No dia de ontem, no programa Direto da Província, conversei com a presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Pauline Pereira, sobre como será o retorno às aulas presenciais no interior do Estado e como a entidade tem discutido isso com os prefeitos.
De acordo com Pereira, há particularidades nas cidades que precisam ser pensadas, pois nem todas enfrentam as mesmas dificuldades em relação à pandemia do novo coronavírus, e que isso já vem sendo discutido com o governo estadual. Porém, há uma perspectiva para que toda a rede municipal de Alagoas retome as aulas presenciais já no próximo mês.
Pauline Pereira acredita que no mês de outubro já será possível retornar às aulas na maior parte do interior do Estado, diante do cenário de queda dos casos de contágio e mortes. “Há municípios em que não houve óbitos. Estamos avaliando os números nas próximas semanas e trabalhamos com o cenário do retorno às aulas no mês de outubro”, frisou a presidente da AMA.
“Muitos municípios, colegas prefeitos, perguntam sobre a necessidade de fazer o protocolo de retorno às aulas. O protocolo que deve ser seguido deve ser feito em conjunto com a secretaria de Saúde de cada município, baseado (com as posições) na Secretaria do Estado de Alagoas. Esse deve ser o documento matriz. Agora, cada município, lógico, precisa construir o seu protocolo de acordo com a sua realidade. Nessa elaboração, torna-se indispensável, como estamos pensando no retorno das aulas em outubro, nesse momento que todos os agentes da Educação, particularmente as famílias, possam ser ouvidas e ter a sua opinião”, frisou Pauline Pereira.
De acordo com ela, há três pontos básicos para o retorno: ouvir a comunidade, identificar quem pode e quando pode voltar, pois há os grupos de riscos e alunos dividem moradia com essas pessoas. Os municípios precisam fazer esse levantamento, na visão de Pauline Pereira. O terceiro ponto é – segundo ele – o estudo da viabilização financeira do retorno. “Há municípios que estão usando agentes educacionais para irem às casas das famílias para conhecer melhor a realidade e isso é muito salutar”, destacou.
A presidente da AMA defende ainda que o retorno das aulas na rede municipal de ensino não ocorra de forma linear. “É necessário que cada município avalie, responsavelmente, a sua condição de retorno, tanto nesse momento quanto no futuro. É preciso avaliar possibilidade de reinfecção, de alunos que apresentarem síndromes gripais. É pensar no presente e no que pode acontecer no futuro”, colocou ainda.
Pauline Pereira destacou que a AMA tem conversado muito com o governo estadual para definir esse processo de retorno. “Esse é um momento difícil. Os estudantes estão ansiosos por esse retorno. Os pais necessitam retornar aos trabalhos e uma das dificuldades tem sido onde deixar os seus filhos”, lembrou Pereira. Para ela, há ainda discussões envolvendo a adaptação de estruturas das escolas para atender os protocolos, a questão da alimentação escolar, do transporte dos estudantes, que são problemas que os municípios terão que resolver, pois tudo isso sofreu com as mudanças ocorridas. Alguns municípios fizeram doações de kits de alimentação (em função da pandemia) – por exemplo – e agora terão que arcar com a merenda escolar.
A presidente da AMA ainda salientou que – na visão dela – os protocolos têm que ser pensado de forma a dividir os alunos por faixa etária, pois os estudos indicam que – na Educação Básica – o retorno só se daria entre alunos entre 5 e 14 anos. “Mas mesmo assim, ainda é muito precoce ainda. O correto seria aguardar por mais três semanas, no mínimo, para ver como a escala de positivados nas faixas etárias se comportam”, explicou.
“Todos os prefeitos possuem a autonomia para decisões conforme a reação dos municípios à pandemia. Então, cada caso precisa ser visto de forma individual até porque a situação financeira deve ser tratada dessa forma também. Cada escola terá que se adaptar (…), as secretarias de Educação estão solicitando os EPIs, pois é uma nova vida. As adaptações precisam ser pensadas individualmente”, salientou. Todavia, Pauline Pereira deixa claro que as decisões são pensadas na situação de cada município, mas que tem havido a articulação com os demais poderes e entre as próprias gestões municipais, sempre com a perspectiva do retorno em outubro.
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Foto: Assessoria