O olavista Filipe Martins, assessor especial do Itamaraty, recentemente indicado para as Comunicações, e personagem frequente nas lives de Jair Bolsonaro, publicou uma longa redação nas suas redes sociais, que deixa claro que o bolsonarismo vai manter a corda esticada no confronto com as instituições, no momento em que o Supremo Tribunal Federal cobra a investigação dos ataques fascistas à instituições. Confira o post do olavista:
Clausewitz dizia que a política é a continuação da guerra por outros meios (ou vice e versa) e, em que pese ouvirmos com frequência que isso não passa de uma metáfora inteligente, acredito que o general prussiano nos ofereceu uma das descrições mais exatas da política moderna.
A política normalmente se reveste de um manto de civilidade que, apesar de estar brutalmente distante da realidade e talvez justamente por isso, serve apenas para encobrir sua verdadeira natureza e impedir que as pessoas comuns enxerguem além das aparências e externalidades.
Normalmente a polidez e a afetação de escândalo e preocupação com as “instituições” servem apenas para ocultar o que está por trás da aparência de normalidade com que os detentores do poder mascaram os meios, mais do que sórdidos, que eles utilizam para se manter no poder.
E que meios são esses? Basta lembrar de nossa história recente: a mentira, a dissimulação, a trapaça, a manipulação, o assassinato de reputações, a censura, o controle hegemônico da informação, a corrupção, o homicídio, a associação com o banditismo… a lista é infindável.
Essa realidade oculta é exposta quando surgem novas forças políticas porque, quando o são de fato novas, estas forças surgem sempre como expressão de um grupo de outsiders que jamais será capaz de chegar ao poder se aceitar esse jogo de aparências sem desmascará-lo.
A vitória de um outsider só ocorre quando ele é capaz de remover o véu e expor publicamente a violência e a feiura escondidas por trás dessa tática de ocultação, revelando as condições concretas que corroem os próprios valores que o establishment dissimuladamente diz defender.
No Brasil não foi diferente. Com a chegada de Bolsonaro à Presidência, começamos a ter um vislumbre do sórdido jogo de ocultação que permitiu à esquerda estabelecer sua hegemonia, aparelhar as instituições e se amalgamar com aqueles que nos dominam politica e estatutariamente.
Eis o grande drama do nosso momento histórico: o PR Bolsonaro chegou onde chegou por expor sem pudor a podridão do establishment, mas, agora, muitos exigem que ele adote uma linguagem apaziguadora e afague o establishment para, em troca, poder exercer seu direito de governar.
Acontece que esse direito não foi dado a ele pelo establishment, que o despreza e deseja destruí-lo, mas pelo povo, que o elegeu justamente para limpar a política nacional dos males que, durante toda a sua vida, ele expôs e denunciou de forma crua e direta.
Caso aceite o jogo de aparências para agradar aqueles que querem negar aos conservadores que apoiam o governo até o direito de existir, o PR terá dificuldades para cumprir o que o povo espera dele. Caso cumpra o que o povo espera dele, não terá como agradar o establishment.
Só será possível avançar se fizermos da denúncia da natureza vil do poder do establishment a nossa maior arma e esmagarmos as aparências, deixando de lado as notinhas polidas e expusermos de modo claro e direto os métodos criminosos que muitos usam para se manter no poder.
Não dá mais para tratar como amigo da democracia quem, do topo de uma pilha de crimes, recorre a palavras polidas para disfarçar seus ataques a direitos fundamentais e a outros pilares que sustentam o regime democrático.
É hora de escancarar as entranhas do poder e exibir toda a podridão daqueles que agem e falam como se fossem a voz da moderação, da razoabilidade e da defesa da democracia. Isso não será feito com notas e tapinha nas costas, mas com a exposição nua e crua da realidade.
Fonte: Brasil 247 \ TRIBUNA HOJE
(Fotos: Reprodução)