O governador Renan Filho (MDB) omitiu detalhes à imprensa alagoana sobre aporte de recursos na obra do Hospital Metropolitano, em Maceió. Um extrato da Caixa que a Gazetaweb teve acesso revela que o Estado já poderia contar, desde 2017, com R$ 45.656.187,00 milhões para essa mesma obra. Como o governo estadual, até hoje, não saneou o processo, a cláusula suspensiva é acionada, apontando problemas de projetos, licenciamento ambiental e de titularidade.
O valor está empenhado pelo Ministério da Saúde em favor do Estado, que, estranhamente, não priorizou a habilitação para utilizá-lo. Em meio a palavras de baixo calão transmitidas ao vivo em sua rede social, o governador Renan Filho também não revelou que os recursos utilizados até agora, na futura unidade hospitalar, são parte dos 30% que vem retirando do Fundo de Combate à Pobreza (Fecoep), mas que estão sendo desviados de sua finalidade original.
Na entrevista à imprensa, na última segunda-feira (18), ao informar mais um prazo para inauguração dos hospitais, que estão sendo construídos desde a primeira gestão, em Maceió e no interior, o governador disse que está bancando tudo porque não teve apoio para as obras. Documentos da Caixa e do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) mostram o contrário e, portanto, desmentem a versão apresentada pelo governador na entrevista.
“Como vamos bancar 100% das obras, sou precavido, previdente e sereno. Eu não sou maluco. Porra louca! Que é a palavra certa de inaugurar tudo agora”, esbravejou o governador. De acordo com o que foi revelado pelo Siafi e o Sistema de Convênio do Ministério do Planejamento, para Alagoas acessar os recursos do Ministério da Saúde, basta o governo Renan Filho resolver a burocracia interna relacionada à documentação do projeto, titularidade e, até mesmo, licença ambiental.
Conforme os órgãos de acompanhamento, essas são as situações que criam a chamada cláusula suspensiva. É o estágio atual do convênio que habilita o Estado a investir no Hospital Metropolitano R$ 45,6 milhões procedentes de Brasília. A vigência do projeto é até o ano de 2021. Técnicos do próprio governo, que não desejam se identificar, estranham o fato de Renan Filho não priorizar a busca desses recursos diante de tanta ineficiência e carência de investimentos próprios em outros setores.
OBRAS EM ATRASO
Mais de um ano. Esse será o atraso na inauguração do Hospital da Mulher, inicialmente prometido pelo governador Renan Filho, para o mês de junho de 2019. Em coletiva à imprensa na segunda-feira (19), ele anunciou que a unidade hospitalar deve ser aberta à população apenas no dia 30 de setembro deste ano.
Na ocasião, ele apresentou o cronograma das obras da área da Saúde. Segundo o gestor, no mês de novembro, devem ser entregues as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do Jacintinho e do Tabuleiro do Martins. A primeira, porém, deveria estar funcionando desde agosto do ano passado, de acordo com promessa do próprio Renan.
Outro atraso fica por conta do Hospital Metropolitano de Maceió, cujas obras tiveram início ainda em 2017. Prometendo 180 leitos, a unidade deveria ter sido inaugurada no final de 2018, de acordo com a previsão inicial de Renan Filho. Na coletiva, contudo, o governador afirmou que isso deve acontecer apenas no segundo semestre de 2020.
“O Hospital Metropolitano está com 90% das obras prontas e vai estar com as obras concluídas em dezembro deste ano. Entretanto, um hospital não se entrega quando a obra termina. Ainda vamos ter que fazer ambientação, implantar móveis, equipamentos”, afirmou ele nesta segunda-feira.
Durante a entrevista, ele prometeu ainda entregar em novembro agora a reconstrução do Hospital Ib Gatto, na cidade de Rio Largo. Já para o interior, foram anunciadas, para o segundo semestre do ano que vem e o início de 2021, as entregas de hospitais em União dos Palmares, Porto Calvo e Delmiro Gouveia.
Além dos atrasos, o custo das obras também mais que dobrou. De acordo com informações oficiais divulgadas em abril de 2018, pela Agência Alagoas, os novos hospitais somavam investimentos de R$ 90 milhões. Um ano depois, o gasto dos mesmos pulou para R$ 211 milhões, segundo dados levantados pelo repórter Arnaldo Ferreira.
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