A agomelatina é um antidepressivo eficaz, com ótimas taxas de resposta e remissão. Apresenta um bom perfil de segurança e é bem tolerado. Sua novidade, e diferença em relação a outros antidepressivos, reside em sua influência no ritmo circadiano.

A agomelatina, também comercializada como Valdoxan, é um fármaco antidepressivo que faz parte do grupo dos psicoanalépticos.

De fato, é um análogo da melatonina, o hormônio que intervém no ciclo natural do sono. Esse hormônio é produzido pela glândula pineal e realiza diferentes funções no nosso organismo, especialmente a regulação do ciclo sono-vigília.

A agomelatina é considerada o primeiro fármaco de uma nova geração de antidepressivos, denominada MASSA, Melatonin Antagonist Selective Serotonin Antagonists.

Para que a agomelatina é utilizada?

A agomelatina, de acordo com sua ficha técnica, é indicada para o tratamento de episódios de depressão maior em adultos. Nesses pacientes, destaca-se seu impacto no sono, visto que melhora a qualidade de vida e diminui sua latência. Também melhora a estabilidade do sono na fase REM.

Isso se deve, como afirmamos anteriormente, à sua influência no ritmo circadiano. Recentemente, foram descobertas evidências entre a depressão maior e a dessincronização dos ritmos circadianos, embora ainda haja muito o que se estudar, já que os mecanismos internos do organismo são complexos.

A melatonina melhora o sono dos pacientes com depressão, mas, ainda assim, não tem efeito antidepressivo como tal, nem influencia o humor durante o dia. No entanto, agonistas da melatonina, como a agomelatina, com propriedades um pouco diferentes, se revelaram eficazes antidepressivos.

Portanto, a agomelatina é utilizada como antidepressivo no transtorno da depressão maior em adultos, com a vantagem de melhorar as alterações do ritmo sono-vigília desses pacientes sem provocar sedação diurna.
Mecanismos de ação da agomelatina

A agomelatina é um agonista melatoninérgico, tendo afinidade com os receptores MT1 e MT2 de melatonina. Ao mesmo tempo, é antagonista dos receptores 5-HT2C de serotonina. Também aumenta a liberação de dopamina e adrenalina, especificamente no córtex frontal.

Seus efeitos antidepressivos se dão especialmente devido à sua ação nos receptores melatoninérgicos e nos 5-HT2C. É curioso observar que tanto os receptores MT1 quanto os 5-HT2C oscilam de forma circadiana, regulados pela luz. Além disso, o antagonismo sobre o receptor 5-HT2C evita os efeitos inibitórios da luz sobre a síntese de melatonina, aumentando sua liberação.
Efeitos secundários

Vale destacar que, devido ao fato de não atuar sobre os receptores 5-HT1A, muscarínicos e histamínicos, a agomelatina não apresenta os efeitos secundários associados a eles, como, por exemplo, sedação, sobrepeso, boca seca, disfunção sexual, efeitos cardiovasculares, etc.

As reações adversas mais comuns no tratamento com agomelatina são cefaleia, náuseas e tonturas. Em geral, são de caráter leve e transitório. Além disso, costumam desaparecer nas duas primeiras semanas de tratamento. Outros efeitos secundários frequentes no tratamento com esse fármaco são:

Ansiedade.
Sonhos anormais.
Sonolência.
Insônia.
Diarreia.
Prisão de ventre.
Dor abdominal.
Dores nas costas.
Ganho de peso.
Cansaço.

Comprimido de agomelatina

Como podemos ver, muitos de seus efeitos secundários estão relacionados com o sono e com a influência da agomelatina no ritmo circadiano. Como afirmamos, costumam ser efeitos transitórios até que o corpo se adapte à medicação. Mesmo assim, é importante ter atenção.

Em todo caso, se forem detectados efeitos não desejados durante o tratamento com o fármaco, especialmente no início, é conveniente consultar um especialista. O tratamento antidepressivo não deve ser suspenso de forma brusca, nem sem indicação médica.

Para concluir, a agomelatina é um fármaco eficaz, inovador e promissor numa visão prospectiva. É preciso que continue sendo estudado para garantir sua eficácia em longo prazo e – por que não? – possibilitar seu uso em menores de idade no futuro.

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