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Durante o período de isolamento social decretado pela pandemia do novo coronavírus, várias entidades e órgãos em todo o país estão disponibilizando suporte psicológico gratuito à população por meio de aplicativos e plataformas online. Em Alagoas, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), existe um projeto de atendimento remoto para o apoio a toda população alagoana em fase final de implementação.

De acordo com a Sesau, será semelhante aos moldes do Alô Saúde, porém voltado para a saúde mental. O projeto tem apoio do Conselho Regional de Psicologia de Alagoas (CRP/AL), que está realizando um chamamento público para possíveis profissionais de psicologia interessados em colaborar com o projeto, dando suporte à população nesse momento tão delicado.

A Sesau esclarece ainda, que o próprio conselho já conta com uma lista de profissionais que possuem treinamentos em situações de calamidades públicas, e esses seriam os primeiros a serem contactados. Além do CRP, o projeto tem parceria também com a Gestão de Desenvolvimento e Educação em Saúde. ‘’Fizemos um braço nesse projeto para atender tanto os profissionais internos da Sesau, como dos profissionais que estão na linha de frente e na retaguarda. Eles precisam desse serviço de maneira urgente e tem que ser uma prioridade’’.

A psicóloga e conselheira secretária do CRP/AL, Tamires Ferreira de Assis Silva, disse que até esta segunda-feira será divulgado material solicitando aos profissionais que ofertam o serviço remoto que comunique ao conselho para que seja montado um banco de dados. “O intuito é realizar um levantamento, e consequentemente, estruturar um banco de dados com informações de profissionais da área que estão ou que prestarão o atendimento psicológico voluntário. Já existe profissionais que estão prestando esse serviço mediado por Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s). Importante que a população ao recorrer ao atendimento voluntário mediado por TICs verifique no site do CRP-15 se o profissional que está ofertando o serviço está inscrito no conselho de classe. Esta é uma orientação para a proteção da sociedade’’, comenta Tamires.

Por conta própria, o psicólogo Carlos Gonçalves utiliza suas redes sociais para interagir com a população. “Faço o atendimento online para meus clientes. Mas também tenho um trabalho voluntário remoto com as mães do centro espírita que eu frequentava antes da pandemia – foi uma iniciativa do centro, todos os sábados através do grupo de mensagem por aplicativo, fazemos a leitura do evangelho, leituras reflexivas e perguntamos como as coisas estão e vamos conversando. Mas, independente disso, uso minhas redes sociais para conversar com as pessoas, posto textos, enquetes, vídeos, e elas pedem conselhos, ajuda, e eu tento colaborar de alguma forma’’.

PÓS-PANDEMIA

A Sesau antecipa que já existe um projeto finalizado sobre o período após o Covid-19. O projeto servirá para dar apoio às pessoas que passaram por tais situações, como também servirá para levantar dados para um futuro, caso ocorra uma situação semelhante. O projeto tem como objetivo elaborar dados para se montar um protocolo de atendimento de maneira eficaz e rápido para a população em geral.

Universidades públicas e privadas oferecem suporte a alunos e funcionários

A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) oferece um atendimento gratuito e online através do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (Siass) que é composto por uma equipe multiprofissional. Este sistema é de apoio ao servidor, mas também tem projeto de atendimento aos alunos.

“O Siass realiza avaliações que servem para subsidiar algumas decisões da perícia oficial, os psicólogos se inserem majoritariamente nas ações de vigilância e promoção, não possuindo o objetivo de realizar psicoterapia, e sim atividades macro, em conjunto com a equipe multiprofissional, objetivando a promoção da saúde e prevenção ao adoecimento. No entanto, durante a pandemia do Covid-19, a equipe entendeu, que precisava adequar ações. Tanto para nós, como para nossos usuários, muitos dos quais permanecem na linha de frente, atuando no combate ao vírus. Lançamos então a proposta de ofertar atendimento on-line’’, conta Priscila Tavares, Psicóloga Organizacional do Siass/Ufal.

Já para os alunos, desde abril um grupo de psicólogos tem atendido estudantes que necessitam de apoio psicológico por conta da pandemia. Além do atendimento virtual, os psicólogos lançaram com apoio da Pró-reitoria Estudantil (Proest), uma cartilha sobre Saúde Mental em tempos de Covid-19. A cartilha é um auxílio para estudantes e outras pessoas interessadas em saber como lidar com o stress e os sentimentos diversos, inclusive, entender como surge a ansiedade e quais formas de lidar com ela. o material pode ser acessado no site da universidade.

Rafael Cunha, psicólogo da Proest, conta que a recepção está sendo positiva. “É relatado que com toda essa situação vivenciada pelo mundo, e seus impactos na vida de todos, é importante para eles terem esse acolhimento psicológico. Existiram barreiras tecnológicas, algumas questões de instabilidade de internet e falta de energia, mas os atendimentos estão sendo realizados, em alguns casos necessários foram efetuados contatos telefônicos complementares”, explica. Ele também diz que tem sido um grande desafio para todos, a adequação ao atendimento online (por Skype ou videochamada) ainda faz as pessoas resistirem um pouco. Muitos estudantes têm preferido conversar por e-mail.

A Universidade Tiradentes (Unit) também segue com atendimento aos alunos e funcionários de forma online através do Núcleo de Apoio Pedagógico e Psicossocial (Napps), mediante agendamento de horário com a psicóloga. Além do suporte psicológico, o Napps também atende com apoio para adaptação ao estudo em casa, com orientações sobre organização do espaço, agenda e rotinas neste período de isolamento, a partir do trabalho com uma psicopedagoga. Os atendimentos são feitos por videochamada, Skype, ligação telefônica, como o aluno/colaborador ache melhor. Já os atendimentos da Clínica de Psicologia Aplicada (CPA), que atende ao público externo, foram suspensos durante o período de isolamento social.

O Centro Universitário Cesmac também segue com apoio aos alunos e colaboradores. Segundo o coordenador da Clínica Escola de Psicologia do Cesmac, Silvino Ferro, o atendimento à população foi suspenso por conta da pandemia. “A clínica sempre esteve aberta a toda a população. Mas nesse momento, o que preconiza o CRP é que o atendimento online só pode ser feito pelo profissional. E no caso da nossa clínica quem faz o atendimento são os estagiários. Então o CRP não preconiza – não abre essa condição para os estagiários fazer o atendimento”.

Fonte: Lucas França / Tribuna Independente

(Foto: Reprodução / Redes sociais)