O agravamento da dificuldade econômica no Brasil por conta da pandemia do novo coronavírus tem impactado negativamente quase todos os setores e, em especial, os pequenos e médios empreendedores do país. No segmento educacional não é diferente, e é ainda mais preocupante quando se considera pequenas e médias escolas, que têm como mantenedores micro e pequenos empresários.

A pesquisa “Megatendências”, realizada em maio com donos de mais de 400 escolas de 83 cidades diferentes no território nacional, incluindo capitais como Maceió/AL, Aracaju/SE, Belo Horizonte/MG, Brasília/DF, Fortaleza/CE, Goiânia/GO, Rio de Janeiro/RJ, Salvador/BA e São Paulo/SP, com pouco variabilidade nos resultados entre as diferentes regiões, o que reforça a situação de emergência. O estudo feito a pedido da União pelas Escolas Particulares de Pequeno e Médio Porte e aplicado pela Explora – Pesquisas, Métricas e Inferências Educacionais, revela dados alarmantes. Em média, as respondentes têm 150 alunos e 20 professores, abrangendo todos os níveis da Educação Básica.

LEVANTAMENTO

Segundo o levantamento, que quase todas as instituições, mais de 95%, já declararam ter caso de cancelamento de matrícula, e que essa perda de alunos gira, hoje, em torno de 10% do corpo discente. Mas não é só isso: casos de atrasos, inadimplência e pedidos de descontos levam essas escolas a perdas na casa dos 50%, número que chegava apenas a 20% em março. Dentre os motivos apontados pelas escolas, os pais relataram o desemprego, a redução de salário e outras questões financeiras. Outros pontos apontados também são a transferência de residência, o medo em relação à pandemia e a simples explicação de retorno quando a situação voltar ao normal.

Autores da pesquisa, Tadeu da Ponte, CEO da Primeira Escolha e professor do Insper, e e Christian Coelho, CEO da Rabbit Partnership, destacam a situação atual das escolas de pequeno e médio porte.

“A margem de lucro de uma escola, quando bem organizada, gira em torno de 15%. Se a escola criou ao longo dos anos algum fundo, reservando 5 desses 15% todo mês, estamos falando que já se foi quase um ano de reserva nesses três meses. Porém, essa é a situação no melhor cenário. A realidade está muito longe disso”, destaca Ponte.

Outro lado a ser considerado é o impacto no próprio estado com o fechamento das escolas. “Embora grandes grupos educacionais consigam absorver parte desses alunos, outra grande parte deve acabar migrando para a rede pública, podendo causar um sério agravamento social” opina Coelho. “Haverá vagas para todos?”, questiona.

Busca de representatividade para a sobrevivência

A situação de alto risco para as escolas de pequeno e médio porte uniu escolas e educadores pelo país, em busca de voz e condições para expor as suas necessidades e como elas estão ligadas às necessidades do país. O grupo União pelas Escolas Particulares de Pequeno e Médio Porte reúne hoje mais de 1,5 mil instituições, além de mais de 40 prestadores de serviços que trabalham para esse perfil de escolas.

Em seu manifesto, o grupo procura engajar, unir e organizar esforços, além de formular propostas que visem a assegurar do direito da livre iniciativa e da sobrevivência das escolas de pequeno e médio porte, repercutindo esse esforço na educação brasileira.

Dentre as sete ações concretas do grupo, destacam-se a valorização dos professores e das famílias, repúdio às concorrências predatórias, criação de políticas de crédito adequadas, criação de voucher educacional e, por fim, redução e revisão de prazos diante das cargas tributárias.

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Fonte: Tribuna Hoje / Com assessoria