A Candidata pela Unidade Popular (UP) à Prefeitura de Maceió, Lenilda Luna criticou, durante sabatina promovida pela Organização Arnon de Mello (OAM), a indenização paga pela Braskem às vítimas das falhas geológicas provocadas pela exploração de sal-gema. Ela afirmou que o repasse dos valores acordados está em atraso e muito aquém dos danos causados pela mineração.

“Os moradores viviam ali, há décadas, e tiveram as histórias destruídas. A indenização só cobre o valor de um imóvel e a empresa ainda se torna a proprietária. Logo, isso não corrige o problema. Além disso, ainda não se sabe a dimensão real do problema, levando-se em consideração que a área de risco cresceu, segundo o novo mapa apresentado. Não é possível que, ao longo de todos estes anos, não se soubesse dos riscos da mineração. Houve um silenciamento da situação e só se assumiu quando o cenário se tornou insustentável”, expôs a candidata.

Lenilda confirma ter propostas tidas como radical e diz não abrir mão da luta por uma sociedade mais justa e igualitária, sem, para isso, maquiar a realidade. “Radical é a fome que a população sofre na extrema pobreza, radical é o arroz com aumento de 50% no preço e que sai da mesa de milhões de brasileiros. Não abrimos mão de ser radicais numa proposta de organização coletiva, com o povo, sem a participação dos grandes empresários e da elite alagoana. Só podemos ter uma vida melhor se tivermos uma luta radical”.

A candidata explica que, por questões programáticas, a esquerda se dividiu nestas eleições municipais. Seriam vários pontos de vista na roda de discussão, que acabaram pulverizando as chapas. “A UP, por exemplo, sempre esteve aberta ao diálogo, mas os partidos têm as suas particularidades. E nós, como legenda nova e com uma estratégia bem definida, não poderíamos construir uma unidade artificial. As alianças devem existir com partidos sujeitos em torno de uma proposta”.

Na defesa do SUS, ela disse ser contra ao que chama de privatização da Saúde no Brasil, numa referência ao Governo Federal, que anunciou a intenção de firmar futuras parcerias a este segmento. Para Lenilda, a privatização só beneficia os investidores privados que investem nesta área. “Para os setores ricos, não interessa um SUS forte e gratuito ao povo que mais precisa. Devemos entender a Saúde, assim como a moradia e educação, como direito universal. Temos que fortalecer o SUS. Querem privatizar tudo para esconder o problema da ineficiência do Estado”.

Sabatina com a candidata Lenilda Luna
.

Sem citar nomes, a candidata criticou a atuação de um grupo de fascistas que, na opinião dela, dissemina o ódio, impede o direito das mulheres e trata a população da periferia com pulso firme. “Colocam botinas no pescoço dos periféricos, mas não pressionam os grandes corruptos que moram no Aldebaran. Atualmente, quando a polícia desce a grota não representa segurança, mas uma ameaça. E não falo dos bons policiais, mas aqueles que colocam as minorias como marginais”.

Ela admite ser oposição aos Governos e, caso seja eleita, disse que pretende cobrar das esferas o cumprimento da Constituição, que prevê a destinação de valores aos estados e municípios. “Viemos para esta eleição como uma alternativa autônoma e independente. É possível, sim, uma Maceió, com o povo no poder”.

Para a mobilidade urbana, a candidata propõe passe livre para desempregados e estudantes, indicando que há dinheiro para a implantação desta medida. Segundo ela, o Município deixa de cobrar das empresas de ônibus da capital o pagamento de R$ 26 milhões, referentes à outorga pelo serviço, concedida em 2015, quando a licitação foi realizada. “Também precisamos ampliar a oferta do transporte público coletivo, ter uma frota eficiente de maneira que incentive a população que tem carro a usar o ônibus como alternativa viável, rápida, segura e confortável”.

Lenilda ainda apresentou propostas para reciclagem, prometendo ampliar este serviço na capital; para a educação, aumentando o número de vagas em creches e adotando estratégias para exterminar o analfabetismo, que atinge mais de 10% dos maceioenses, a exemplo das brigadas educacionais. Também informou que pretende desapropriar imóveis que não cumprem ação social para transformá-los em moradias populares.

“Vamos regularizar o território. Atualmente, pessoas que vivem na Vila Emater estão em constantes ameaças. Além disso, teve a retirada absurda dos moradores da Vila dos Pescadores. O povo foi tratado como lixo urbano”, destacou.

PROGRAMAÇÃO

Nesta quinta-feira (29), a partir das 8h30, a TV Mar – canal 525 da NET/Claro – dá continuidade à sabatina com o candidato Josan Leite (Patriota). A série de entrevistas acontece até o dia 30 de outubro e é transmitida, simultaneamente, por três veículos da OAM.

Por Thiago Gomes | Portal Gazetaweb.com

FOTO: Reprodução