O período da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) gerou uma série de alterações na dinâmica social e a demanda para adaptações por parte dos setores administrativos, a fim de minimizar o prejuízo causado nos mais diversos setores da nossa sociedade.
Nesse contexto, a Educação ocupa lugar de destaque, por ser o pilar da formação técnica e social dos indivíduos e sofrer prejuízos com a paralisação das atividades, necessitando a busca de maior dinâmica para a manutenção do ensino.
Na esfera do ensino superior, especificamente dentre os alunos de Medicina, no campus de Arapiraca, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), que estão na reta final do curso, e atuam no serviço de saúde por meio dos estágios obrigatórios, existe um verdadeiro desafio.
Para evitar a precarização do ensino, na atual fase do chamado internato, que corresponde aos dois últimos anos da graduação, a carga horária é composta em 80% de atividades práticas e 20% de atividades teóricas.
Várias faculdades de Medicina têm recorrido à Educação à Distância (EAD) para suprir, exclusivamente, a carga horária teórica, como uma forma de manter os alunos em atividade e minimizar, com isso, o déficit causado pela suspensão dos estágios nesse período da pandemia da Covid-19.
Enquanto isso, é realizado um planejamento adequado que forneça os equipamentos de proteção individual, os EPIs, como forma segura que permita o retorno das atividades práticas, uma vez que os estudantes estarão mais suscetíveis à infecção pelo vírus.
Segundo revela o estudante Luis Felipe, do 10º período de Medicina no Campus da Ufal, em Arapiraca, no entanto, nem todos os cursos de medicina do estado de Alagoas vêm diversificando o formato do ensino para a manutenção da teoria, como o realizado via EAD.
“Isso seria fundamental para manter um diálogo transparente quanto ao planejamento desse futuro retorno aos campos de prática. Na capital alagoana, por exemplo, os cursos de medicina, tanto de universidades públicas quanto de privadas, estão buscando maneiras de contornar essa nova situação na qual nos encontramos na Ufal”, observa Luis Felipe, que fala em nome da maioria dos colegas de turma e cita que Cesmac e Unit implementaram o EAD para os alunos do internato no último dia seis de julho deste ano. A Ufal, em Maceió, também implementou a modalidade EAD na mesma data para o curso de Medicina.
Ainda de acordo com o estudante de Medicina, a turma de concluintes reúne 27 alunos, mas Luis Felipe adianta que a Ufal ainda não anunciou retorno da parte prática, enquanto o Cesmac tem a volta agendada e a Uncisal vem dando continuidade ao seu estágio e a Unit já houve retorno ao estágio. “Estamos vivenciando uma situação de incerteza no campus de Arapiraca. Já foi solicitado à coordenação do curso a implementação do EAD, para o cumprimento dos vinte por cento de carga horária teórica, mas a resposta foi negativa e não houve um parecer técnico que impossibilitasse esse método”, acrescenta.
Antes da solicitação, os estudantes, atualmente no décimo período, realizaram uma pesquisa interna para avaliar a possibilidade de realização do EAD e a disponibilidade de internet para sua aplicação e a resposta foi 100% de concordância para os dois pontos, o que levou à solicitação à universidade.
Luis Felipe alega que já são quase cinco meses sem atividades e, além disso, não foram divulgadas informações quanto ao planejamento para a retomada das atividades práticas.
Por conta disso, a primeira turma de Medicina de Arapiraca vem solicitando respostas da coordenação do curso, o que pode ser resumido em dois pontos principais, segundo os estudantes concluintes: a realização do EAD enquanto Estado e município não permitem o retorno das aulas presenciais e maior diálogo e apresentação de perspectivas quanto ao planejamento para o retorno dos estágios.
De acordo com a assessoria de comunicação da Reitoria da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a instituição criou comissões especiais formadas para fazer estudos acerca das demandas da comunidade acadêmica nesse período de pandemia da Covid-19. Mas ainda não tem uma resolução definitiva acerca da EAD.
Fonte: Tribuna Independente / Davi Salsa
(Foto: Luís Felipe / Cortesia)