Os números de atendimentos no Hospital Geral do Estado Professor Osvaldo Brandão Vilela (HGE), em Maceió, diminuíram após as recomendações do Ministério da Saúde (MS) e do decreto do governador Renan Filho (MDB) para que a população fique em casa por conta do novo coronavírus (Covid-19). Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), a redução de entrada de pacientes foi de cerca de 50%.
Para se ter uma ideia, no primeiro final de semana após o decreto foram 408 atendimentos. Já no mesmo período do ano passado foram 756. Segundo os profissionais da unidade, atualmente tem se mantido essa média, e às vezes até mais. No último fim de semana, foram 604 atendimentos. E antes do decreto, a média de atendimentos era entre 400 e 450 pessoas por dia, aos finais de semana, entre 800 e 1000. De acordo com a assessoria de comunicação do HGE, estão atendendo em média umas 200 por dia, atualmente. Mas, a maioria dos atendimentos ainda são casos clínicos. Dos 604 entradas do final de semana passado, 444 foram clínicos – média entre 70 e 80%.
O clínico geral que atende no HGE, Luciano Timbó confirma a redução. Para ele, por dois motivos específicos: primeiro que o isolamento social evita outras patologias, não apenas o coronavírus e, segundo, porque espalharam boatos que o hospital geral estaria cheio de pacientes com a Covid-19. Que ainda de acordo com ele não passa de boatos já que o hospital não é referência para esses pacientes.
REFERÊNCIA
“A referência para Covid-19 são as UPAs [Unidade de Pronto Atendimento] do Trapiche e Benedito Bentes, então quando chega um suspeito nós encaminhamos.
Quando chega grave, nós acolhemos na Área Vermelha Clínica. Chegaram quatro suspeitas graves no HGE, mas o resultado foi negativo para coronavírus, e o diagnóstico ficou pneumonia. Nessa época de pandemia, todas as doenças respiratórias têm que ser pensadas e colhido o exame para Covid-19, mas não significa que será positivo. Entretanto, estão espalhando que têm pacientes internados e as pessoas que antes procuravam por vários motivos a emergência, agora só vão os que realmente estão precisando’’, explica o clínico geral.
“Todo lado negativo tem seu lado positivo”, diz enfermeira
Para a enfermeira Evellyn Barbosa, a diminuição de entradas de outras patologias nas unidades de saúde em época de coronavírus, não é uma situação exclusiva do estado.
“Todo lado negativo tem seu lado positivo. É preciso pensar fora da caixa nesse aspecto de pandemia já que muitos só estão visando os prejuízos causados. Houve uma diminuição significativa não só aqui, mas em outros estados também. As pessoas estão com receio de se contaminar, estão evitando ao máximo aglomerações, os locais mais badalados onde existe um número significativo de pessoas estão proibidos e consequentemente evita com que pessoas se relacionem e acabem se agredindo, o que levaria a quem sabe um acidente por arma branca, por exemplo’’.
Quanto à questão da redução de entradas de vítimas de acidentes de trânsito, ela acredita ser uma situação atípica e mais óbvia já que o número de pessoas no trânsito também diminuiu. ‘’Isso porque, as pessoas estão sem ir trabalhar, sem fazer suas atividades rotineiras e a fiscalização de trânsito também aumentou. Acredito que é um dado positivo mesmo diante de todo o caos. As pessoas estão mais conscientes e responsáveis, estão dando o melhor para que tudo isso acabe logo. E quem sabe após passar essa situação tornem-se um pouco mais preocupadas e responsáveis com sua vida e a do próximo’’, ressalta a enfermeira.
O arquiteto e urbanista Renan Silva, especialista em trânsito, avalia a diminuição de entradas de pacientes vítimas de acidentes de trânsito como uma situação totalmente atípica. Assim com a enfermeira Evellyn, ele diz que não dá para usar o período como parâmetro. “O problema do Brasil não é falta de leis, mas a precariedade do seu cumprimento. Para reduzir acidentes de trânsito é preciso controlar principalmente o fator número um de ocorrências e incremento da gravidade: velocidade. Como fazer isso se controlar velocidade no Brasil é visto como “indústria de multas?”, questiona.
Fonte: Tribuna Independente / Lucas França
(Foto: Edilson Omena)