A pandemia do novo coronavírus mudou a rotina mundial e com os atendimentos em consultórios médicos não foi diferente, muitos profissionais suspenderam as consultas, já outros, mesmo adotando medidas para evitar o contágio entre médicos, funcionários e sentem a redução drástica de atendimentos por conta da Covid-19.
Pacientes estão receosos e um dos motivos levantados diz respeito à ‘propaganda do terror’. “As pessoas estão com medo, evitando procurar o médico nos consultórios, acreditando que se pisarem no consultório ou hospital, vão pegar Covid-19, o que é totalmente equivocado. Tudo isso, impactou diretamente a agenda do médico”, frisou a reumatologista Inês Mello.
A médica é enfática quando afirma que a quantidade de consultas ambulatoriais diminuiu drasticamente. “O hospital teve que adotar uma série de cuidados para se adaptar à nova realidade, que é a redução do número de pacientes agendados para que assim seja possível respeitar o distanciamento social nas recepções”, mencionou.
A reumatologista destaca que o paciente que não procura o médico na fase inicial da doença corre o risco de buscar atendimento quando o quadro clínico se agravar e isso não é bom. “Por exemplo, se o paciente está com o ombro doloroso, mas tem medo de sair de casa para ir ao médico, porque acredita que vai contrair o covid-19, o que poderia ser tratado inicialmente com medicação e acompanhamento médico necessitará de cuidados maiores e pode ser que ele precise passar por exames, tratamento fisioterapêutico, mais medicamentos. Ou seja, agravará a saúde por medo de sair de casa”, salientou.
O alergista Nelson Cuyababi também sentiu a queda no número de atendimentos em seu consultório. Ele diz que os pacientes só marcam consultas em casos de extrema necessidade. “Estão receosos”, disse.
Inês Lima afirma que não precisa ter medo para se consultar neste tempo de pandemia. “É só tomar os cuidados de sair de casa com máscara, buscar sempre higienizar as mãos, respeitar o horário agendado da consulta porque isso interfere em todo o processo de não causar aglomerações na recepção, vir sozinho para consulta ou se for uma pessoa que requer acompanhamento, procurar andar com apenas um acompanhante”, observou.
“Aqui no hospital existe um tempo estipulado por consulta e as agendas foram reduzidas para cumprir com o distanciamento social. E os consultórios sempre foram higienizados a cada paciente”, ressaltou a médica.
Cuidados começam antes mesmo da consulta
Inês Mello reforça que o paciente que já faz acompanhamento com o médico deve seguir as orientações de tratamento e ficar atento, caso apareça algum sintoma ou alguma alteração; e se precisar procurar o médico, deve fazer, pois só na consulta é possível ver o que está alterando a saúde do paciente.
Frisou ainda que a consulta ambulatorial não pode ser substituída pela orientação via WhatsApp, ligação telefônica, videochamada, nada disso. “A teleconsulta só acontece em plataformas específicas, com segurança para armazenamento de dados, com o histórico do paciente, com a possibilidade de prescrever uma receita de forma certificada. E mesmo que o paciente informe ao médico os sintomas ou descreva seu quadro de saúde por telefone ou outros meios, existe a necessidade do médico ver o paciente presencialmente, e com toda a segurança, passar por uma avaliação médica que dirá o tratamento a ser seguido”, apontou.
Indagada sobre a manutenção dos cuidados também pós-pandemia, a médica colocou, que lavar as mãos não é novidade. “Os cuidados de higienização dentro de um consultório existem desde sempre, a população é que tem que tornar isso um hábito”.
“Lavar as mãos com água e sabão ou higienizar com álcool em gel, usar máscara, isso tudo são cuidados contínuos e precisamos que eles continuem sendo adotados mesmo depois da pandemia”, finalizou.
Atendimento remoto é opção para pacientes durante isolamento social
O atendimento remoto durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) tem sido uma opção para pacientes durante o isolamento social. A utilização da telemedicina foi permitida pelo Ministério da Saúde desde o dia 23 de março e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 16 de abril por meio da Lei 696/2020, com o objetivo de desafogar hospitais e centros de saúde com o atendimento de pacientes à distância, por meio de recursos tecnológicos como as videoconferências.
Entre as ações de interação à distância estão: atendimento pré-clínico, assistencial, consultas, monitoramentos e diagnósticos. A publicação da portaria informa que “o atendimento deverá ser efetuado diretamente entre médicos e pacientes, por meio de tecnologia da informação e comunicação que garanta a integridade, segurança e o sigilo das informações”. A atividade eletrônica tem função de “reduzir a propagação do Covid-19 e proteger as pessoas”.
Para a nutróloga, Silviane Viana, a fase sem precedentes requer adequações rápidas e necessárias. Por isso, a médica iniciou o atendimento por telemedicina e os horários continuam a ser marcados por meio dos dois telefones do consultório.
“No horário agendado, farei uma chamada de vídeo pelo WhatsApp. A consulta manterá todos os critérios de sigilo e privacidade. Trouxe os computadores do consultório e poderei acessar normalmente a ficha dos pacientes com o histórico que já tem comigo. Poderei atender novos pacientes seguindo o mesmo critério”, explicou.
A especialista completou que desta forma poderá garantir a segurança tão necessária durante a pandemia. “É importante continuar a vida com ajustes, cuidar da saúde física e mental. Em breve estarei recebendo a todos presencialmente dando aquele caloroso abraço”, completou.
TERAPIA ONLINE
O confinamento também pode afetar a saúde mental, tornando a terapia um recurso necessário. A ansiedade com as notícias e o sentimento de solidão ao se manter distante de outras pessoas são alguns fatores que podem enfraquecer o lado emocional de muita gente, agravando transtornos mentais já existentes ou gerando novas condições psicológicas.
O Conselho Federal de Psicologia recentemente publicou a resolução 04/2020 que flexibiliza o cadastro de profissionais de psicologia para o atendimento online. São os serviços de Psicologia mediados por Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs).
Para a psicóloga Evelyne Vasconcelos, é importante cuidar da saúde mental, principalmente diante do momento atual de pandemia. “Quando conseguimos desenvolver estratégias de enfrentamento, podemos lidar melhor com essa fase”.
Fonte: Tribuna Independente / Ana Paula Omena
Foto: Edilson Omena)