É com a força da comunidade e do coletivo que muitas instituições têm provado que estão conseguindo passar pela pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Com dificuldades, mas estão conseguindo. Devido ao decreto de emergência do Governo de Alagoas e Prefeitura de Maceió, que adotaram a medida do isolamento social para tentar conter a propagação do vírus, algumas empresas, autônomos, gente que trabalhava em barraca de verdura, vendendo coco, tiveram que fechar.
Muitas famílias também, principalmente na região periférica e Orla lagunar, vêm tendo dificuldades financeiras e com os filhos, pois não podem voltar para a escola neste momento de isolamento.
Para aproximar mais os alunos e estimulá-los a realizar atividades pedagógicas, a Escola Municipal Nosso Lar, localizada próximo à comunidade do Vergel do Lago e adjacências, teve a ideia de promover a distribuição de alimentos e produtos de higiene pessoal. Empresários locais, pais dos próprios alunos, que trabalham no mercado da produção, supermercados locais e a cervejaria Ambev estão ajudando nas doações.
A arte educadora e funcionária da escola Nosso Lar, Ana Carla Moraes, também está participando das ações que a instituição vem realizando. Desde o início da crise sanitária, devido à pandemia do novo coronavírus, ela e mais voluntários vêm tomando os cuidados para proteção, e acredita que ajudar pessoas em meio a uma crise no país é um ato político, de amor, afeto, de resistência e afirmação da luta, “pois essa crise afeta mais intensamente as periferias”.
Ana Carla nasceu e viveu em um dos bairros como a Vila Brejal. Ela conta que muitas regiões como também todas as comunidades periféricas da Orla Lagunar são negligenciadas historicamente pela falta de políticas públicas básicas. Ana afirma que estar nessas ações voluntárias é um compromisso.
“Me sinto no compromisso de realizar essas ações, de orientar a comunidade para conseguir os auxílios que lhes são de direito, assim me sinto fortalecida quando fortaleço o meu povo negro e periférico”, disse Ana Carla.
Algumas estratégias foram criadas para os alunos não perderem o fio de leituras e estudos, como por exemplo, a distribuição de sopas e quentinhas como atrativo para os próprios alunos pegarem atividades pedagógicas, pegarem livros paradidáticos, leituras e, assim, continuarem fazendo exercícios em casa. A instituição também criou perfis no Whatsapp, Facebook e Instagram para ficar em contato com quem tem acesso a essas ferramentas. Sorteios, danças, atividades culturais também estão sendo realizadas de forma online.
Impacto positivo na comunidade
De acordo com a diretora da escola, Gilda Verbenia, uma série de ações estão sendo realizadas para minimizar o impacto negativo que a pandemia trouxe na comunidade, e tornar a escola um espaço mais atrativo. As quentinhas e as sopas estão sendo entregues na sede da instituição, nos dias de terça-feira, com direito à distribuição de máscaras personalizadas, sopão, baião de dois, cartilhas com informações sobre o coronavírus, e para os alunos são entregues atividades pedagógicas semanais.
Foram também distribuídos álcool gel e papel toalha, por toda a comunidade e em asilos, aos funcionários e professores da unidade escolar.
“Para não ficar uma estratégia assistencialista, de só dar o alimento, o alimento serve de atrativo para que eles venham para leituras, buscas de livros paradidáticos, atividades pedagógicas. Seguindo a nossa metodologia, construímos Facebook, Instagram, Whatsapp para aqueles que tem acesso e poder ter contato sempre com a escola para não perder esse laço e essa ponte que construímos”, disse a diretora.
Gilda Verbenia contou que desde que a nova gestão ingressou em 2018, a instituição já vinha tendo essa estratégia social e pedagógica. Com a pandemia, isso se intensificou mais ainda, por causa também do aumento das necessidades da comunidade periférica que rodeia a escola. Segundo ela, neste momento de pandemia, foram entregues mais 3 mil quentinhas para a comunidade.
Com recursos, a instituição está construindo um livro paradidático para disponibilizar para as crianças, com informações sobre a cidade de Maceió e sobre a periferia.
“A gente sempre deixou claro que a nossa instituição tem que estar dentro da comunidade, mesmo que a comunidade tenha dificuldade de chegar até ela, nós chegamos na comunidade. Por isso estivemos sempre presentes em passeatas, com eventos, levando nossas atividades culturais, esportivas e pedagógicas para o meio da rua. Assim é o nosso trabalho; só vem nos enriquecer e nos empoderar mais, e nos fez conhecer muito mais onde moramos”, declarou Gilda Verbenia.
Próximas ações
A escola Nosso Lar informou que além da distribuição de álcool gel e máscaras nesta sexta-feira (8) nas comunidades do Vergel do Lago, também será realizado um momento de dança e sorteios através de uma transmissão ao vivo no próximo domingo (10), nas redes sociais da instituição @Educa_NossoLar1 e na sede da escola. Na próxima terça-feira (12), os voluntários da escola vão continuar distribuindo sopão e atividades pedagógicas para a comunidade da periferia.
Para mais informações e quem puder doar, os números abaixo estão disponíveis:
(82) 9 8882-1223 – Diretora Gilda Verbenia
(82) 9 8849-2085 – Keka Rabelo
Fonte: Texto de Jamerson Soares, bolsista do Projeto Comunicação Comunitária, coordenado pela professora Manuela Callou e Keka Rabelo, da Universidade Federal de Alagoas e Movimento dos Povos das Lagoas.
TRIBUNA HOJE
(Foto; Assessoria)