Com a falta de respiradores mecânicos e com o alto custos dos existentes no mercado por, em sua maioria, serem importados, um protótipo funcional de respirador que deve custar, em média, 10 vezes menos que os convencionais e idealizado por um sargento do Exército Brasileiro, está sendo produzido com a assessoria e doação de matéria-prima do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em Alagoas.

Segundo o coordenador do projeto Respiral, o sargento Rodrigo Costa dos Santos, ex-aluno dos cursos de Eletricidade e Eletrônica do Senai no Rio de Janeiro, a ideia de criar o protótipo surgiu devido um pronunciamento em rede nacional, onde o Ministério da Saúde (MS) solicitou que a sociedade cientifica brasileira se mobiliasse no sentido de encontrar uma solução para possível escassez de respiradores mecânicos no país.

‘’De posse dos meus conhecimentos nas áreas de engenharia química, engenharia mecânica, engenharia da computação, matemática, resgate e da função que exerci recentemente como chefe do setor administrativo do Posto Médico de Guarnição do 59º Batalhão de Infantaria Motorizado (59º BIMtz), arquitetei um protótipo utilizando o Ambu [Reanimador Manual] que tem como função promover a ventilação artificial, enviando ar enriquecido com oxigênio para o pulmão, tendo seu emprego controlado por artefatos mecânicos, eletrônicos e programação computacional”, explica o sargento.

Ainda de acordo com o sargento, o equipamento também possui sensores de fluxo de ar, de pressão e de volume, com os quais, permite ser configurado por profissionais da área de saúde em parâmetros, como: frequência, volume, pressão intrapulmonar, entre outros, por meio de um display touch. Com a participação de toda equipe elaboramos uma evolução na arquitetura implementando válvulas solenoide on/off para controle de pressão ou vazão inspiratória e por uma estratégia baseada em modos de acionamentos pneumáticos’’, detalha.

Além da assessoria prestada na fabricação do equipamento, o gerente de tecnologia do Senai/AL, Welton Barbosa conta que algumas peças foram fabricadas no Senai/AL. Temos aqui as máquinas adequadas para fabricação, os insumos para contribuir com o projeto e uma equipe técnica que pode ajudar a aperfeiçoá-lo. A assessoria do Senai permitiu melhorar o projeto mecânico e a eficiência do sistema. Toda parceria é bem-vinda para combater a Covid-19”.
“Previsão é que seja lançado na próxima semana.

O sargento explica que objetivo principal é entregar um protótipo de respirador mecânico com as vantagens do baixo custo e da rapidez na fabricação. O protótipo deve ser lançado já na próxima semana.

“É de baixo custo. Os insumos devem ficar em torno de R$ 5 mil. O princípio funcional é pneumático”, esclarece o coordenador explicando que o projeto começou a ser colocado em prática há dois meses e deve ser doado.

“Nós não temos fábrica, somos pesquisadores. Então, a ideia é que o projeto seja abraçado por alguma empresa ou governo em qualquer região do país”, pontua o militar.

O valor da produção em larga escala vai depender do fabricante e se o governo do estado aonde for feito irá abrir mão de algum imposto.

O militar ressalta que o equipamento não vem para substituir o respirador tradicional e pode ter melhorias pela fábrica que vier a produzi-lo em escala. “Mas, numa situação emergencial, cumpre algumas das finalidades e pode vir a salvar vidas”.

Por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), muitos pesquisadores, cientistas estão em busca de uma solução para minimizar e solucionar os problemas causados pela doença. Enquanto não existe um medicamento, uma vacina com eficácia comprovada para o tratamento do vírus, pesquisas e projetos voltados a este intuito são bem-vindos.

Fonte: Tribuna Independente / Lucas França

FOTO: (Ascom/Fiea)