Neste espaço, já fiz críticas ao deputado estadual Cabo Bebeto (PSL). Na época, fui contra a um projeto de lei apresentado pelo parlamentar que garantiam isenções a uma categoria específica. Creio que essas matérias beneficiam alguns em detrimento de outros e – como nada é gratuito no Estado – a conta acaba sendo repassada.

Destaquei – na época – que até acreditava nas boas intenções do parlamentar, mas que isso não mudava o fato do projeto ter problemas. O deputado do PSL não gostou da minha crítica. Como sei disso? Bem, ele se negou – em uma oportunidade – a conceder entrevista a minha pessoa por avaliar que fui injusto com ele. É um direito dele. Ele fala com quem ele quiser. Eu continuarei criticando e elogiando quando devo.

Apenas ressalto: não fui injusto. Minha crítica nunca foi a pessoa do Cabo Bebeto, mas sim a ideia que ele defendeu naquele momento.

Dito isso, li alguns comentários – esses sim injustos – em relação à fala do parlamentar Cabo Bebeto, quando – na sessão de ontem – ele se pronunciou sobre as falas do secretário de Segurança Pública, coronel Lima Júnior.

O titular da pasta do Estado falou o que para mim é o óbvio: as forças policiais não devem partir para uma missão com o intuito de matar, mas que, em uma situação de confronto, tem que agir de forma enérgica, o que pode resultar na morte dos criminosos. Torço para que isso não aconteça.

É isso mesmo! O bandido que escolheu deliberadamente cometer o crime. Nesses casos, se recebe a polícia com tiros, a reação tem que existir de maneira proporcional. O Estado tem que se colocar ao lado do policial que, não raro, enfrenta condições adversas para garantir a segurança pública. Alguns criticos confundem isso – talvez de maneira proposital – com o discurso do “bandido bom é bandido morto”.

Eu, particularmente, repudio o discurso do “bandido bom é bandido morto”. Bandido bom é bandido preso, julgado e condenado dentro do que preconiza o Estado Democrático de Direito. É o nosso marco civilizatório. Sei que o secretário concordaria comigo nesse ponto. Todavia, a atividade policial se depara, em momentos, com situações extremas em que se coloca em risco a vida do agente da segurança pública. Reagiu, há as consequências.

Em seu discurso na Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, o Cabo Bebeto pontou – de forma acertada – a fala de Lima Júnior. O parlamentar, que tem vivência na segurança pública, acerta quando diz que “reagiu, é fuzil”.

Tomar o parlamentar como alguém truculento ou como alguém que tenha defendido que o Estado – de forma policialesca – saia por aí matando é uma falácia. É desonestidade intelectual. Não foi isso que ele disse. Ele parabenizou a ação dos policiais em função da reação que julgou necessária e proporcional, ressaltando que ali foi impedido o crime.

Tanto é assim, que frisou que aqueles que não reagiram foram presos. Cabo Bebeto ressaltou que só morreu aqueles que afrontaram a força policial. Em resumo, a defesa foi da ação cirúrgica e não da autorização para matar. O discurso do Cabo Bebeto pode não ser dos melhores do ponto de vista da retórica, mas concordo com ele.

Há muito que os bons policiais carecem desse apoio, pois só quem está na ponta do combate ao crime é que sabe na pele as dificuldades que enfrenta. Não é tarefa fácil e desconheço um bom policial – aquele que tem valores e respeita a farda que veste – que goste de se observar em um confronto dessa natureza. Deve trazer danos psicológicos. Afinal, ali está um ser humano. O peso de tirar uma vida – seja qual for a circunstância, inclusive na legítima defesa – deve ser algo doloroso. Portanto, sempre devemos torcer para que isso não ocorra. E façamos isso pelo bem do policial.

Alguns argumentarão que existem os maus policiais. É verdade! Há pessoas boas e ruins em todos os locais. Os maus policiais devem ser tratados como maus policiais até mesmo para se preservar a corporação e promover a sua seriedade. Se um policial usa da farda para fazer o que não deve, matar deliberadamente ou contrariar o Estado Democrático de Direito, esse deve ser punido, pois se tornou um bandido. Porém, não confundamos alhos com bugalhos. Creio que o Cabo Bebeto – por ser policial – também é contra o mau policial.

Agora, o deputado tem feito bons discursos – ainda que de forma mais dura e incisiva – quando o assunto é segurança pública. A meu ver, merece elogios por isso. Cabo Bebeto, nesses casos, é uma voz de contraponto, fazendo com que o parlamento de fato seja plural. Afinal, há também naquela casa as vozes progressistas.

CADA MINUTO