O Cada Minuto Entrevista desta semana conversou com o Pré-Candidato a prefeito de Maceió, pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e presidente do diretório estadual da sigla em Alagoas, Ricardo Barbosa, que afirmou durante que o partido “quer eleger prefeitos para reconquistar territórios”.

Barbosa pontuou que apesar dos territórios perdidos, devido ao desgaste político, o partido nunca conseguiu ser enterrado, como a direita sempre sonhou e salientou que está pronto para que nas eleições municipais, possam fortalecer a ideia do que as políticas sociais precisam ser a base do país.

Ainda durante a entrevista, Ricardo comentou sobre a conjuntura eleitoral na capital, onde ele deverá disputar a vaga ao Executivo Municipal e fez uma breve avaliação da gestão do atual prefeito Rui Palmeira (PSDB).

Confira a entrevista completa:

Por qual motivo o senhor aceitou o convite de entrar na disputa pela prefeitura de Maceió?

Pra responder isso, a gente volta um pouquinho mais atrás, no Início de 2019, depois das eleições de 2018. O PT de uma maneira geral, ele passou por um processo muito traumático, desde 2014, com a postura assumida pelo então candidato à época derrotado, Aécio Neves (PSDB), que não aceitou a derrota e começou uma campanha de não reconhecer o resultado eleitoral de 2014, que elegeu a presidenta Dilma.

Obviamente, setores que estavam muito interessados em deslegitimar uma candidatura petista que levou pela quarta vez, a vitória para a Presidência da República, se juntou a esse discurso e houve todo um processo que culminou com o impeachment da presidenta Dilma em 2016, a prisão do presidente Lula, na intenção de literalmente matar o partido. Não há como os interesses desse setor predominar num país onde tem o maior partido da esquerda da América Latina que é o PT, então acabar com o PT era estratégico, só que eles não conseguiram.

Em 2018, a gente foi para o segundo turno, quase ganhamos as eleições, em 2018 a gente elegeu a maior bancada de deputados e deputadas federais, nós elegemos a maior número de governadores, especialmente aqui no Nordeste, fomos vitoriosos na maioria das cidades e dos municípios do país. Então iniciou se aí, uma reconstrução de história de legado, então 2020 para o PT é um momento de a gente reafirmar e colocar a nossa bandeira novamente no nosso território.

O PT está lançando candidaturas próprias este ano em 24 capitais do país, das maiores cidades do país, temos candidaturas em 84 cidades, assim como aqui em Alagoas. O meu nome na disputa é fruto de um projeto do partido e não de um projeto pessoal. Estamos colocando o nome à disposição para fazer essa disputa de narrativa e não só disputar narrativa, mas de disputar efetivamente as prefeituras do país esse ano. A gente quer eleger prefeitos pra recomeçar reconquistar território.

Historicamente, o Partido dos Trabalhadores nunca conquistou o Executivo Municipal e nem o Estadual, mas sempre manteve uma boa relação com os gestores eleitos, a qual fator o senhor atribui isso?

A gente já tem uma boa relação com o Executivo aqui no âmbito do Estado de Alagoas, mas além dessa experiência que nós tivemos com a vice prefeitura do Ronaldo Lessa, de fato a gente nunca assumiu a cidade, por conta até mesmo da correlação de forças que sempre existiu.

A cidade de Maceió do ponto de vista de seu eleitorado, é uma cidade politicamente muito conservadora onde predomina muito ainda os interesses do setor mais conservador da sociedade, uma disputa difícil. Diferente de Recife, por exemplo, diferente de outras capitais. Aqui por exemplo em Maceió as candidaturas presidenciais de Lula e Dilma nunca ganharam as eleições aqui na capital, embora a gente tenha uma relação de parceria com o Governo do Estado já há um tempo, mas é uma relação de parceria bastante pragmática e pontual.

O PT já foi procurado por outros pré-candidatos na tentativa de aglutinar outras candidaturas?

Não só foi procurado, eu diria mais ainda, o PT procurou outros partidos, já tem um tempo, muito antes inclusive do início da discussão propriamente dita das alianças eleitorais, a gente sempre defendeu a necessidade dessa atual conjuntura política que a gente vive hoje no país da unidade no campo da esquerda democrática, do campo que se coloca de oposição no governo Bolsonaro.

