O número de assassinatos entre LGBTI+ este ano em Alagoas já supera o total de casos registrados no ano passado. Ao todo, 2020 já contabiliza 13 mortes, mais de uma por mês. No ano passado o total chegou a nove assassinatos. Os dados são do Grupo Gay de Alagoas (GGAL) que reforça a preocupação com a escalada de casos.

Do total de assassinatos, dois casos foram de lésbicas e cinco mulheres trans entre os 13 casos. O presidente do Grupo Gay de Alagoas, Nildo Correia afirma que o número de agressões também vem disparando, foram mais de 317 denúncias de agressões físicas e verbais.

“Ano passado nós fechamos com 188 casos de agressões físicas e assassinatos foram nove. Este ano já são 13, mais de um por mês.

O crescimento preocupa a entidade, mas Nildo Correia destaca que limitações como a falta de continuidade nas denúncias impedem o cerco a esse tipo de crime.

“O Grupo Gay trabalha auxiliando as vítimas, oferecendo apoio jurídico e psicológico. Mas é muito complicado se trabalhar no combate a essa violência, porque na maioria dos casos, 95% dessas vítimas não querem nem fazer um B.O.”, pontua.

A Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh) não tem estatística sobre o assunto. Segundo o órgão, a atuação é voltada a políticas públicas e acompanhamento dos casos.

O titular da Superintendência de Políticas para os Direitos Humanos e a Igualdade Racial, Mirabel Alves Rocha afirma que o papel de Secretaria é fazer a interlocução.

“A Semudh faz a intermediação entre as demandas políticas e o que pode oferecer. Quando acontece um assassinato de uma pessoa da comunidade LGBT nós acompanhamos, nos colocamos à disposição da família para fazer os encaminhamentos necessários de Segurança Pública, indicamos para o Coletivo que faz esse acompanhamento, e fazemos o acompanhamento de cada caso. Ouvindo os familiares, porque as vezes as famílias não procuram as entidades”, afirma Maribel.

Para o gestor, um fato complicador é a propagação do discurso de ódio que vem sendo feita tanto pelas redes sociais quanto por esferas de poder.

“Temos em curso uma política que dá margem, abre espaço para esse tipo de comportamento e é aí onde a propagação do ódio ganha espaço”, enfatiza Alves.

Fonte: Tribuna Independente / Evellyn Pimentel

(Foto: Adailson Calheiros/arquivo)