A revelação sobre trocas na equipe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) antes da abrupta sucessão de mudanças na Polícia Federal e de sua própria renúncia deu munição para o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro reforçar a acusação de tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na PF. A defesa do ex-ministro diz que os “fatos levam à inevitável conclusão” de que a manifestação de Bolsonaro na reunião ministerial de 22 de abril, sobre a troca na “segurança do Rio”, se refere à Superintendência da Polícia Federal fluminense.

O advogado do ex-ministro da Justiça, Rodrigo Sánchez Rios, diz ainda que “aguarda respeitosamente” a divulgação do vídeo da reunião no Palácio do Planalto – peça chave do inquérito Moro contra Bolsonaro – na qual, segundo ele, “as intenções das alterações na Polícia Federal ficarão ainda mais evidenciadas”. Ao Supremo, Moro pediu que fosse divulgada a íntegra do vídeo, “como verdadeira lição cívica”. A decisão final pelo levantamento do sigilo será tomada pelo ministro Celso de Mello na próxima semana.

Em nota divulgada neste sábado, 16, Moro faz alusão à reportagem do Jornal Nacional da TV Globo exibida anteontem. Ela mostra que em 26 de março, quase um mês antes da reunião de abril, o general André Laranja Sá Correa – então diretor do Departamento de Segurança Presidencial do GSI – foi promovido por Bolsonaro para exercer o cargo de Comandante da 8.ª Brigada de Infantaria Motorizada. A direção do Departamento de Segurança Presidencial acabou ficando com o então adjunto, Gustavo Suarez, promovido ao cargo titular da repartição.

A revelação mostra que o presidente não enfrentou problemas para fazer mudanças no GSI, colocando em xeque, versão de Bolsonaro de que estava agastado com sua segurança pessoal – missão do gabinete – e que não se referia à PF quando reclamou na reunião ministerial.

“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f… minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar; se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”, disse Bolsonaro na reunião.

Segundo relatos de pessoas que assistiram ao vídeo, o presidente chamou a superintendência da PF no Rio de “segurança no Rio”. Bolsonaro alega que se referia à sua segurança pessoal, feita pelo GSI. A defesa de Moro argumenta que a revelação sobre as trocas no GSI demonstra que nunca houve por parte do presidente qualquer insatisfação com o serviço de segurança pessoal que lhe era prestado ou a seus familiares no Rio. “Tampouco qualquer dificuldade para realizar substituições na área, já que os responsáveis foram promovidos ou substituídos.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

por Estadao Conteudo \ NOTÍCIAS AO MINUTO

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