádio.

Também sobre isso o COL foi questionado. E também não respondeu.

Vale ressaltar que o COL informou que os ingressos estão esgotados também para o jogo desta terça entre Brasil e Venezuela, em Salvador.

2) As arquibancadas vazias no Maracanã, na Arena do Grêmio e no Mineirão

Três dos cinco jogos apresentaram públicos muito abaixo da capacidade dos estádios em que foram disputados: Peru x Venezuela em Porto Alegre, Paraguai x Catar no Rio e Uruguai x Equador em Belo Horizonte, todos com taxa de ocupação inferior a 30% (veja tabela acima).

O COL não divulga quantos ingressos põe à venda em cada partida, por isso o GloboEsporte.com levou em consideração a capacidade de cada estádio para fazer essa conta.

Na véspera da abertura da Copa América, a organização informou numa entrevista coletiva que 65% dos ingressos haviam sido vendidos, e manifestou preocupação específica com dois jogos — que ainda não aconteceram.

Estão em discussão entre cartolas da Conmebol e do COL alternativas para que os estádios pareçam mais cheios nos próximos jogos.

É uma preocupação óbvia: se no fim de semana os públicos foram tão baixos, não há motivo para imaginar que serão melhores nos dias úteis.

Há uma avaliação na Conmebol de que os preços estipulados foram altos demais – as altas rendas, em contraste com os baixos públicos, são uma prova disso.

As cinco primeiras partidas da Copa América registraram média de 25.034 pagantes, o que não ficaria nem entre as cinco melhores do Campeonato Brasileiro da Série A deste ano.

Mas a renda média de R$ 7.610.452 seria quatro vezes maior que a arrecadação média do Palmeiras, o clube que mais fatura com bilheteria no Brasileirão.

Antes do início do torneio, o presidente Alejandro Domínguez declarou não ser possível fazer promoções para baixar os valores. Mas algumas possibilidades serão analisadas nesta segunda-feira. Uma delas é aumentar as parcerias como as realizadas no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul.

No Rio de Janeiro, 4 mil ingressos foram doados para a Secretaria Estadual de Educação, que os distribuiria para alunos da rede pública. Em Porto Alegre, 1.800 entradas foram para a Secretaria de Esporte e Lazer, que as distribuiu para escolas e associações esportivas.

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