Moradores do bairro de Bebedouro realizaram um protesto, na manhã desta sexta-feira (10), na Praça Lucena Maranhão, cobrando resposta da Braskem sobre as indenizações dos imóveis que foram desocupados. Os manifestantes também cobram a retirada segura das pessoas que ainda se encontram nas residências afetadas pelas rachaduras causadas pela instabilidade do solo.

Segundo os moradores, muita gente ainda está nas residências condenadas, correndo risco de morte. Até mesmo um abrigo para idosos que fica no bairro continua funcionando normalmente.

Moradores de Bebedouro fazem protesto para cobrar postura da Braskem
Bairro é um dos afetados pela instabilidade no solo provocada pela ação da mineradora

“A ordem é ficar em casa por causa da pandemia, mas, como ficar em um imóvel caindo? Nós temos 40 idosos no abrigo, e a casa está rachando. Minha mãe e minha irmã ainda moram na nossa casa, confiando nas autoridades. A gente vai entregar de graça isso aqui à Braskem? Ou então entregar um imóvel por R$ 5 mil, esperando a Braskem dizer quando vem o restante do dinheiro e ainda dar autorização para ela demolir sua casa? Esse momento é interessante para que nossos gestores cumpram com a responsabilidade de seus cargos”, disse Israel Lessa, morador da região.

O líder comunitário do bairro, Augusto Silva, cobra um Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação da Braskem, além da realocação dos moradores que ainda vivem no bairro.

“Estamos fazendo este movimento diante da situação que estamos vivendo. Em alguns pontos de Bebedouro, a criticidade é de 0,0. Porém, sabemos, que todo o local corre o risco de afundamento. Então, solicitamos a realização das ações que vão tratar do Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação da Braskem. Já sofremos há mais de um ano com essa situação calamitosa. Há pessoas com problemas de saúde. Precisamos de respostas”, afirma.

Moradores durante protesto no bairro de Bebedouro, em Maceió
FOTO: Greyce Bernardino

Moradora do bairro há 44 anos, Rubenita Martins esteve no protesto e conta que é angustiante ver o local se transformar em um bairro fantasma. Ela, também, pede mais clareza da Braskem para com os moradores, visto que muitos temem ser despejados de forma inesperada.

“Não é fácil lidar com tudo isso. De não saber para onde ir e quando vamos ter que ir. Sem falar que nenhuma autoridade chega junto à gente para explicar o problema, se vamos ser indenizados ou não. Nossa fonte de informação é a mídia. Minha casa, por exemplo, vem sofrendo com as rachaduras, então já sei que, futuramente, vou ter que deixá-la. Mas, a pergunta é: para onde vou?”.

As famílias seguiram em caminhada para a unidade da Braskem, no bairro do Mutange. Após algum tempo, a Polícia Militar (PM) esteve no local e negociou a liberação da via, que, agora, segue com o tráfego de veículos.

CONFIRA, NA ÍNTEGRA, NOTA DA BRASKEM

A Braskem respeita o direito de manifestação pacífica e reitera a sua preocupação em priorizar a segurança das pessoas. Após seis meses do acordo firmado com as autoridades públicas, o Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação já realizou 2.618 mudanças de famílias das áreas de risco.

Além disso, 721 propostas de compensação financeira foram aceitas pelos moradores. As negociações continuam acontecendo à distância, por conta da pandemia de covid-19, e seguem o cronograma homologado pela justiça.

Por Tatianne Brandão e Greyce Bernardino \ GAZETAWEB.COM

FOTO: Marcelo Rocha/Rádio 98.3FM