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A médica infectologista Mardjane Lemos explicou, em entrevista ao programa Cidade Alerta Alagoas, da TV Pajuçara, nessa quinta-feira (25), o provável avanço da Covid-19 no interior de Alagoas nos próximos dias. Segundo ela, a interiorização da doença já é esperada e preocupa os órgãos de saúde.

“É a evolução esperada da epidemia. Inicialmente ela começa nos centros urbanos, onde há maior aglomeração de pessoas, e a tendência é que se espalhe mesmo. Em Alagoas se espalhou com uma velocidade razoável, porque o estado não é tão grande. Mas hoje temos casos confirmados em todos os municípios, óbitos confirmados em 80% das cidades”, destacou a médica.

Mardjane informou que a interiorização do vírus pode provocar o crescimento acelerado do número de infectados e de óbitos no Estado. “Isso significa que estamos muito longe do pico dessa curva, e que a gente precisa ter cuidado. Muitos adoecerão e é necessário que as medidas de prevenção sejam adotadas sem desleixo pela população, senão vamos sofrer consequências. Nós, com a nossa própria saúde, e os nossos idosos, pais, irmãos mais velhos, parentes com doenças crônicas…”.

“É fundamental que a população entenda que todos correm risco de adoecer. A maioria, felizmente, sai muito bem, mas uma proporção acaba se complicando. E quando as pessoas adoecem ao mesmo tempo, a capacidade de assistência da estrutura da saúde não dá conta, e os óbitos podem ocorrer também por falta de assistência adequada, por superlotação”, completou a médica.

A infectologista destacou que os estados que decidiram “relaxar” o isolamento social já sofreram consequências negativas, e muitos já estão voltando atrás para tentar frear o aumento de contágio entre pessoas. “Outros estados haviam aberto e agora estão retrocedendo porque entenderam que essa [isolamento social] é infelizmente a única medida para conseguir lentificar a transmissão”.

“Alagoas ainda está num período muito crítico e as pessoas estão agindo como se estivesse tudo bem, definitivamente não está. Enquanto não houver vacina, a medida de distanciamento social ainda é a mais eficaz para reduzir o número de pessoas adoecidas ao mesmo tempo”, reforçou Mardjane.

A médica afirmou ainda que mesmo com a maior parte dos óbitos se concentrando em idosos e em pessoas com fatores de risco, o vírus já mostrou que pode ser letal em pacientes que não integram os grupos citados. “Tem óbito de pessoas abaixo de 60 anos, sem comorbidade, que não sabemos quais foram os fatores. Então todos devem se cuidar, sem excessão, se não por você por se considerar fora de risco, mas por quem você ama. Imagino que todos nós temos alguém que vamos lamentar muito se perdermos antes do tempo. Então quanto mais gente circulando nas ruas, mais pessoas adoecidas ao mesmo tempo”.

“É essencial que quem adoeça procure atendimento de forma mais precoce possível, não aguarde complicação, vá logo a um atendimento de saúde. Após o atendimento, se você não tiver fator de risco, você vai ser orientado em relação ao que deve ser feito daqui para frente, e tendo fator de risco, tem a necessidade de internação. Então, quanto antes acontecer, melhor”, concluiu.

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