Lavar as mãos é uma das medidas mais eficazes para evitar a transmissão de doenças infecciosas como o novo coronavírus — a epidemia já causou mais de 200 mortes e infectou cerca de 10 mil pessoas na China.

A campanha para que as pessoas higienizassem as mãos, inclusive com álcool gel, na pandemia de H1N1, em 2009, resultou também em redução dos casos de diarreia nos hospitais brasileiros naquela época, lembrou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, recentemente.

Os vírus respiratórios podem ser transmitidos pelo ar ou por gotículas respiratórias, ou seja, por meio da tosse ou espirro.

“Quando alguém tosse, pode contaminar o ambiente [com o vírus]”, explica a infectologista Rosana Richtmann, do do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo.

A especialista observa que é com as mãos que as pessoas tocam em vários lugares — como maçanetas e botões de descarga — e essa parte do corpo funciona como um “veículo de contaminação”, define.

Ainda de acordo com infectologista, nesses casos de contato com locais e objetos contaminados, a entrada do vírus no organismo acontece pelas mucosas dos olhos, do nariz ou da boca.

Assim, ao passar a mão em locais infecados e, em seguida, em outras partes do corpo, a pessoa pode introduzir o vírus em si mesma.

“[O vírus] não entra [no corpo] através das mãos, mas se elas estão contaminadas, a pessoa pode se autoinocular, ainda que a gente ainda não saiba por quanto tempo o coronavírus sobrevive no ambiente”, esclarece.

Por isso, “onde muitas pessoas colocam as mãos, o risco de pegar infecção é maior”, ressalta. Daí a importância de fazer a higiene das mãos “principalmente após passar por lugares onde estiveram muitas pessoas, como catracas e banheiros públicos”, exemplifica.

Os produtos que têm eficácia cientificamente comprovadas para a higiene são água e sabão.

“Se não tiver, o álcool gel é um excelente antisséptico”, observa a médica. Após a lavagem, não é recomendado usar toalha de pano. “O ideal são coisas descartáveis”, completa.
Uso de máscara

Já o uso de máscaras, que tem sido adotado por muitos, não é necessário no Brasil.

“Neste momento, não é preciso porque não temos nenhum caso confirmado [de coronavírus], então não faz sentido”, destaca.

Rosana acrescenta que a máscara é um equipamento de proteção individual: tampa as mucosas do nariz e da boca, portanto previne a transmissão.

Por esse motivo, nos países em que já houve contágio, limpar as mãos e usar a máscara são medidas complementares.

“Não adianta lavar as mãos e não usar a máscara, um ato é tão importante quanto o outro”, alerta.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recomenda apenas para quem trabalha em portos, aeroportos e na fronteira o uso da máscara cirúrgica mesmo quando não existe nehum caso suspeito de coronavírus.

“A máscara é para os trabalhadores de linha de frente nos pontos de entrada e também as orientações que nós estamos fazendo para os serviços de saúde — para coleta de exames e manejo dos pacientes”, afirma Wanderson de Oliveira, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

“Mas não adianta usar qualquer pano, vestir qualquer coisa e achar que está protegido”, enfatiza Rosana.

A médica cita outras ações que são eficazes para prevenir qualquer vírus de transmissão respiratória: “Evitar ambientes aglomerados e fechados, pois onde há menos ventilação a chance do vírus permanecer no ar é maior”, recomenda.

Além disso, ela acrescenta que todos devem ter responsabilidade social.

“Por exemplo, se a pessoa foi em uma viagem internacional e voltou com um quadro viral, ela deve evitar sair, trabalhar e expor outras pessoas, ainda que a chance de ser uma infecção por coronavírus seja pequena.”

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