Essa eleição, embora não seja municipal, vai ser mais uma eleição plebiscitária, vai ser mais uma eleição de disputa de narrativas, onde o campo da esquerda tem que procurar a unidade, não se explica uma eleição em 2020, nesse período de pandemia que a gente vive com a esquerda dividida. Infelizmente esse é o quadro que vai se daqui no âmbito da cidade, mas nós procuramos os partidos da esquerda nós procuramos o PC do B, o PSOL nós procuramos a UP, e todos esses partidos até aqui, fizeram um movimento tentando essa unidade, mas cada qual teve a sua justificativa para não unificar.

Essa junção das duas máquinas, prefeitura e estado, na busca pela administração da cidade provoca alguma desigualdade entre os candidatos?

Uma candidatura seja ela qual for o que tem a máquina apoiando sempre a candidatura favorita, pois obviamente tem a máquina, então é claro que o Alfredo ele virá como sendo não só a candidatura da prefeitura, como também a candidatura do governo e como uma candidatura forte. Entretanto, também é uma candidatura que carrega digamos assim, a mácula do governo atual, então obviamente eu não estou gostando de Maceió sendo administrada pelo Rui Palmeira, então isso vai recair obviamente na candidatura que tiver sendo apoiada pelo gestor.

Embora haja aí a máquina, mas essa eleição por ela inclusive ser uma eleição plebiscitária e de disputa de narrativa, isso terá uma importância sim, mas creio eu que quando se inicia propriamente o debate eleitoral isso vai ficar um tanto quanto minimizado.

Após mais de 10 anos no poder, o partido enfrentou sérios desgastes, acredita que isso traga uma imagem negativa para o desempenho eleitoral em Alagoas?

Olha, a pandemia ela veio pra sanar alguns pontos em aberto desse debate, ou seja, do que dizem que foram os erros do PT e os problemas que nós passamos. O partido ele pode ter cometido erros como qualquer ser humano comete, qualquer instituição ou entidade pode cometer, mas o grande acerto do PT, e é isso que nós queremos fazer o debate nessas eleições, foi porque o PT foi um partido que fortaleceu o estado de bem estar social. O PT foi um partido que enquanto esteve na Presidência da República fez política social voltada para os mais pobres e voltada para o povo.

Foi na implementação dessas políticas sociais que houve a partir do governo, inclusive do próprio Michel Temer, somado ao governo Bolsonaro, que a gente viu claramente da maneira mais trágica possível, com a pandemia, que era a política correta a ser adotada e que nós temos que voltar a adotar. A pandemia pegou o povo brasileiro sem condições até de lavar as mãos. A pandemia pegou o povo brasileiro sem condição de atender o chamado de ficar em casa porque muita gente não tem casa ou perderam suas casas.

Então a gente agora vai querer recuperar justamente esse debate, a gente vai trazer esse debate que se iniciou contra a gente a partir de 2014, culminando 2016, com a saída da presidenta Dilma. Nós vamos querer trazer de volta esse debate das eleições de 2020.

Como você avalia a gestão do atual prefeito Rui Palmeira?

Ruim. Vou dar um exemplo clássico, com uma notícia que eu vi e que circulou nas redes sociais, que é a retomada da requalificação dos moradores ali da beira da Lagoa. Desde o início da formação de Maceió que aquela população nunca foi olhada com dignidade, por nenhum gestor. Aí a gente traz para o Rui Palmeira, oito anos, mesmo com aquela promessa fantasiosa e mentirosa de Maceió de frente para a lagoa, que é um projeto imobiliário de alto alcance econômico voltado para um setor rico da sociedade que significaria tirar toda aquela população que mora ali na beira da lagoa e jogar em algum Pombal qualquer, como é acostumada a fazer a gestão do Palmeira.

Daí faltando quatro meses, ele anuncia que recebeu verba do governo Bolsonaro para requalificar e construir 1.577 casas para os moradores da beira da lagoa. Essa é a gestão do Rui Palmeira, é uma gestão fantasiosa mentirosa que não olha para o povo pobre.

Agora na pandemia a gestão foi silente. A gente não viu uma medida sequer do ponto de vista de geração de renda ou de auxílio para o povo de Maceió. Até um projeto que foi aprovado na Câmara de Vereadores de Maceió, foi vetado pelo prefeito, que foi um projeto de complementar o Auxílio Emergencial para atingir o salário mínimo, até isso ele não fez pelo contrário. É uma péssima gestão do Rui Palmeira, que eu espero que enfim termine.

CADA MINUTO

Foto: Maciel Rufino