A exemplo do que ocorreu logo após o tremor em março de 2018, em Maceió, mensagens apontando um suposto “desaparecimento” da cidade voltaram a circular nas redes sociais esta semana. A Tribuna Independente foi checar e constatou que não passa de mais uma notícia falsa.

Segundo a fake news, cerca de quinze bairros estariam “sobre a mina de Maceió” e correndo o risco de sumir. A mensagem cita ainda a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e um processo judicial envolvendo a petroquímica Braskem sobre isso.

Junto com o texto ainda circula um suposto documento, de fonte desconhecida, contendo um mapa e algumas inscrições e dados que são atribuídos a camadas de salgema existentes.

Dois especialistas em geologia consultados pela reportagem desmentem o boato. A geóloga e professora da Ufal Regla Massahud explica que o próprio teor da mensagem e a forma como foi divulgada já indicam o caráter enganoso.

Regla afirma que basta comparar as informações da interferometria divulgadas nos estudos do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) que mostram que só há movimentação na região dos quatro bairros. E que apesar da existência de falhas ser comum o que vai determinar o risco e a existência de movimentação, o que não ocorre em outras áreas além das já citadas e mapeadas por estudos.

Segundo Abel Marques Galindo, a camada de sal existente na região de Maceió está situada em até 400 metros da região da Avenida Fernandes Lima, no entanto, em proporções inviáveis para uma possível extração. Galindo afirma ser “impossível” que algo assim ocorra.

Procurada, a Braskem afirma que vem prestando todas as informações aos órgãos fiscalizados e aos órgãos que compõe o acordo de desocupação.

“A Braskem mantém contato constante com os moradores e comerciantes dos bairros atingidos pelo fenômeno geológico em Maceió. Além das reuniões com líderes comunitários, lives, anúncios na mídia local e do serviço de atendimento por meio do 0800 006 3029, com ligações gratuitas, a empresa divulga informações atualizadas sobre o Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação (PCF), ações de cuidados com os bairros, estudos realizados na região e fechamento de poços no site braskem.com.br/alagoas – específico sobre o tema. A Braskem também criou o canal Integra.mcz no Facebook, Instagram e Youtube, para os quais as pessoas podem enviar suas dúvidas sobre as ações da empresa. Os resultados dos estudos sobre o fenômeno geológico são compartilhados regularmente com as autoridades públicas, e os do PCF, com os signatários do acordo de desocupação. Além disso, uma equipe de assessoria de comunicação e imprensa atua diariamente com o intuito de manter a população permanentemente informada e combater as fake news, que só prejudicam a comunidade ao espalhar desinformação”, diz a empresa.
Fake news causam clima de terror na população

A circulação de notícias falsas tem sido uma constante desde o início do processo das rachaduras nos bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto. Em janeiro de 2019, a Tribuna Independente noticiou um áudio de um suposto alerta da Defesa Civil. A mensagem foi disparada durante o fim de semana entre grupos de moradores e ganhou proporção no bairro do Pinheiro, assustando moradores.

“Um suposto alerta da Defesa Civil circulou nas redes sociais durante o fim de semana e assustou moradores do bairro do Pinheiro em Maceió. O texto fala ‘em maior tragédia da América Latina’ e que haveria ‘um buraco de quilômetros por baixo do bairro do Pinheiro’, mas foi desmentida pela Defesa Civil Municipal, que a classificou como fake News”, informou a Tribuna Independente à época.

O Ministério Público Federal (MPF) tem realizado um trabalho de combate às fake news sobre o caso Pinheiro. O órgão vem veiculando diversos informativos no sentido de informar a população.

“Apesar do importante avanço que este instrumento [acordo] proporciona às famílias que possuem imóveis nas áreas de maior risco, sua complexidade e o fato do Termo de Acordo não contemplar todas as áreas atingidas tem sido alvo de muita desinformação, o que tem confundido a população, especialmente nas redes sociais. Assim o MPF tem compartilhado cards também pelas redes sociais, como meio de alcançar essa população e esclarecer pontos que são repetidos provavelmente por desconhecimento. Os primeiros cards são baseados numa das notas de esclarecimentos que precisamos enviar a veículos que publicaram informações equivocadas sobre o Termo de Acordo para Apoio na Desocupação das Áreas de Risco”, garante o órgão.

Fonte: Tribuna Independente / Evellyn Pimentel

(Foto: Edilson Omena)